segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Sara da Dona Zelinda.

é que a sua pele parece ser tingida
de moreno místico
que hipnotiza meus olhos sedentos por diversão
e toda vez que a alça da sua blusinha cai
meu coração se enche de esperança
te descubro no tato
mesmo depois que o girassol morreu na minha janela
e você derrubou um copo de vodca com suco de uva no chão
ainda estou bem
deus opera milagres toda noite em mim
e sonho com seus seios derretidos em papel crepón
crianças bêbadas
altares incendiados e
Caetano Veloso beijando outro rapaz





terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Trinta e Cinco Centavos.

resgatei nossas sombras transando na parede
hoje há um girassol na minha janela
não respeitei seus sonhos de eternidade
eu disse que amores são passageiros
e te ensinei á embalar pó
sua ingenuidade ficou pelo caminho
conheci outras mas sem o seu carinho
tudo ficou meio vazio
mas nunca praguejei teu nome
fantasiei em segredo
com prostitutas e adolescentes
na sala
na cama
no meio da semana
sem tentar entender nada que me doía
me convencendo que o céu deixa tudo mais bonito
testei com a língua outras líbidos
e gozei no cabelo da Camila
tive medo de te esquecer
no final do ano passado
bebi demais e tomei um monte de bala
me comportei como uma criança down 
e dei vexame no natal
te procurei nas manchetes dos jornais
alguém me disse que era tarde demais e me faltou coragem pra assumir
não consegui chorar
desculpe querida
mas meu estado de graça
depende do crime e da quantidade de cachaça
só amor não me basta

sábado, 17 de dezembro de 2016

Nota de Dez.

você me mostrou um sol morto na palma de sua mão
o vento que espalhava as folhas na calçada
soprava teus cabelos também
depois do sexo
quando já era de noitinha
a chuva já não incomodava mais
pude ver seus olhos me cercando
todos os riscos
as dores esquecidas que ninguém fazia mais questão de lembrar
eu só queria ter alguém pra amar
e desobedecer meu instinto
esse bicho faminto que mora em mim
de todas as coisas infinitas na minha janela
você iluminava os minutos
e sorria de qualquer besteira que me contava
nessa nossa novela de melhores amigos
achei uma flor no teu umbigo
das minhas apostas perdidas
nas madrugadas de insônia
peço pra qualquer deus suicida
pra que você vá embora só quando for de dia
 outra vez

domingo, 11 de dezembro de 2016

Sombra na Calçada. Incêndio Dentro de Casa.

meu santo se enforcou
o seu eu nem sei
nos lugares românticos que ainda não fomos
das drogas que ainda não usamos
pensei em você e no jeito que seu olho muda de cor
mas ouvi sua banda preferida
e também pesquisei sobre seu signo e seu ascendente
invernei nos comprimidos de ecstasy
gozei na boca de outra garota
a noite apareceu cinza
choveu flores de seus olhos naquela foto
minha vida pareceu vazia diante das garrafas de vodca que bebi
é que espero uma armadilha do destino pra te encontrar
uma punhalada certeira no coração
e os clichês de todo amor
num novo tempo pra sorrir e namorar
e todas as outras coisas que o vento leva e traz
como um samba triste que só se canta bêbado

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Tangerina Azeda.

remontei minhas ilusões
domestiquei meus demônios
não me suicidei na lua nova
recolhi teus pedaços silenciosos
abandonados no guarda-roupa
mantive a dor em segredo
para crer num novo recomeço
aceitei outros amores
mas deixei o peito aberto
pra um dia te ouvir chegar de mansinho
espiando o tempo na janela
com amor hospedado nos olhos
a pele refletida no sol
esbanjando carisma, feitiço e mistério
meu desejo com o mesmo enredo vazio de pudor
continuo vadio
as alegorias usadas que você já conhece
os versos sujos
desenhando tua lembrança com o dedo
no box do banheiro
te esquecendo em doses mínimas
aos poucos
nas gotas de lsd
desatento troco teu nome
perdido no espelho
no choro escondido
no gozo incompreendido
das morenas que consolo
reparo brincos  e vestidos
deixo teu sorriso pra trás
trancado no quarto já não sonho mais

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Vespa Amarela.

como quando eu gastava toda minha grana
com droga e motel
e voltava pra casa como um cachorro
com o rabo no meio das pernas
antidepressivos não disfarçam o desespero
as vezes é como dar um gole pra criar coragem
foi assim no dia que enrolei a corda no pescoço
uma manhã de sexta
um mês em coma
não pedi ajuda
se tivesse pedido também não me escutariam
hoje os tempos são outros
e meu nome figura ainda em alguns processos
em algumas receitas de remédios controlados
esvaziaram os pneus da cadeira de rodas
é a mesma história de antes
nos letreiros luminosos dos enforcados
inventaram você para mim
pra te confundir
pra me consumir
minha confusão mental em noites claras
quando eu desapareço de mim  mesmo
e das mulheres
nos relâmpagos epiléticos
nos sonhos e nos beijos

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Tabuada do 7.

seu nome deveria estar em todos os meus boletins de ocorrência
pichado em cada boca de fumo que frequentei
em todo banheiro sujismundo dos botecos que eu ia
seu sorriso deveria estar estampado em todos papéis que tomei
desenhado com batom nos azulejos da cozinha
nos semáforos hipnóticos na rua daquela igreja evangélica
deus deveria acariciar seu sexo com a boca
sua carne deveria ser proibida na quaresma
do peito descoberto que eu espiava como um anjo rejeitado
sua malícia deveria ser passada de mãe pra filha
igual receita de bolo
e eu não deveria ter entregado
seus brincos
colares e
aquele seu óculos de sol
que tua amiga veio buscar aqui

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Vinte e Cinco Centavos.

da última vez você observava as roupas balançando no varal
num mormaço de domingo á tarde
enquanto eu enchia a cara
de uísque barato com gelo
aquela garrafa de vinte paus que cê comprou
antes de te contar sobre a Ellen
você era feliz
e gozava sempre por cima
merda
a gente se dava bem
da última vez você me deu um soco na cara e esqueceu uma calcinha preta pendurada atrás da porta do quarto
e eu já nem olhava mais pela janela
as noites passavam sorrindo
as manhãs eram cenas de cinema
nas putarias nos ouvidos de outras meninas
me peguei te esquecendo pra não sofrer
puta que pariu
fiquei devendo mil e quinhentos conto de cocaína numa biqueira
e quebrei um quarto de motel inteiro
com mais duas garotas
teve aquela vez que tentei atropelar teu novo namorado com um Vectra roubado
só pra você saber que eu ainda te amava
da última vez você me olhou dentro dos olhos e disse que me odiava
porra, você tava tão bonita que foi pecado te fazer chorar

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Cubo Mágico.

nos prazeres de meio-dia
quando se agradece á Oxóssi a fartura da mesa
e quase sem querer odeio cristo e minha mãe
ninguém sabe quantas vezes na semana desejo morrer
essa coisa doida dentro de minha cabeça
meu histórico suicida
dos erros
dos crimes
dos vícios
do céu laranjado
nuvens dançantes
dos traços raros na cara das meninas
sobre as cores e os corpos vivos no carnaval
a cachaça infame
as bundas de fora
quem nunca mijou na rua que atire a primeira pedra
Exu cochicha nos ouvidos
nas farras prolongadas
fornicando nas calçadas
meu tempo é ao contrário
meu gosto é pelo errado
já nasci brigado com o destino
procurando outra estação de rádio
esperando outros dias
descartando amores pelos próximos verões
obcecado por olhos doentes
de morenas distantes
com suas almas abertas pra novas loucuras
das doenças contemporâneas
enquanto eu escuto os sambas mais bonitos

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Disque Sexo.

vestida com as cores da noite
pomba-gira que faz malabares em cima do meu coração
bebericando no bico da garrafa
inventa moda
chora, mente, ri e goza
das estrelas mortas que vi no teu umbigo
madrugadas arrastadas devagarinho
pra lembrar teu jogo sujo
teu amor de brincadeira
meu vício
sou teu álibi
despreza meus poemas
me nega
e se entrega
pra outro
me liga depois das duas
pra transar e beber
me fascina
com esse teu jeito de vadia
já decorei o barulho do teu carro
teu cheiro e o gosto da tua boceta
e tuas histórias de " era uma vez"
já reconheço esses teus olhos vazios
cheios de nada
teu umbral é pequeno demais pra nós dois

sábado, 19 de novembro de 2016

Caloi 10.

você percebe meus disfarces
quando falamos de crime e amor
na mesa de um bar
de porre você é desejo
nessa boca que guarda o beijo
recusa cocaína e rela em mim
se entrega de bandeja no banheiro
um universo indecente em frente o espelho
prometo coisas que não poderei cumprir
saciado te  renego
você atriz
adormece em meu peito inválido
aparentemente feliz
nua
sonhando qualquer sonho feminino
tão perto de mim

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Agulha de Crochê.

se eu fosse o mesmo cara de antes
correndo da polícia
perdido em beiços e botecos noturnos
nas macumbas da cidade
que nunca pisava no freio
vestido de delírio e medo
bermuda e chinelo
sabotando semáforos
dos sambas enfeitados nas putarias dos banheiros
bebendo, brigando e sorrindo
se eu fosse o mesmo cara de antes
procurando teus olhos escuros
por ruas envenenadas
quando a boêmia morava em mim
das madrugadas sorrateiras
dos copos sempre cheios
das drogas puras
brincando com a lua
na malícia de toda morena
nos quartinhos quentes
sacudindo a alma
festejando as broncas
desperdiçando as manhãs com falsos beijos
no luxo das paixões vulgares
se eu fosse o mesmo cara de antes

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Blusa Vinho.

