terça-feira, 25 de junho de 2019

Marieta Severo.

me ofereceu meia bala
junto do seu decote abstrato pra mexer com minha líbido
eu aceitei 
e como sempre mastiguei
pra sentir o amargo da vida 
na ponta da língua
você sorriu
enquanto eu imaginava suas tetas balançando
soltas entre as estrelas do céu
você é a porra de uma Vênus drogada
dançando na beira do abismo
flertando com a morte 
e sonhando acordada
como uma criança que brinca no quintal da vó

domingo, 23 de junho de 2019

Claudia Ohana.

ela que dança sozinha 
acompanhada da lua
que voa livre e nua
sob as calçadas e
sob as cabeças de inúmeros homens desejosos
alguns mais
e outros menos
cretinos que eu
desprendida
ela sai impune das ressacas e dos desamores
e se esquiva dos olhos famintos te cercam
mulher da cabeça a sola dos pés
transita pelos meus sonhos
como uma primavera efêmera
que faz tudo florescer
depois passa
e quando eu decoro tuas fotografias
seu sorriso emoldurado na tela do meu celular
mas toda vez que eu escrevo
e ela não me lê
meu coração é servido num prato em miúdos
com pimenta e farofa

domingo, 16 de junho de 2019

Vera Fischer.

você falava sobre como se sentia oprimida
por ter que usar sutiã
e como essa coisa de amor
sempre fodia seus casos
e reclamava dos seus pais
da sua irmã
até do seu cachorro
que balançava o rabo toda vez que me via
você preferia encher a cara e
trepar com caras desconhecidos nos finais de semana
e sodomizava meu coração todas as terças e quintas
mas apesar de tudo
eu sempre preferia você
mesmo quando você ligava de ressaca ou
de tpm
mesmo quando você se vestia de puta
pra abusar do meu lado Don Juan criminoso
e me fazia pagar sua conta do  bar
e das vezes que você fazia escândalo no meio da rua
no fundo eu te achava tão bonita
com toda aquela loucura
que acontecia só na sua cabeça
e no fim eu te amava
quando você fazia de tudo
pra não ser amada