quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Um Quarto.

no seu cangote moreno
ilustrei fantasias
falsifiquei algumas juras
pra você ficar mais um pouquinho
seu sorriso folgado
e essas chuvas de verão
seu corpo derramado no meu
um número ímpar no seu umbigo
no pé da cama seu vestido florido
seus contornos eu decorei
temporais repetidos
baseados amassados e
a garrafa de cachaça escondida no mesmo lugar
seus traços
foram desenhados pelo acaso
ó nega dias nublados me lembram você
salgado é o gosto da saudade
perdão...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Meio Metro de Massa.

a noite que começa de
azul escuro
o céu é pura viagem de ácido
e a mão de deus que não me toca
de pés descalços
ensaio novos pecados
pra te dizer com a boca torta e fluorescente 
coisas sobre meu 
sexo psicodélico 
e sei que coração de mulher 
bate diferente
dança o ventre a revolta insurgente
na delicadeza das madrugadas de calor
brilha meu peito traidor
as alegorias do seu corpo nu
da cachoeira nos teus olhos
lágrimas que antecedem o fim
os carinhos que seu sorriso me faz
adiando sermões
com cigarro na mão
no contra-tempo do samba
esse seu jeito gostoso de demorar
passos de constelação
suas estrelas jogadas num pano preto
na noite que começa de
azul escuro

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Salada de Beterraba.

eu vi sua sombra debruçada
adoecida
vulnerável e delicada
sua dor é transparente querida
suas lágrimas sambam
á olho nu
suas mentiras são recicladas
meu carnaval é um Exu fantasiado de mulher
eu vi um céu enfeitado de cores erradas
no céu da sua boca
e sua boneca preferida é muda minha menina
seus minutos já não passam como antigamente
seu astral não anda bem
novela é chato
suas roupas estão espalhadas por ai
eu vi meia garrafa de vodca
que você deixou pra trás
brincando com as estrelas de madrugada
sorrindo seu sorriso sintético
fingindo ler minha mão esquerda
e adivinhando meus segredos
mais sujos

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Botijão de Gás.

quando os pecados são comprados
o ano todo se torna fevereiro
é fácil ser feliz com o cu cheio de
álcool e drogas
a realidade salta das pálpebras
nem meus sonhos são calmos
o precipício é logo ali
no beijo das mulheres ordinárias
Cleópatra's do avesso
violência lírica
de capa de revista
briga de faca e
camisinha usada
meu nome ainda está nos muros da cidade
apresentações em carne viva
das farras no meu quarto
escute as conversas das rosas da vizinha
enquanto a madrugada berra lá fora
aqui dentro o sol fornica com
todos nós
silencio apenas
meus vícios
janelas são testemunhas indiscretas
abertas são obras de arte
nos meus olhos pintados de lsd

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Um Desamor e Mil Por Favores.

procurei sua sombra na minha parede
noutras quartas-feiras te procurei
no sal no seu corpo
na cicatriz no seu joelho
não te achei
te vi passando
como as horas pingadas
você passou
de propósito não me olhou
ensaiei minhas desculpas num cartão musical
minhas vontades são muitas
minha carne é de papel
meu sangue é promíscuo
refletido nos seus olhinhos de prostituta bêbada
conheço seu jeito indecente, vulgar
de me crucificar
com o dedo na minha bunda
escondendo tudo que me dói
seus casos
suas paixões
eu sei
coisas sobre seu corpo desvendei
as vezes penso que ainda te amo
outras apenas desejo ainda te amar
eu te falei que deus nunca conversou comigo
naquela noite que você acordou pra me cobrir
desespero é ver seu sorriso
de longe

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Rúbia Estrábica da Primeira Série.

ela percorre minhas cicatrizes
com a ponta dos dedos
me aconselha e ameaça me deixar
diz que só ando em má companhia
que meus amigos são todos bandidos
que só sei resolver meus problemas com violência 
que eu sou vagabundo e irresponsável
só penso em boceta, cachaça e futebol
que a curimba não me ajuda em nada
eu rio e digo que vou virar crente
ela vai se vestindo aos poucos
põe a sandália antes da calcinha
fuma um cigarro na porta da cozinha
senta na beira da cama
e me olha com cara de cão sem dono
esperando que eu fale qualquer coisa bonita
mas na covardia dos meus olhos vermelhos
chamo ela pro meu colo e brinco com seus peitos
no meu desbunde das carícias pornográficas
ela compactua do meu sexo e
mija na minha cara sempre que eu peço.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Aguçada.

ela tem mania de me odiar
sempre depois do sexo
e me da sempre vinte minutos de descanso
me xinga de filho da puta
cavalgando em cima de mim
deve ser o jeito dela dizer que me ama
ela parece um bicho
arredia
esguicha e molha minha cama
consome minhas tardes
sabe onde escondo minhas drogas
me faz de gato e sapato
é esse instinto que só as morenas tem
esse pacto com o sol
e com a terra
despeja toda sua sombra em mim
e antes dela ir embora eu já sinto saudade
isenta de medo
de pernas abertas me mostra seu segredo
na bagunça dos seus olhos
e no sabor dos seus beijos crus
só me sobra seu cheiro nas minhas mãos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Dois Papel no F.

ladainhas amorosas
sonhos sem hora marcada
vou te comendo pelas beiradas
te confesso nega
picuinhas cor de rosa
na sua saia branca
minhas cicatrizes não são desenhos
meus mal bocados são reais
pra desprezar a monotonia das coisas eternas
se perder no agora
dos momentos infláveis
nas cirandas enfeitadas
pense no relógio
no ontem
no jesus viado chupando os caras da sua sala
e esfrega sua xana na minha cara mais uma vez.