confessei meus pecados prum bêbado deitado na calçada
roubei sua pinga e o maço de cigarros que tava
no bolso de sua camisa
atravessei meu inferno descalço
mas o coma não me fodeu por inteiro
perdi amigos, mulheres e dinheiro
amores também
xinguei meus pais
e blasfemei quando disse que deus morreu com uma dúzia de pedras de crack no estômago
as vezes caio no banheiro
as vezes odeio sem querer
as vezes transo tardes inteiras
senti saudades no chuveiro
disfarcei choro com cerveja
prefiro algumas no pelo
pra esperar ansioso fevereiro
botar fogo nas lixeiras
e sodomizar gatas no cio
essa realidade é uma flor brutalmente bonita
como as cicatrizes nos meus pulsos
é preciso flertar com a vida pra se sentir vivo
enquanto o desespero não bater á porta
enquanto o pescoço estiver longe da corda
ainda há tempo

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Jorginho Perdido nas Drogas.

espreguiço de malícia
acostumado a beijar a lona tantas vezes
que hoje gozo no olho do universo
sem sentir remorso
é meio-dia em algum trio elétrico
e alguém interrompe seu ciclo menstrual
todos bebem em velório de diabo
aqui continua o mesmo saco
ás vezes penso em te ligar
pra saber dos seus gatos
seus cachorros
esse sol trata bem da sua pele
novembro é desespero
há fogos de artifício toda vez que vejo a bunda daquela crioula
nossos sonhos ainda estão guardados numa caixa de tênis embaixo da cama
seus segredos de controle remoto
que ninguém percebe
só eu
minha alma ainda esta secando
esticada no varal da vida
porra você era tão bonita
te amar é morrer aos poucos
uma doença sem cura
fatal e silenciosa
aqui na Boa Vista sua presença me assombra
pelos mesmos bares que costumávamos ir

sábado, 8 de outubro de 2016

Katarina.

queria te esquecer
e beber mais dezesseis cervejas
queria beijar a boca daquela garota que vi num bar
aquela com batom escuro
queria amar
mas minhas noites de sexo são esquecidas no meu edredom colorido
meus planos são plenos desenganos depois das quatro da manhã
e blefo com o destino
espero baladas do sino
queria uma filha e
um quilo de droga
um trago
uma flor
uma música com seu nome na rádio
queria testar seu sexo juvenil com minha boca
e mentir um sonho que tive á dias atrás
só pra negar que penso em você
queria ser fiel
como um cão
mas meu cio dura o ano inteiro
e histórias românticas já não me convencem mais
meus clichês são pesados demais pra garotas como você
deve haver qualquer coisa de bonito nas recaídas que eu tenho
afinal minhas ilusões são todas perdidas
hoje em dia quem se importa com a vida?

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Marmitéx.

toda janela me oferece um céu
umas gotas de ácido não faz mal a ninguém
pro olhar mestiço que me denuncia sem piedade
lembro das fodas sintéticas
charme de puta é diferente
as vezes viver é um sonho psicodélico
depende da droga
dos dramas pessoais
das mulheres e seus crimes passionais
nuvens anestesiadas na beira do meu olho
onde santas balançam suas tetas brancas na cara de deus
homens sempre sucumbem
mulheres são mulheres
isso já é o suficiente

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Folha de Boldo.

bendita primavera quente
as ex namoradas continuam lindas
amanhecidas em buquês dos seus novos amantes
pés descalços
peitos descobertos
morenas
sempre serão minhas morenas
qualquer coisa bonita de se olhar
manhosas
são tantas
fotografias guardadas em gavetas imaginárias
pra lembrar e
talvez até chorar
de saudade do cês

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Carretel.

mulheres de copo na mão sempre serão mais atraentes
suas canções preferidas embalam romances
em bares perdidos pela cidade
passei abril inteiro apaixonado
gastei dinheiro com flores e bombons
brinquei com sonhos e seios
Julia desistiu de mim
sua beleza morna e carente nos braços de outro
deixei escapar uns segredos
te pedi um milhão de beijos
e por pouco não disse " eu te amo"
mas a vida é breve como um semáforo amarelo
você passou por mim como um trator num jardim
bebi várias outras doses e vi o sol se pondo lá pelas seis e pouco
depois do horário de verão

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Jesus Nu.

entra pela porta porta sem bater
como um sol que invade minha janela
uma divindade bêbada em plena tarde
gastando a herança do pai
Maria Rita é o de repente
mais diaba do que gente
sem hora pra partir ou pra chegar
que mistura cachaça com coca-cola
que descobriu orgasmos  cavalgando em cima de mim
Maria Rita é uma história mal contada
uma cena de novela inacabada
noites de cocaína imaginando onde Maria estará
eu agonizo com a boca na tua teta direita
Maria Rita é um jogo de azar
desgraçando minha vida e rindo enquanto enfia dois dedos no meu rabo
me faz de gato e sapato
ignora o amor
não faz planos
esparramada na cama
Maria Rita é o chão cheio de confetes e serpentinas durante o carnaval
efêmera Maria
é o gosto amargo do ácido na ponta da minha língua

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Carlos Cunha da Ercília.

gosto do teu riso
do teu cabelo preto e liso
gosto da tua mão em mim
dos teus carinhos gratuitos
do silêncio dos teus olhos
gosto dos pelos loiros no teu cóccix
da sua bolsa cheia de tinta e beck
gosto de dormir do teu lado e
do cheiro da tua bunda
as vezes esqueço da Julia e da Isa e gosto de ficar pensando em você
no teu jeito
no teu peito
no teu corpo todo bordado com estampas místicas
gosto dos teus cochichos
e me declaro em segredo
sempre bêbado na frente do espelho
sou um kamikaze que gosta de você
e torço pra deus ouvir a reza dos adictos

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Galinha da Angola.

sussurrou seu feitiço de domingo no pé do meu ouvido
feito criança brincando descalça no quintal da casa da vó
eu barganho todo dia com o diabo
pra te causar desgosto
tropecei nos teus olhos floridos de primavera
e cai no teu abismo de dramas numa manhã de sábado
seus remédios caseiros pra minha tosse
na surpresa da luz acessa
achei teu corpo aberto pra mim
desenhou uma estrela azul de caneta bic na minha mão e me deu sua bunda pra eu lamber
se rende as minhas farras
os porres e os poemas pra outras garotas
estudei as minúcias da tua vagina
toda pele, curva, cheiro, sabor
todo sentimento que há ali
seus dias são inteiros
enquanto minhas noites são eternidade
e eu invento qualquer verdade que te faça sorrir

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Pau no Cu do Drummond.

por entre cores, ruas e luas
Jaqueline distorce minhas noites
com beijos calmos na minha boca torta
Jaqueline fez xixi na minha mão no banheiro de azulejos cor de rosa
e sorriu sem remorso meus fetiches
se o tempo parasse ás 4h da manhã eu estaria dentro de você
Jaqueline é um sonho de padaria
toda rabiscada enfeitando os lugares por onde passa
seu cheiro bom esquecido nos meus lençóis
fios do seu cabelo espalhados pelo piso branco
expondo todas as partes de seu corpo iluminado
queria contar de você pra Maria
ela diria que meu sangue é sujo
Jaqueline é um pôr do sol na janela do carro
linda com uma lata de cerveja na mão
do meu lado na minha cama ou num colchão jogado no chão
Jaqueline é uma estrela cadente nos meus braços
na realidade do gosto de seu sexo na minha língua
logo é carnaval nega

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Persiana Fértil.

talvez eu seja a porra de um pássaro de asas amputadas
sem poder sentir o céu
talvez eu seja um subversivo com a camisa suja de sangue
talvez eu seja deus
mutilando criancinhas inocentes
assassinando e estuprando Estamira
eu vi orgias atrás de botecos na zona leste
sirenes gritando no acaso das madrugadas
eu apanhei de homens fardados
filhos da puta broxas
eu gozei no salto alto da Stefanie e no cabelo da Lara
senti o suor das pessoas em carnavais de salão
alucinações de lança perfume
amei mulheres doentes
gostosas e esquizofrênicas
se eu fosse um bom filho
fiel, honesto e saudável
eu não estaria fodido no dia de hoje
eu trepei em saídas de emergência
com adolescentes depiladas e coloridas
universo violeta
fim de tarde laranjado
tudo é bonito por aqui
toda linha de trem tem alguém cheirando cola
eu sou o seu sonho pesado de depois do almoço
sou o fracasso dos 12 passos
uma Exu fêmea querendo foder com todo mundo
talvez eu seja a porra de um pássaro de asas amputadas
que não pode mais sentir o céu

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Pires, Jornais e Alpendres.

e se o céu desabasse
sobre a bichana sem roupas na minha sala
ninguém aprende nada com as ressacas
e esse cheiro de xota na minha cara?
foi em setembro que morri pela primeira vez
há glamour no suicídio?
fiz um pacto com as janelas
bebi pra caralho
fodi com tudo
sou a tragédia anunciada dos jovens de hoje em dia
dos assaltos, do tráfico de crack e cocaína
mas as garotas ainda são tão bonitas
nesse eterno recreio
de flores controversas
e sexo nas varandas
eu sorrio com a ajuda do ácido e aprecio bundas adulteradas pelas drogas sintéticas
sera que o verão vai demorar muito pra chegar?

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Miguel Doente Mental. (Titio te bate)

desconversa nos sinais amarelos
sua vontade de esquecer meu passado
faz charme em frente o espelho
no meu banheiro
empina os seios 
e finge acreditar nas mentiras que me obriga a dizer
suas paixões 
seus fogos de artifício
há mil mistérios sob a tua pele
vestindo o sol
é que gosto da Ellen e de você também
e sempre sorrio 
esqueço beijos por tantos lábios
mas é tão bom o cheiro do teu pescoço
quando o desejo incorpora na tua carne
e cochicha sacanagens em minha orelha
meu álibi é você
já sei de cor a profundidade do teu umbigo
a textura do seu ventre macio
o tamanho do teu grilo
desvirginando minhas manhãs
minha pomba-gira pagã 
fuçando minhas gavetas 
chorando, bebendo e trepando
entrando pela porta da cozinha
toda molhada de chuva

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Cada Cápsula Tem 1 Grama De Droga.

sua boca é uma pintura em seu rosto
queria te levar pra transar sob as estrelas
escorre seus beijos morenos
pra fornicar em seus pelos dourados
e fazer juras de amor com a cara em seu rabo
queria que a noite durasse mais
pra gozar dentro de sua alma meus crimes 
de quatro é um extravagante espetáculo da natureza
seus caminhos pro prazer
seu signo
sua erva
sua tatuagem inacabada
sua calcinha bege
seus carinhos 
queria te levar pra Bahia
morder tua bunda
seria fim de semana todo dia
seus olhos são doces e vermelhos demais
uma menina assim tão gentil e delicada
na minha cama que é promíscua, desarrumada 
falando enquanto dorme 
sussurrando pelos cantos
e espalhando mais cores do que um arco-íris


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Caramujos no Quintal.

decorei coxas, bundas e
sambas do Wilson Batista
brinquei minhas putarias de bermuda e chinelo
desrespeitei semáforos e familiares
festejei meu time campeão
quando precisei sai na mão
tantas noites só fui e nunca mais voltei
despercebido me fiz de coadjuvante atrás de dinheiro
vendendo droga na esquina
e chorei em seios aleatórios
promíscuo demais
vi deus vestido de mulher
ateando fogo no próprio corpo
me deitei com morenas de pelos grossos
musas clandestinas
eletrochoques na retina
Vênus, margaridas, Oxum's e jasmins
trepando em varandas escondidas do sol
pro sexo arder mais

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Sopro no Coração.

Nayara me aconteceu ano passado
uma paixão num porta-retrato
desafio o destino
pra encontrar teu peito revelado
e estudo tuas fotografias
quase te amo sem te ter
a fumaça acalma os sentidos de qualquer erro que eu faça
e meus dias passam lentos e vadios
com uma porção de garotas
que não são você
sinto ciúmes da madrugada que alisa teu cabelo preto
esperando só uma chance
pra te oferecer uma bandeja com todos meus pecados
pra te ver sapatear pelada no meu coração
e dividir as horas mais preciosas do sol
até depois do carnaval
na tua pele branca gozar de fogo um amor lilás
sempre bebo demais
e me apaixono sem querer
nos ponteiros do teu relógio
vou te espiar como um voyer
florescendo em baixo do mesmo lençol
anunciando futuras primaveras através dos teus olhos de girassol
                                                                                                  Nayara.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Canivete Suíço.

desconfio das brigas que arranjei por ai
dessa quentura que deixa teu corpo transparente
de sua calcinha de lado
do menino jesus
veadinho prodígio
de seu cabelo avoado
de você molhada de suor 
ditando suas regras 
gosto de você gostando de mulheres também
da sua preguiça de crer 
desconfio de seus olhos esfumaçados 
da baba cósmica de sua boceta
da ponta de teu dedo no meu dente quebrado
quando olho dentro do seu riso branco
é feitiço dentro de mim
pra fazer amor mais cedo
um punhado de florzinhas vermelhas e amarelas 
do jardim de casa
psicodélica e tropical 
cheirando a temporal 
de muita vaidade e pouco medo
moldada pelo sol refletida em orgasmos assanhados 
derramando seu prazer em minha língua

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Dia Branco Celeste.

coleciona bichinhos de pelúcia
fingiu mil orgasmos
pra gozar sozinha
no sofá de sua sala
de tardezinha
corpo de baralho marcado
só quem sabe blefar e roubar
tem direito de tocar
uma hora é Cleópatra
sem máscara é divina
Richthofen assassina
no espelho é estrela cadente
mestiça dissimulada
colorida t.v
uma mancha vermelha de batom
com dinheiro na bolsa e uma tarde inteira pra se divertir
uma baga da maconha do cdhu
um céu limpinho
e sua boca encarnada
com gosto de bala
em casa só fico de cueca e descalço
pra te ver brilhar de salto
doida de pó
vestida de noite vulgar

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Limão Galego.

desperdicei tua luz em manhãs quentes
quando tínhamos o verão inteiro só pra gente
agora ficou muito tarde
e nosso amor já virou bolor
deixo tudo assim
uma cartela de ácido e teu sorriso tatuado na minha alma
sua teta esquerda combina na minha boca
seu coração que não te deixa mais me amar
Larissa de pernas cruzadas na encruzilhada
me observando do avesso
constrangida com minha safadeza excessiva
sua beleza morena é subversiva
de saia de renda
bulindo com a primavera
indecente e molhada
agarrada no colo de seu carrasco
que te chupa por longas horas
vasculha seu intimo e te descabela
Larissa chiclete de menta
perfume barato
eu gosto do cheiro do seu cu
dos seus sonhos de adolescente
da sua pele marrom e do jeito que bateu a porta pra nunca mais voltar

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Julia R.

meus sonhos estão sendo velados lá
no cemitério da Ercília
das bundas que comi
bem na curva do tempo
sem amor
e cocaína em motéis xexelentos
espiei olhos vazios
sedentos de tesão
nos carnavais sombrios
até que a corda se apaixonou pelo meu pescoço
me abraçou tão forte
que quase me matou
transformei o sol numa moça morena
que entra sem pedir licença pela janela
e fornica com todo mundo
deus é uma cachorra prenha
com vontade de matar seus filhotes
as vezes o coração encolhe dentro do peito
sabe?
mas cerveja cura tudo
você botou fogo nos seus brinquedos
eu tava com o cu cheio de ácido
mas lembro de você fazendo xixi de porta aberta

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Poesia do Dente Quebrado.

ela só quer um amor sincero
um muro pra sujar de tinta
ela adoçou minha boca e a da Marina
de manhãzinha me fez carinho
todo samba bonito que escuto
toda menina linda que deita comigo
tem um pouco dela
no meu sonho tem nossa semente no seu umbigo
quantas luas derramadas na inocência dos seus seios
te falta malícia mulher
quantos desamores pra te fazer chorar
as vezes meu desejo é te amar
e porque não?
te ver pintando e
fumando
ela é feita de sonhos de látex
olhos sorridentes
um desenho silencioso
refletindo um céu colorido
uma tarde quente de domingo
e porque não?
                                   Jaqueline...

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Sua Janela Torta.

foram doze drinques
não muito mais que isso
esperei seu sorriso pra depois
a noite amansava seus cabelos arredios
da carne de tua boca
aos carros estacionados
em esquinas de pecados
te pedi um filho
fiz um pacto com a lua pra ficar mais um pouco dependurada sobre nós
uma porção de elogios te ofereci
imaginei suas minúcias
suas intimidades
seu banho, seu pranto
cólicas menstruais e afins
mas tua alma despida
é tão bonita
que tive medo da ressaca de outro dia
e te amei como minhas ex namoradas
caprichadas horas que passo do teu lado
nunca é muito
e é o tempo
que passa como o vento
nos pelinhos aparados da tua  xana
nossas histórias pra contar
sobre sua janela torta

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Onça Pintada.

mas você estava á espreita
atenta aos meus deslizes
em noites enfermas
debaixo do lençol virei tua presa
sangrando
abatido sou teu bicho
agora já não sonho mais com sua sombra preta
apenas desejo
ser teu banquete bêbado de novo
suas curvas serenas
sem agasalho
de violência delicada
corre calma como a madrugada
 e volta pro teu homem
suada
com meu cheiro em você
ninfa negra da boca de papel
escorregadia
não disfarça suas mentiras
se eu fosse mulher seria igual a você
te admiro em todos os ângulos
vestida de animal manso
sorrateira
armando tocaia
 tirando a saia
pronta pra dar o bote

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Da Vez Que Roubei Um Cavalo.

é esse tempo todo deformado
essas cicatrizes em meus pulsos
meus antecedentes criminais
o sexo indecente de ontem a tarde
depois do coma Anna me disse
que meu primeiro problema era a cocaína
e o segundo eram as mulheres
gosto do estrago
do dente quebrado
por causa de futebol
no meio fio da vida
brinquei de morrer na manhã de uma sexta-feira
nunca fui um cara calmo
nem li uma única linha dum salmo
o céu ainda me comove
minha mão única é na contra-mão
eu bebo
fumo
beijo e
blefo demais
orgias dos pares
lambendo xotas
misturando realidade e anedotas
o suicídio
foi meu castigo

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Laranja.

fez um pacto com o espelho
misterioso corpo moreno
se olha maravilhada
um altar no espaço
há um tambor em sua cintura
formosa e prematura
no seus seios calmos
eu sou feliz
só por algumas horas
sempre de tarde
minuciosa no jeito de me olhar
e de trepar
desmaia o sol sobre nós
e toda vez que você vem
o coração bate diferente
sem roupas você me convence
suada
espalha seu cheiro
pelos ares
e excita minha retina
sua pele cor de terra temperada
com sal e cerveja

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Joelho de Porco.

tinha um quilo da purinha
uns troco pra receber do corre de crack no centro
duas gata estressada afim de me dar
uns polícia na maldade de me grampear
festa no desmanche do Cigano
papo de haxixe, cerveja e boceta
um cano berrado no porta-luvas do carro
de bermuda e chinelo
com os moleque do 157
amizade de pivete
uma loira mandada atrás de problema
- no pelo não
dando uns puxo
boquete dentro do passat
a lua é uma vagabunda nua
lá no céu
nenhuma madrugada é santa
desabafa na esquina
nas brigas de bar ou de torcida
na camisa suja de sangue
dando boa noite pros mendigo
o asfalto é cruel
a peça na cintura não faz parte da fantasia
sem precisar de cristo
nem dos semáforos
filho de santo
crente que o Orixá protege
a bandidagem se reconhece
rendido aos pés de uma morena celestial
descobri o amor
malandro nenhum me avisou
mas na palma de sua mão sofri mais do que na mão dos cana

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Tio Rui.

garota preta que alisa o cabelo
divindade se olhando no espelho
nua não me mostra tudo
há sempre uma curva escondida
você é como uma toalha de mesa com estampa florida estendida no varal
tão bonita de se vê
sem disfarçar sua beleza
cavalga e agoniza
de pele negra
carne dura
sombras multiplicadas
ardida
psicopata 
me ameaça
feito um homem bomba em estado de graça
não chora de pirraça
sua matéria prima ilumina
beijos longos em tardes pequenas
sedenta
me atenta
de mini-saia
decotes
pedaço por pedaço do teu corpo escuro
fornica com meu futuro
você é uma bonita alegoria no altar dos santos negros


terça-feira, 26 de julho de 2016

Tio Didi.

Larissa tem o suíngue no olhar
e beija minha boca torta sem culpa
tetas esparramadas postas pra fora
sem pudores
insinua
sinuosa extrapola
negra enfeitada de cores primárias
comove meus vizinhos rebolando na calçada
Larissa celebra toda a sua indecência sexual
e trepa menstruada
frenética
exagera na cachaça
blefa com o céu
nos semáforos
com os sonhos
mas te amar pode ser indigesto
deixe meu dedo no seu reto
sorrindo e admitindo que eu não presto
decifrando minha fala
Larissa é um prisma colorido
boneca de porcelana pintada de marrom
no fim de tarde o sol se esconde atrás dos teus olhos

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Berço Ordinário.

janelas continuam sempre nos mesmos lugares
de vidro e aço
me oferecendo um céu
banquetes de cores premeditadas por um deus voyer
para ver seu corpo liso 
se enroscando no meu
bate punhetas apocalípticas 
e goza por uma deusa negra yorubá 
cicatrizes são espelhos refletindo o passado
na pele 
seu instinto
seu sexo de bicho
sangrando me procura
no cio 
no tapete da sala
na cama
não me ama
nem nunca me amará 
quem castigou as crianças deficientes?
espere madrugadas falantes
dançando seminua na melhor sombra do meu quarto
com a janela fechada pra te esconder de deus
                                         Larissa.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Pedro&Dora.

vi brilhar seu corpo vulgar
sob o edredom vermelho
sonhei um sonho derradeiro
como eu queria cheirar seus pelos
nas carícias que o tempo te fez
nas suas dobras
no seu tesão
manchando sua calcinha
o mel sagrado pelas suas coxas maduras
azedo tamarindo
escorre
me beija
mas não me deixa
em paz
sei da estrela tatuada bem perto do seu sexo festeiro
e reina soberana
de sandália ou de salto alto
seios de porcelana
mete o dedo na minha ferida
e sorri enquanto me castiga
guardo aquela foto tua com um turbante
sou o mesmo moleque vadio de antes
que bebe e trama
que sofre e também ama
compondo teus beiços sem rimas
sem ritmo
apenas poesias que te faço
de sonhos que tenho
exatamente igual quando passeávamos pelos bares
sem pressa de ir embora
procurando lugares escuros para mijar
esperando uma morte violenta ao teu lado
dentro de um táxi

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Nicolau&Bianca.

por mais que eu fumo
por mais que eu bebo
nos teus pés que eu peço arrego
quando você vinha sorrindo
amando
flertando e contando dos seus dias
e deixava tudo mais florido
mais intenso aqui dentro
suspirava em meu colo
eu vi a saudade chegar
na sua sombra arrastada pelas paredes
no seu cheiro bom
é a angústia de quem a ama
uma moldura perfeita
das tuas tetas
há restos teus por aqui
no teu medo do escuro
temperamento exagerado
teu tudo ou nada
as cicatrizes espalhadas pelo teu corpo
que vontade de beijar tua boca
finalmente honrar meu nome tatuado em tua bunda
e enroscar meu bigode nos teus pelos pubianos
é que te amo a mais de dois anos
todo mundo sabe

terça-feira, 12 de julho de 2016

Para Te Colorir Com Giz De Cera.

eu poderia inventar um amor
de flores azuis de papel crepom
pra esquecer lá fora a luz do dia
e beijar tua boca pintada de batom
tua lembrança não me deixa seguir
o tempo que me puni
infame
pra não te esquecer
seu nome escrito de canetinha na minha janela
sou eu que não tenho preguiça de transar
e de beber
nem medo de brigar
ou de morrer
mas sem você não dá
com duas bombas atômicas em meus olhos dissimulados
espalhando veneno pelas coxas de outras meninas
buscando semelhanças
com seu riso
emoldurado
tão quente e doce
entre seus dentes brancos
um céu contaminado com centenas de pipas
todas com cerol
á deslizar pelo meu pescoço
mas só sei falar de amor com você

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Insalubridade.

vou procurar essa coisa sem sentido
esse sentimento escondido
no teu corpo quente
de marchinhas de carnaval
do avesso
esse amor
ao contrário dos amores convencionais
esse amor que não passa na sessão da tarde
mas ainda arde
e como arde
como fumaça de uma bituca amassada num cinzeiro
no grosso do teu pelo
na sua cara pintada
mas eu sou seu vira-lata
que abana o rabo toda vez
só pra você me notar
nem todos os sonhos são perdidos
e amar ainda é tão bonito
pra manter nossos copos cheios
pra encontrar teu sorriso perdido
nas apostas de viver ou morrer
esperando te ver bem perto de mim
até a próxima semana

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Batom de Vó.

meus demônios estavam sãos
não pedi desculpas
o arrependimento é a espuma dos dias que escorre no seu copo de cerveja
não insisti
nem me redimi
a noite pesava fria nas minhas costas
você quer romance
eu gosto de problema
meu amor é um cadáver indigente
que só você conhece
não te peço paz
mas a luz dos postes são a luz dos olhos teus
a única intimidade foi seus dedos gelados segurando meu pau mijando
na rua como sempre
a Bianca continua uma puta
e você ta linda cabeluda
uma prece azeda de cu-de-burro
menina incendiada que estraga a festa
de sorriso ateu
sabe que é necessário se vingar
no nosso conto de fadas foi você quem mordeu minha maça envenenada
pois é
eu sei
toda vez que te vejo piscando
imagino um anjinho loiro de olhos azuis sendo atropelado na avenida
meus demônios estavam sóbrios ontem a noite

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Outras Doses.

ela diz que fui cruel demais
minha relação íntima com o diabo
não superei seu sorriso  ainda
gosto de lembrar de quando eramos felizes
e suas roupas enfeitavam nosso quarto
ela diz que nunca amei
que meus beijos foram cínicos
e me odeia sem querer
eu que só preciso olhar no fundo dos teus olhinhos
pra dizer que tudo é tanto por ela
que alguma coisa sua ainda ficou em mim
o amor é uma faca cega
riscando meu peito tatuado e criminoso
poderia te mandar flores e poemas
seria clichê pra te encantar
uma noite inteira pra te cantar
pintar seu rosto no meu espelho
mas ela não crê mais nos meus sonhos
se toda eternidade começa agora
me conta dos seus casos
seus segredos
sem sermos amigos
sem hora pra ir embora
te ver gozar dormindo
vamos tomar outro drinque?
só pra poder dizer que ainda te amo

sábado, 2 de julho de 2016

Tardes Repartidas ao Meio.

te procurei nos astros
nos búzios
nas bulas
nos seios
nos muros
nos lábios e nos copos de cerveja
te procurei nos sonhos
nas drogas
no futebol
um amor adiado
deixado pra depois
na fotografia do seu sorriso
na viagem de ácido
te procurei numa quarta-feira
no som místico dos atabaques
em motéis e puteiros
tantas vezes te procurei em meu quarto
de baixo da cama
com a tevê desligada
cego, surdo, mudo e sem sono
te procurei numa manhã com cheiro de café
incapaz de te esquecer
pra te falar que o pra sempre
pode ser muito pouco pra nós
te procurei com a porta da cozinha aberta
no sereno
de fogo
hipoglicêmico de pau mole
te procurei  em outros dias
e hoje também
agarrado ao verão te procurei
na triste despedida
te procurei na sua música preferida
e na sua silenciosa ida
pelos males que te causei
te procurei
                                                                 Para Jhenifer.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Flores Hipocondríacas.

você disse que nosso amor
foi uma das minhas mentiras mais bonitas
eu bebia enquanto te via chorar
queria qualquer droga química
ou uma janela aberta
pra distrair a noite
juro que tentei falar
mas teu amor é profano e eu
sempre bebo muito
escorria tinta dos seus olhos amargos
deus deve se divertir nessas madrugadas frias
insensatas
corrompidas pela cerveja
queria ser criança pra olhar pelo buraco da fechadura do teu quarto
gostaria de chorar do teu choro garota
compartilhar seu sofrimento
te vi pintando o quarto com lágrimas de neon
pra lembrar dessa cor do teu batom
e amanha ou depois te mando uma rosa
você vai saber que apenas meu pedido de desculpa
foi sincero

terça-feira, 28 de junho de 2016

Azul Mexido.

poderia te acompanhar
sua sombra 
seu sono
sua preguiça
como um moleque atrás de pipa
perdida 
lá no céu
pra te propor algum recomeço
e apanhar michiricas de baixo dos seus olhos
de cortinas sempre abertas
pra te ver chegar
com alguma bebida forte dentro da bolsa
pra não deixar seu sorriso desbotar
outra vez
mais perto
sempre bêbados 
te mostrando a lua 
escutando sambas antigos
como era antes
quando te via pintando as unhas
e sonhando com quintais de terra
gatos e filhos

sábado, 25 de junho de 2016

Prece de Liquidificador.

tantos sóis se passaram depois do teu
tantas chuvas pra poder te esquecer
muitos porres sem você por perto
em noites mal terminadas esqueci seu número
nas bocas que beijei por aqui
com mulheres que dormiram na nossa cama
e eu que te amo
porque te amar era a coisa mais provável a se fazer
e te perdi porque era necessário acontecer
quando um enorme rancor nos deixou distantes
e o inverno chegou
eu tomei conhaque com amigos
porra
onde sera que você ta?
não olhei pro céu ontem a noite
tentei lembrar teu cheiro
faz tempo que não choro
um resto de veneno que ainda tem em minhas veias
sem o seu sorriso pra iluminar
seu café pra te transformar em poesia
sem sua boca pra me mastigar
porra
onde sera que você ta?

terça-feira, 21 de junho de 2016

Azulejo Lilás.

imaginei teus lábios
num transe pagão
de fruta mordida
rente aos meus lábios devassos
ou nos da tua amiga bonita
é essa vontade que me acorda no meio da noite
toda hora pra te pedir um beijo
pouco tempo pra poder te amar
nas suas fotografias 
achei meu sorriso por acaso
nasci de noite 
a escuridão ancestral me remete ao açoite
pra te perder sem nunca ter te ganhado
não me preocupo com a eternidade
nem com ressacas sintéticas 
outro dia demora muito
te quero um pedaço ou te quero tudo
sua alma afogada numa manhã de junho
pra eu poder velar teu corpo ainda quente
e nu no meu lençol
seus olhos de manteiga
ou seus dedos no meu cu
te espero 
no colo de outras
te espero 
entupido de drogas
não te digo que te espero
te espero em silêncio

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Café&Conhaque.

seu sorriso esparramado
invadindo todos os cantos do meu quarto
entre seus dentes brancos
toda mulher quer um pouco de amor
seus rastros deixados em cima da cama
seu sexo tímido debaixo do chuveiro
dos seus desenhos escorrem tinta e esperma
seus copos misturados
nessas tardes aleijadas de café e conhaque
nos falta algo
um pedaço, um membro
um sentimento
trapaceando meus vícios, meus fetiches e minhas vontades
pagaria pra te ver transando com um travesti
minhas pupilas estão contaminadas de ácido
á margem da loucura
ninguém esta completamente são
você é quem gostaria de envenenar cristo
sou eu que te chupo enquanto te assisto
converse com seu psicologo
e deixe minha boca borrada com seu batom
de propósito
fotografa nossas trepadas
mas esconde a cara
debruçada no tempo ignorado
se esquece do relógio
e perde a hora de ir embora

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Dez Pras Quatro.

num pedaço de chão
seu riso frouxo
numa parte quente de minha mão
anunciando seus desastres pré menstruais
agora me ama
daqui á pouco já não ama mais
de blusinha e calcinha roxa
desliza sua alma inteira no meu pau mediano
eu lamento o md ruim da semana passada
e por não tocar samba nas rádios
me mostrou a hora de voltar
bem na hora de ir
eu também tava bêbado
mas auto-suficiente pra enfiar a cara no seu rabo
nas sombras quentes
sua boca é um enredo
um desmaio numa noite nova
se deus quiser eu morro cedo
caído na tentação do teu seio esquerdo
seu cheiro azedo eu reconheço
perdido noutra direção
longe
tão longe
agora me diga
quem precisa de razão pra viver?
assista sentada o apocalipse
vislumbrando um futuro brilhante
ao lado de seu noivo e de seu amante

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Bruno 155.

ninguém sentirá falta dos indigentes
pisando na própria sombra
em comunhão astral com lança-perfume
meu peito é uma janela aberta
aguardando o próximo verão
das loucuras do seu espelho
esperando permissão pra morrer
pra te engolir num único beijo
eu vejo como você ginga
seus calendários, suas orgias
uma estrela perdida na minha cama bagunçada
de olhos psicopatas
minha maneira de te cortejar
um sol pendurado na tua orelha
douradas bijuterias
passa semanas sem dar notícias
reaparece refeita
com novas drogas na bolsa
dizendo coisas sobre o choro encharcado que superou
cansada de enterrar tantos amores
apalpa os seios e culpa os homens
á vida
á falta de sorte
troca de músicas
testa novas posições
conta dos seus casos
gosto de você exatamente assim
feita de álcool e despudor
de incontáveis ressacas
crente que tudo vai passar
num relâmpago ou num sorriso
tudo passará

terça-feira, 31 de maio de 2016

Manga Rosa.

escorria luz pelas frestas do teu corpo
luminoso e entardecido
morada de amor e desespero
habitual á mulheres da sua idade
descrente da flor
sorri devaneios medíocres e
se agarra ao travesseiro
na tentativa de camuflar o seio
com uma antena parabólica na xoxota
e nova tatuagem na carne
endividada pela  eternidade
busca no horóscopo desculpas pra não se suicidar
estou na beira do seu caminho
recolho seus pedaços de ressaca e te dou carinho
acostumado a te esquecer
te fazer gozar nas suas horas vagas
folgas no meio da semana
ruminando um passado com o João
querendo saber se eu não me arrependo
nesse fim de festa
nessa tarde sem sol
foi você que esqueceu seu cheiro no meu lençol

sábado, 28 de maio de 2016

Da Noite em Que eu Deixei a Débora na Mata do Zeus Porque Ela Me Atacou Com Um Pedaço de Pau.

um sábado ensolarado de presente
umas mentiras bonitas
um ebó pra te amarrar
muita aguardente pra gente ficar contente
brincadeira de carnaval fora de hora
mijar na rua
olhando pra lua
teu corpo bordado no meu
depois que até deus virar  ateu
pra festejar um amor impossível
de nós
das bebidas quentes
das armas brancas
dos meus dentes quebrados por causa de futebol
temos talentos mulher
você tem peito, bunda e coxa
te compro uns milagres baratos
desses de esquina
seu beijo estampado no espelho do meu
banheiro
só se for com você
sem camisinha
gozar em frente a tevê
assistindo cine prive
inventaram um sonho com seu nome pra mim sonhar
as alegorias no seu sorriso
e uma mancha branca no meu coração

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Véspera de Feriado.

ouvi seus lamentos dramáticos
suas queixas sobre mim
a indigestão que antecede o fim
- me joga fora que na água do balde eu vou embora.
você não achou nenhum pingo de graça
nem haxixe ajudou
eu pelejei um pouco
tentei mentir
pra te fazer sorrir
pra compensar meus vacilos
suas unhas coloridas no corpo de alguém que te mereça
que seu amor prevaleça
desculpe por transforma nossa última foda em poesia
ta tudo bem
apesar da vontade sonora de beber que me dá
quando perco garotas assim
como você
engraçado você me xingar de Judas
também tive problemas com corda Ana
um sorriso escondido na sua boca
num beijo macio de despedida

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Porque Deus Coloca Crianças Em Cadeiras de Rodas?

pra ver seus lábios dançarem em palavras e sorrisos
disfarçada de platéia 
um domingo desmanchado nos seus sonhos de menina encantada
alguns porres pra te conhecer melhor
seus olhos pendurados na minha janela
e sua alma desatinada vagando por ai
te apresentar minhas histórias tortas, sujas e indiscretas
te levaria em todos os sambas dessa cidade com meus amigos e suas namoradas
flores escandalosas no seu almoço
um jeito de enganar o fim
e sua mão alcançaria meu pau debaixo da mesa
um jardim surreal semeado no seu umbigo
rosas prostitutas
tulipas pornográficas
orquídeas amorosas
seu corpo é tudo que cheira/rosa flor de laranjeira
já dizia Manuel Bandeira
despedaçados seus suspiros
suas músicas preferidas
toda janela é espacial
o hoje nunca acaba morena
nosso tempo deixado em cima dum balcão
se o amanha ainda nem existe
vamos torrar nossas heranças em feiras hippies
viagens
livros usados
drogas, cd's e esmolas

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Xangô Agodô.

botei o ouvido no seu seio esquerdo
pra ouvir seu coração
busquei no seu sexo a redenção
desperdicei tempo com a Ana, a Bia e com a Jéssica
vacilei demais em tardes efervescentes
desfiz de um amor violento
optei por garotas psicopatas
um mês em coma me castigou um bocado
a Maria Rita tem olhos salgados
os da Julia são amanteigados
olhos calmos de feriado
uma paixão sem hora marcada
uma perdição, uma boca á ser beijada
já me envolvi em tantas brigas que medo virou ficção
na contra-mão do amor
gozei na sua boca
é sempre a mesma história
um trago e um café pra te ver indo embora
ás vezes só queria ser o marido morto da dona Flor
mas seu mundo é cor-de-rosa de mais pra me entender Bruna

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Dona Santa.

sua sombra desesperada apalpando guias
sarjetas e lágrimas juvenis
a atração pelas virilhas, vaginas e cu depilados com cera quente
no vitro do banheiro iluminados cogumelos com leite condensado
corrompendo santos em terrenos baldios
oh linda garota que bate punhetas antes de sol se pôr
garota apertada
tão úmida e vulgar
anjos hermafroditas vigiando nossas mães
desvirando chinelos
convulsionando doses de conhaque
- deus é gay mamãe.
disse a criança suja de tinta guache
mulheres histéricas fumando cigarros baratos
anti-depressivos
novelas e tomates maduros
menopausa
flutuam seus pelos pubianos pelas navalhas cegas
com as cabeças nos trilhos do trem
duvidando da lua
maldizendo o cosmos
carícias obscenas no meu quarto
línguas hábeis nos meus bagos
beijo grego
ruas apagadas
respirando a solidão
- é o ácido.
nas orgias carregadas de álcool
nos fios de cabelos esquecidos no lençol
nas pias  abastecidas de psicotrópicos
charmosas prostitutas frenéticas ás 4 da manhã
- preciso de um amor de pele morena.
sonhos fodidos de março a julho
amantes lésbicas
doces trepadas
motéis vagabundos
overdoses de pó
- moças, moças e mais moças.
profecias pornográficas sob a luz vermelha de neon
hipoglicemia
um velho malandro cantarolando sambas antigos numa esquina do meu cérebro adulterado
Ogás nos atabaques
saias de renda, olhos vermelhos e sorrisos agradáveis
agulhas e Exu's
Jeová sentado sozinho no ônibus
- sexo anal sem camisinha, cerveja e maconha.
meus amigos trancados em presídios
"o homem é o lobo do homem "
duas semanas de beijos insanos
vimos o céu desmanchado em amor e glória
tetas lascivas e indecentes esfregadas na minha cara
Maria dengosa e seu irmão mendigo perdido pelas ruas de São Paulo
sou da geração dos menores infratores
cheiradores de cola
sem abraços ou agasalhos
sou a linha da pipa com cerol no seu pescoço
seu pai alcóolatra e agressivo
o câncer na sua próstata
o oposto, o contrário
o cão que come na sua mão
a adolescente reabilitada
a calma ressuscitada em passarinhos na janela
nas suas pernas eu sou o meio
sou o sol na hora do recreio
sangue seco grudado no meu adidas branco
- lembra?

                                        Para alguns amigos privados de liberdade, para as mulheres que ainda vou amar e para as que me odeiam, inclusive minha mãe.

sábado, 14 de maio de 2016

Pedra 90.

vontade de fazer mandinga
pra você ser minha
te levar pra Bahia
haxixe e cachaça todo dia
pra conhecer todos os cantos
do seu corpo
palmo á palmo
pelos, cabelos
o folclore do lado de trás dos seus olhos
brilhantes
olha que a noite enfeitiça morena
igual velha em novena
quero os segredos escondidos na sua penteadeira
te quero dançando, bebendo
amando
pra dividir com você o pão e os pecados
multiplicar alguns orgasmos
você sem roupas e colorida
descalça
temperada de suor
há tanto tempo você me tem
na palma da tua mão
malandragem é disfarçar intenção
pois é nega
minhas cicatrizes não são de faz-de-conta
essa é a graça de estar vivo
esperar seu sorriso batizado na minha imaginação
diz pro seu namorado que o carnaval é em fevereiro
mas quero você sem fantasia o ano inteiro

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Anú Branco.

passeava o tempo nas suas costas
sob a legitimidade dos teus prazeres ilícitos
palmeia os bolsos
á procura do que te falta
seu vicio é o espelho
menina no cio
flutua de tesão pelas amigas e
amigos
gotas de colírio nos seus olhos castanhos
chora de bruços na cama
procurei amor na tua vagina
em todos os pedaços de você
descobri que o te falta
me falta também
no banho mijei no seu  pé
seu orgulho oculto de me ver
quase dois meses sem beber
sua boca recheada de ecstasy
senti o sol, a terra
o tom da tua voz
seu beijo invadindo minha alma
mas o destino cortou nossas asas e
te colocou longe de mim
tenho seu sorriso cintilante guardado numa gaveta

terça-feira, 10 de maio de 2016

Paulinha. A Irmã Boneca.

pude ver seus sonhos atravessados
as cicatrizes rabiscadas no teu corpo oxigenado e pagão
noites escondidas nos seus dentes quentes
nesse jogo de espelhos
só vejo você
refletida em pequenas flores singulares
desenhos vivos pra seguir sua sombra
entre as paredes do teu quarto
é teu seio que pula
sua dança mística  seus ouvidos coloridos
faz preces de olhos vermelhos
e essas coisas do coração que ninguém entende
um amor e uma garrafa de aguardente
sabe como é
meus vícios são casos amorosos
no fogo das melodias ferventes
não nego nada
assumo tudo
pra te ver sorrindo novamente
numa manhã cinza
você acende o dia com um pecado digno de carnaval
estou preso numa gaiola
você é a notícia mais bonita do mundo lá fora

sábado, 7 de maio de 2016

Kátia e o Transplante de Coração.

você disse que eu tinha que domesticar meus desejos
perguntou meu signo
- touro tem esse lance de carne, de sexo mesmo
as vezes seu jeito de me enxergar
seus olhos fantasiados de festa junina
a gente viu um passarinho em cima da prateleira
te pedi um trago e
imaginei uma poesia se desenhando no seu seio
seu sorriso pregado nos ponteiros do meu relógio
é que você sempre demora pra voltar
e eu perco seu cheiro no cheiro de outras
minhas tardes são suspiros abafados com travesseiro
a obscenidade revelada no jogo de búzios que meu babalaô fez pra mim
o Orixá que me fez assim
uma queda por vestidos de renda e cangotes
pela sua pele
tua boca embrulhada pra presente
tem saudade do sábado
de coisas que não viu
pensa no resto dos seus sonhos
usando um algodão com acetona pra tirar o esmalte da
noite passada

domingo, 1 de maio de 2016

Aline Não Aceitou Jesus e Caiu Na Pinga.

persegui a fumaça do seu cigarro
amassei seu corpo dourado contra o meu
gaguejei qualquer putaria no teu ouvido
caprichei no oral
flertei tantas vezes com a morte
que a vida já virou brincadeira
você Oxum menina
devota de N. S. de Aparecida
uma joia na caixinha de música
no seu vestidinho lilás tem um rio
doces águas
de fé,, sexo  e milagres fio dental
sua boca emancipada
chega precipitado o céu
pra ver os beijos do seu lábio de mel
seios morenos
anda pra lá e pra cá
uma princesa yorúba
nua
meu quarto inteiro
é seu reino
e as horas parecem vazias
sem você por aqui

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Café de Consultório.

depois dos desacertos que levei do primeiro mês em coma
vaginas, andadores, ácido e cadeira de rodas
a emoção dos primeiros assaltos
vidas engatilhadas
briga de facas na escola
todo mundo sabe o quanto eu me fodi por causa de mulher e cocaína
bonecas amputadas
menstruações atrasadas
filmes nacionais com cachaça
a sobriedade falsificada
ninguém é feliz numa clínica de recuperação
desde os quatro tiros que dei naquele são-paulino
8, nove anos atrás
remorso se tornou sentimento deselegante
num golf roubado as coisas parecem ser boas
 duzentas e cinquenta gramas de pó
estrategicamente escondidas num mocó
auto de data pro crime
cortejando vadias
suicidas pensam em venenos ou revólveres
eu busquei a corda pela estética da cara roxa
igual minha vizinha da rua Tocantis

terça-feira, 26 de abril de 2016

Papel Toalha.

pra enfiar meu dedo torto em você
te ver beijar outra menina
adoçada com adoçante
se mostrando 
quando cê vem
vem sempre diferente
seus traços entoxicados
sal, limão e tequila
Carolina Herrera
ouço os relatos dos seus dias
quando menstruou
onde foi
que roupa usou
desdenha da minha barba grande
num feriado de quarta -feira
bota sua língua na minha boca
me beija
na solenidade do seu boquete
fita meus olhos
e despeja uma gota do seu veneno
- cachorro.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Bar & Lanchonete Pavão.

pouco antes da Bia voar pra Europa
eu rodei vendendo crack na rodoviária
com a mesma simpatia dum samba antigo
engoli vinte e uma pedras
e fui sorrindo dentro da viatura
posei numa cela da delegacia
depois de apanhar um pouco e assinar um 16
meu carisma envenenado
de quem completava dezoito anos naquele dia
de baixo de alguma sombra poluída e
com 210 reais em droga no meu estômago
perdido dançando forró no escuro
resolvi voltar pros assaltos depois de vomitar
conheci duas garotas de programa
e fiz um menage com a Bia e a Iara pouco antes dela ir pra Europa
um tempo depois eu tava nos fundos dum boteco
comendo churrasco, bebendo cerveja e vendo jogo de futebol
uma pretinha deu um disparo acidental que passou de raspão na minha barriga
lembrei do terreiro de Umbanda da minha tia Rai
comi um pedaço de carne e agradeci
ela engravidou de alguém e virou crente depois
de ter chupado meio mundo
inclusive eu
encontrou jesus e se regenerou
mas aposto que ela ainda sonha com pintos duros
deus não vê siriricas em baixo das cobertas
todo mundo já mijou em árvores
somos cachorros correndo atrás de carros

terça-feira, 19 de abril de 2016

Bar do Magrão.

vi uma primavera inteirinha
decaída no mel dos seus olhos
coloridos de sacanagem
mensagens subliminares
entre suas coxas de veludo
um Exu escondido na tua boceta
antes das seis da tarde
morro de overdose e saudade
como o tempo que alisa teus pelos
seu espelho que tem a sua cara
e as tardes inacabadas
com o cheiro do seu perfume
coisas celestiais e paradas cardíacas
um pouco do seu sangue no meu pulmão
um buquê de flores envenenadas na palma da sua mão
e setenta e sete beijos que saem da tua boca
o amor é uma velha encardida fumando cigarro na varanda
e nós estamos em abril
a intimidade com a dor é só pra quem já sentiu
a realidade dos seus escândalos me convencem
por essas e outras nunca te chamei pra ir ao cinema
mulheres iguais a você precisam de mais
muito mais

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Essa Julia...

olhe as pombas em cima do muro
do lado de lá da janela
a nudez desse céu 
todinho pintado de azul
é verão o ano inteiro
essa Julia diz que queria estar morta
e não me responde mais
sera que se matou?
suicídios não combinam com dias quentes 
nem com morenas bonitas como ela
o dia é fetiche da noite
tantas flores perdidas por ai
nesses descaminhos 
eu não vi a Marcela desde que ela saiu da cadeia
se a Julia morrer eu me mato também
minhas piadinhas são cretinas
eu sei 
meu bigode cheira á café
preciso cheirar a Julia antes que qualquer merda aconteça
já disse que suicídios não combinam com dias quentes
nem com morenas bonitas como ela...

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Fulô.

não fugi dos teus olhos sonsos
prometi meia-dúzia de besteiras
antes do jogo acabar
e vi um girassol na tua bunda
o vento morno do ventilador
depois da chuveirada 
sair pingando do banheiro pra secar no meu colo
cheirando á terra molhada
em plena estiagem de minh'alma 
suas cores, seus medos e amores
seus dramas, brincos esquecidos e colares
me beija morena beija-flor
tão fértil e bonita
pronta pra me dar uma filha
na complexidade do teu signo
gozei aos 45 do segundo tempo
corrompido pela tarde quente e
pelas suas tetas na minha cara
minha violência é efêmera
minhas paixões também
das nossas inconfidências amorosas
o que nos resta é apenas o sexo com cerveja e futebol

sábado, 9 de abril de 2016

O Espelho que Beijava a Puta.

outra bituca no cinzeiro
sua fé de álbum de figurinhas
deus morreu atropelado por um caminhão
na BR 153
te enganaram moça bonita
hoje não vou sair de casa e
amanha tem jogo
vou chamar a Jaque pra vir pra cá
a vida é doce igual pinga com coca
sua paixão por um médico cubano
seu orgasmo nas preliminares
seus bicos marrons
essa coisa de ir embora mais atraente
do que quando chegou
carinhos mal-intencionados
sou um fodido
seu cabelo tem um cheiro bom
se não houver mais talvez
e meus porres cessarem
a maneira do tempo passar quando
a gente ta junto
confundo seu sorriso com a janela aberta
misturada com álcool e pouca vergonha na cara
me deixa jogado na cama antes da minha mãe chegar
desaparece junto com o sol
a noitinha em mim

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Vânia Cretina.

Ellen é o de repente
desvairada
cheirando  a sexo numa tarde quente
o jeito de se mover na cama
indisciplinada
o tesão exposto no ventre melado
Ellen é uma diaba morena
diz que as mulheres que me conhecem nunca irão me namorar
desgraçada
debocha do meu desabafo
adora uma linguada no rabo
mas não vale uma picada de fumo
não entende porra nenhuma de poesia
mas veio buscar um três oitão que tava aqui em casa
de cabelo preto
ri do meu pau mole
Ellen esbanja carnes, curvas e cores
Ellen sabe que não somos inocentes
de fato as trepadas ainda são boas
e tenta me convencer a pegar 1kg de pó pra vender
reclama do cd do Mundo Livre S/A
Ellen é filha de bandido
usa um Mizzuno colorido
deixa eu gozar em sua boca
Ellen tem olhos de criança desobediente

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Segundo Ano.

vi o sol lambendo sua pele
a sonoridade dos seus sonhos
depois que eu ejaculei no teu umbigo
você riu e perguntou; - um filho?
eu disse;  -  vamo pro Recife?
no mormaço
fica bom seu abraço
pra enfeitar meus excessos
cachaça, maconha e sexo
ponteiros nas horas
persianas dos amanhãs
faz muito tempo desde ontem que passou
quando te conheci era tarde da noite
uma cerveja, dois beijos de boca
e sua mão encontrou meu pau
as cenas desse filme quente
seu cheiro no meu travesseiro
esqueci seu nome pela manhã
estudante de psicologia
trepa direitinho
esfriou meu café
deu bom dia pra vaca da minha mãe
e picou a mula educadamente

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Das Treze e Meia ás Dezesseis Horas.

não Bruna
eu não me importo se você esqueceu de se raspar
pra vir me ver
não me importo pra quem você deu
no domingo
nem com a crise no
nosso país
sua boca anda ensolarada
não me importo se você deu um nó na
camisinha antes de jogar
fora
o cheiro do seu cu ficou na minha cara depois que você foi
embora
não me importo com a sua irmã que
não gosta de mim
você fica tão linda bronzeada
uma obra esquizofrênica do Bispo do Rosário
que se impressiona com os tons de azul no meu lençol
desde os 14 não sou mais réu primário
não me importo se a porra do mundo acabar
enquanto a gente transa ouvindo
Jorge Ben
me abraça no calor
de sexta á tarde e conta mentiras
no pé do meu ouvido
flerta com as estações do ano
ciente que te prefiro nos dias de sol
soada e quente
das treze e meia ás dezesseis horas

terça-feira, 29 de março de 2016

Mais Uma Por Favor Chefia.

seu corpo de beira de piscina
Maria Rita amadurece desbotada
sem estampas floridas
na casualidade do nosso sexo
me invade radiante de tesão
e nua
procura baganas dentro da bolsa
Maria Rita é uma sombra enorme
e radioativa
me beija viciada
me pergunta da Jheni
me pergunta da empregada
desperdiça seus chamegos
e me olha
com olhos de cigana
prestes á descobrir todas
as merdas que faço
Maria Rita parece essas tardes de sol e chuva
que ninguém entende
Maria Rita ta sempre de passagem
de propósito
pra fazer doer de saudade
juntar seus pedaços
e clamar por mais
te guardar sem nenhuma lembrancinha
na memória sorridente dum choro de cavaquinho
mil poemas com os esboços que fiz de
Maria Rita

quarta-feira, 23 de março de 2016

O Câncer da Francisca.

porra
nunca fui pacífico
minhas mandingas são atentados
terroristas
o sexo é contravenção
não peço benção pra cristo
a euforia dos tragos
antigamente era roubo de carros
vadias dissimuladas em desmanches
violentos jogos de futebol
essas fita de embala droga em motel
boquetes
boi é toalete
157
chora o sal do próprio corpo
essa merda é uma piscina rasa
flutuam policias e socos na boca do estômago
o ódio prospera naturalmente
cocaína e um bom negócio
pra quem não usa
dois tiro pra ela tirar a blusa
e o crime é assunto de bar
cultura  exclusiva de periferia
onde não se tem tevês de plasma
carro novo
empregada doméstica
o revólver embeleza a estética
i podh
peita de marca
mas a vingança é o crack
que não faz distinção entre pobre e rico
logo seus filhos aparecem no corre duns pino
e o cheiro de bosta vai invadi prédios e condomínios de luxo
nosso anzol tem a isca do vício
é fácil fala da quebrada com todos móveis na sala
e eu?
eu ainda sou o vilão
que ainda transa com várias burguesa gostosa
andando de andador ou numa cadeira de rodas
que eu posso fazer se a
corda
arrebentou

terça-feira, 22 de março de 2016

Milagre de Lata de Sardinha.

nesse eterno cine privê
vi seu rosto por aí
bem na porta do meu banheiro
pude ver
seus pelos descoloridos
de água oxigenada
se sua mesa é sempre farta
vergonha na sua cara é o que falta
de fim de semana afunda o
nariz e
me manda mensagem de madrugada
travada
disposta á me amar até numa uti
diz que só ando com puta e
bandido
drogada você é mais legal
uma overdose cairia bem com
seu novo vestido
e eu tenho bons contatos e
clientes
e parentes
não confie num Judas
"amante de putas"
que bebe cerveja e conhaque
dropa uns doce com manguaça
cada um é responsável pela ressaca conquistada

domingo, 20 de março de 2016

Lígia.

na minha cama
te mostrei a sinceridade dos meus vícios
blefei com teu seio direito
a janela pornograficamente aberta
essas coisas de suicida 
o que sobrou de mim
são só estilhaços
todo meu desejo pelo avesso
na moldura da tua boca
das brigas de bar, de rua ou de futebol
você viu 
as cicatrizes e os dentes quebrados
em noites vagabundas e seus retalhos
ilustrei minhas bebedeiras
ignorei as saideiras
pra cheirar seu rabo igual os cachorros fazem
em dias menstruados
que aprendi a te fazer gozar
e a chorar pelas esquinas
a verdade Lígia é que eu entendo sua mágoa
talvez seja melhor voltar pro seu vibrador
ou pra pica enorme do seu ex
namorado

sexta-feira, 18 de março de 2016

Beijo de Boca.

como a tempestade que vai
uma ressaca de pó
ela é
uma crônica real
um sol preso numa gaiola
que me atentou sem calcinha
e deixou fios de cabelo
espalhados pela cama
morena indomável
gritando pelos muros
deixou minha madrugada mais bonita
e eu mais bêbado pelos seus olhos de canábis
despertei na sua carne
e um trinta e oito escondido na gaveta de cuecas
garotas como ela
costumam deixar reis de quatro
escandaliza as paredes do meu quarto
explícita com a camisa levantada
meus sonhos são viagens de lança-perfume
e você
foi feita pra ser tomada quente

quinta-feira, 17 de março de 2016

Ana e o Menininho.

baila no inferno
na missa dos prazeres
cúmplice de pecados
a preguiça no seu sorriso cor de meio dia
no estado de graça que eu deixava seu clítoris  
somos promíscuos negona
infiéis por natureza
seu veneno despejado em outros paus
eu sei do seu talento
continuo obcecado pelos astros
pelo sol, pela lua
e pelas mulheres
somos de barro minha menina
tua cara lavada de onça pintada
suas siriricas no meio da tarde
mas a vida é um negócio de fazer
de mexer
de errar
você gosta dos vira-latas
e deve se odiar por ter tatuado meu nome
no seu rabo
me divirto só com um pedaço de céu
desenhado na janela do meu quarto
mas tudo bem
tudo que é belo é vulgar
e eu só não soube te amar
não me difame por isso

segunda-feira, 14 de março de 2016

Pique a Ceci do Noel.

amanheci com tua libido
na ponta do meu dedo
seu sorriso ao relento
no cheiro da tua nuca
espreguicei de cueca
nos beijos etílicos que cê me dava
fornica com seu próprio desespero
na intimidade dum espelho
planeja o suicídio
e vai embora sem se despedir de mim
quando a noite brinca com o dia
eu sempre bebo de mais
sou o morto que viveu
o maldito milagre de deus
nos mesmos crimes
impune e
você é uma estrela comprada
com dinheiro do tráfico de cocaína
é que fica difícil saber o que teu corpo esconde
numa madrugada quente de verão
teus vestígios ainda estão no meu lençol
sua carne chamuscada pelo sol
pra te tomar em goles amargos de destilado
nesse seu sotaque arrastado
dormir de fogo de novo
ao teu lado

sábado, 12 de março de 2016

Suja de Tinta.

Jaqueline limpa minha boca com as mãos
transita sua liberdade em muros grafitados
e me sorri com o olhar
Jaqueline gosta de garotos, de maconha
e de garotas também
de traços delicados
sua boceta é doce
seu tempo é outro
seu corpo é morno
sussurra na minha insônia
morena desabrochada
uma rosa
uma primavera misteriosa
um samba prematuro
um eclipse equivocado
uma estrela solta no céu

quinta-feira, 10 de março de 2016

Comida de Santo.

sentada no meio
fio da vida
suas lágrimas dão samba
convulsiona em frente o espelho
dispensa homens e bitucas de cigarro
tropeça na própria sombra
sua pele dourada de sol e lama
se despede antes das quatro da manhã
sem pressa
sem últimos goles
brilha cega de vaidade
é tudo sobre o absurdo do teu beijo
e a morenice dos seus olhos
afogada na janela
olhando pra lua
delirando um grande amor
sob efeito de qualquer droga
num monólogo consciente
sente prazer com os próprios dedos
e goza estrelinhas
sempre sozinha

segunda-feira, 7 de março de 2016

Entre o Muro e o Teto Tem Um Céu.

a gente carrega um inferno
dentro da gente
e deus é uma adolescente problemática
que fuma erva escondida no banheiro
da escola
a morte antes dos trinta tem um certo glamour
você bebendo vodca
vestindo minha camisa cavada
descalça
você é  uma música alta
é o dia lá fora
olhos macios
crônicas infantis
o veneno que matou todos os gatos da minha rua
o gargalo da garrafa que usei pra retalhar o rosto dum cara
na Murchid Homsi
o caos nessa sua boceta
violência na silhueta
se os outros censuram o lirismo dos seus porres
eu te prefiro bêbada
amando ao contrário
com um satélite enfiado no cu
esperneia minha boneca vodu
enfeitando minhas tardes
como os imãs coloridos na geladeira
bolo de fubá
e camisinha sabor chocolate

quinta-feira, 3 de março de 2016

Bala Chita.

fazendo graça
com o cabelo amarrado
rabo de cavalo
sorrindo
com o nome na boca do sapo
elogios indecentes
sussurros obscenos
nos seus olhos rasos d'água
de cara lavada
amar é bom
só longe de casa
te analiso de quatro
tiro o pau e
passo a língua
sua moldura escandalosa
suas curvas em declínio
a carne clama por mais
tudo é muito pouco numa tarde de verão

terça-feira, 1 de março de 2016

Jugular.

ela tem a alma enterrada
na beira dum rio
cheirosa que nem flor
do campo
desabrocha num abismo de preces
nas novenas esquecidas
parece canto de pássaro 
que a gente não sabe o nome
esses bicho que vive embrenhado no mato
que por onde passa
deixa rastro
de pelos ouriçados
não esconde a líbido
e goza na boca do inimigo
flerta com a noite
sem ser domesticada
brinca com o açoite
venta no seu cabelo preto
suas lágrimas tem cheiro de terra molhada

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Um Quarto.

no seu cangote moreno
ilustrei fantasias
falsifiquei algumas juras
pra você ficar mais um pouquinho
seu sorriso folgado
e essas chuvas de verão
seu corpo derramado no meu
um número ímpar no seu umbigo
no pé da cama seu vestido florido
seus contornos eu decorei
temporais repetidos
baseados amassados e
a garrafa de cachaça escondida no mesmo lugar
seus traços
foram desenhados pelo acaso
ó nega dias nublados me lembram você
salgado é o gosto da saudade
perdão...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Meio Metro de Massa.

a noite que começa de
azul escuro
o céu é pura viagem de ácido
e a mão de deus que não me toca
de pés descalços
ensaio novos pecados
pra te dizer com a boca torta e fluorescente 
coisas sobre meu 
sexo psicodélico 
e sei que coração de mulher 
bate diferente
dança o ventre a revolta insurgente
na delicadeza das madrugadas de calor
brilha meu peito traidor
as alegorias do seu corpo nu
da cachoeira nos teus olhos
lágrimas que antecedem o fim
os carinhos que seu sorriso me faz
adiando sermões
com cigarro na mão
no contra-tempo do samba
esse seu jeito gostoso de demorar
passos de constelação
suas estrelas jogadas num pano preto
na noite que começa de
azul escuro

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Salada de Beterraba.

eu vi sua sombra debruçada
adoecida
vulnerável e delicada
sua dor é transparente querida
suas lágrimas sambam
á olho nu
suas mentiras são recicladas
meu carnaval é um Exu fantasiado de mulher
eu vi um céu enfeitado de cores erradas
no céu da sua boca
e sua boneca preferida é muda minha menina
seus minutos já não passam como antigamente
seu astral não anda bem
novela é chato
suas roupas estão espalhadas por ai
eu vi meia garrafa de vodca
que você deixou pra trás
brincando com as estrelas de madrugada
sorrindo seu sorriso sintético
fingindo ler minha mão esquerda
e adivinhando meus segredos
mais sujos

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Botijão de Gás.

quando os pecados são comprados
o ano todo se torna fevereiro
é fácil ser feliz com o cu cheio de
álcool e drogas
a realidade salta das pálpebras
nem meus sonhos são calmos
o precipício é logo ali
no beijo das mulheres ordinárias
Cleópatra's do avesso
violência lírica
de capa de revista
briga de faca e
camisinha usada
meu nome ainda está nos muros da cidade
apresentações em carne viva
das farras no meu quarto
escute as conversas das rosas da vizinha
enquanto a madrugada berra lá fora
aqui dentro o sol fornica com
todos nós
silencio apenas
meus vícios
janelas são testemunhas indiscretas
abertas são obras de arte
nos meus olhos pintados de lsd

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Um Desamor e Mil Por Favores.

procurei sua sombra na minha parede
noutras quartas-feiras te procurei
no sal no seu corpo
na cicatriz no seu joelho
não te achei
te vi passando
como as horas pingadas
você passou
de propósito não me olhou
ensaiei minhas desculpas num cartão musical
minhas vontades são muitas
minha carne é de papel
meu sangue é promíscuo
refletido nos seus olhinhos de prostituta bêbada
conheço seu jeito indecente, vulgar
de me crucificar
com o dedo na minha bunda
escondendo tudo que me dói
seus casos
suas paixões
eu sei
coisas sobre seu corpo desvendei
as vezes penso que ainda te amo
outras apenas desejo ainda te amar
eu te falei que deus nunca conversou comigo
naquela noite que você acordou pra me cobrir
desespero é ver seu sorriso
de longe

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Rúbia Estrábica da Primeira Série.

ela percorre minhas cicatrizes
com a ponta dos dedos
me aconselha e ameaça me deixar
diz que só ando em má companhia
que meus amigos são todos bandidos
que só sei resolver meus problemas com violência 
que eu sou vagabundo e irresponsável
só penso em boceta, cachaça e futebol
que a curimba não me ajuda em nada
eu rio e digo que vou virar crente
ela vai se vestindo aos poucos
põe a sandália antes da calcinha
fuma um cigarro na porta da cozinha
senta na beira da cama
e me olha com cara de cão sem dono
esperando que eu fale qualquer coisa bonita
mas na covardia dos meus olhos vermelhos
chamo ela pro meu colo e brinco com seus peitos
no meu desbunde das carícias pornográficas
ela compactua do meu sexo e
mija na minha cara sempre que eu peço.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Aguçada.

ela tem mania de me odiar
sempre depois do sexo
e me da sempre vinte minutos de descanso
me xinga de filho da puta
cavalgando em cima de mim
deve ser o jeito dela dizer que me ama
ela parece um bicho
arredia
esguicha e molha minha cama
consome minhas tardes
sabe onde escondo minhas drogas
me faz de gato e sapato
é esse instinto que só as morenas tem
esse pacto com o sol
e com a terra
despeja toda sua sombra em mim
e antes dela ir embora eu já sinto saudade
isenta de medo
de pernas abertas me mostra seu segredo
na bagunça dos seus olhos
e no sabor dos seus beijos crus
só me sobra seu cheiro nas minhas mãos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Dois Papel no F.

ladainhas amorosas
sonhos sem hora marcada
vou te comendo pelas beiradas
te confesso nega
picuinhas cor de rosa
na sua saia branca
minhas cicatrizes não são desenhos
meus mal bocados são reais
pra desprezar a monotonia das coisas eternas
se perder no agora
dos momentos infláveis
nas cirandas enfeitadas
pense no relógio
no ontem
no jesus viado chupando os caras da sua sala
e esfrega sua xana na minha cara mais uma vez.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Dentro da T.V.

sua ferida inflamada
os segredos no teu decote
sonhei sua pele dourada
 você sorriu dos meus blefes
amadureceu de quatro
aceitei o estrago
confundiu os copos
deduziu minhas segundas intensões
fez charme sem calcinha
e cheirou todo pó que eu tinha
já que amei em vão
a vida é só esculacho
a gente bebe cerveja
assiste novela
apostas dramáticas
com a cortina arreganhada
beijei seu cu
contrastes tropicais
sua carne ancorada na minha
pra te ver comemorar
o tempo que desliza do lado de fora
é teu.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Colostro.

perdi algumas manhãs
evitando o espelho
nas cores dos dias sintéticos
na bunda da sobrinha dum amigo
sentir é uma coisa frenética demais
e desacelerar é foda
mês que vem é carnaval
sempre rola cocaína e putaria
só saio dessas morto
escuta meu silêncio gritando
nos breus
embaixo das mini-saias
biquínis
cerveja e haxixe
amor é dar chilique
em público
acabar com a festa
minhas desculpas
meus enganos
antes do pôr do sol
eu me ajeito
conheci duas putas do Rio
toda cadela entra no cio
todo céu azul tem magia.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Cesto de Palha, Febre Amarela e Uma Velha Crente e Surda.

quando chove
o excesso se prolonga
minha loucura precisa de janelas abertas
contato visual permanente com o céu
pra poder xingar deus
cara á cara
e procurar estrelas perdidas
iguais á você
as cores descansadas naquele teu vestido
o tempo esquecido dentro de um compartimento secreto no fundo da tua bolsa
teu corpo de cheiros
e teu seio esquerdo é um pouquinho maior que o direito
mamadeira de afetos
despretensiosa mulher
misto de imaculada 
com prostituta
que esconde o rosto e expõe o rabo 
nas nossas fotos
pra se derreter quando passeio minha língua pelo seu clítoris 
desfalecida de tesão
imagino o cosmos dentro da sua boceta.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Janelas.

tua cara lavada
bordada no meu lençol
sussurrando no meu ouvido
vestida de piranha kamikaze
agarrada ao verão
elogia minha indecência
plena de incertezas
no seu temporal de delicadezas
tira a roupa e arde
insistentemente arde
em orgasmos épicos
quase vulgar
uma miragem escandalosa
um sonho
sonhado em algumas horas
sempre á tarde
triste é te ver ir embora
triste é ter que acordar.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Shiva.

deixa a chuva cair
o ácido bater
as meninas
deixa a cocaína
as mordidas
deixa o choro rolar


deixa a poesia e
tenta dormir
mordendo os beiço
que nem eu
rindo sozinho
ás 5;51 da madrugada
mais feliz que meu vizinho
rico


controla seu demônio


não confunda carência com caridade

alcança a luz
ali na janela
pelado, bêbado e drogado.

Seu Alcídes.

sexo amanhecido em papel crepom 
o horário de verão é doce
espetaculares bailarinas
dançam virgens sobre meu coração
o sol que estupra minha janela
outra caneca de café
versos nocivos
pra desonrar minha família
antes era os crimes, mulheres e a cocaína
descobri na poesia
um jeito mais sutil de agressão
no lirismo das armas brancas
desenhei um poema
pra uma morena chamada Dirce
e na facada que dei no seu pai...