sábado, 31 de outubro de 2015

O Resto Dum Samba Que Ninguém Canta.

esse suingue dos seus quadris
as blasfêmias escorrendo da sua boca
deus disse
nem só de pão viverá o homem
mas de cerveja e xoxota também
quando a novela das oito acaba
e você deixa de lado a televisão
pelas siriricas
trancada no quarto
 seus sonhos de piromaníaca
goza com a ideia de por fogo nos pais
no carro
na casa
em si mesma
aproveita a claridade dos seus dias
sorrindo comerciais de margarina
lambuzada comemora
goles desesperados de vida
nas bebidas quentes
distribuindo seu amor
por ai
 seu coração destrinchado
numa bandeja
não chora no décimo andar
sua dor não é nada
se maquia pra trepar
arde na pele
unhas cravadas no meu íntimo
não nega sua vontade de ser mulher
e se completa nas sombras soltas
dos vira-latas doentes.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Mulheres, Ácido e Guaraná.

devo te dizer
das minhas folias
das bebedeiras em dias quentes
dos dramas românticos
poesia e alegoria
na tentativa de esconder meus vícios
o tempo desmanchando na janela
devo te confessar
os crimes
as brigas e as orgias
azulejos sintéticos
das almas drogadas nos banheiros libidinosos
as universitárias
o uísque nacional
a cocaína
a cadeira de rodas
 a particularidades dos infernos
no portão da minha casa
a cartela de anticoncepcionais
minha pena
é amena demais
mereço castigos sádicos
das armas brancas
do sangue na calçada
sempre tem uma Taís pra tentar me esfaquear.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Peixe com Tomates.

pra te queimar
te transformar em brasa viva
incendiar teu corpo
sinuoso
iluminado de fogo
com gosto de sal
canta sem chinelos
na sala
vira estrela porno
nas tardes consumidas
pelo sol
se veste de santa
e aguardo um amor
de pernas cruzadas
é mulher nas horas certas
elegância de Brigitte Bardot
orgasmos de pomba-gira
Maria Padilha
compõe suas dores
derramadas no espelho
do meu guarda-roupas laranjado
sonha com todo azul do céu
beija minha boca amarga de café
me deixa cego de tesão
sem calcinha
prova meu risco
e ri do meu eu fodido.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Poesia da Noite Sobre o Sol.

seu cabelo deve ta com aquele cheiro de flor
os trópicos vão exigir mais
da sua carne mestiça
teu corpo esticado no meu varal
a bença Xangô
a bença meu pai Atotô
desejo sua alma bronzeada
nos tambores das curimbas
pra te ouvir falar
essas coisas de amor
a intimidade retratada
pelos seus olhos pretos
debruçada num copo de cerveja
analisa futuras transas
vagueia sem certeza
vai até o banheiro
pra dar um tiro
pra mijar
ou apenas pra retocar a maquiagem
volta sublime
ignora minha existência
pra me castigar
deus perdoa os canalhas
as mulheres não.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Helena e os Caminhoneiros.

adormeci de bruços no calor
amei o sol
enfeitei minha vida
tomando cerveja com minha mãe
disfarcei a dor
fiz preces incansáveis á Exu
trepei feito animal
amei o sol
com a cara enfiada na xoxota da Letícia
sofri menos do que merecia
transformei meus fetiches em vida real
sem analgésicos
sem novelas
sem fotos em frente o espelho
transei com a porra do sol
amei o sol
lambi o cu da Bia
até as cinco da tarde
não fiz firulas
farejei seu rabo como um cachorro
escutei muito samba
brinquei meu carnaval fora de hora
chapei num quadrado
festejei o sol
a quentura das coxas macias
sonhei debaixo do chuveiro
amanheço sempre de tarde
poxa
como eu amo
o sol.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

As Garotas do São Manoel...

esqueci teu semblante
noutras molduras
de sorrisos escondidos
minhas obscenidades
penduradas nos varais
secas ao sol do meio dia
nos ralos dos banheiros
onde eu mijei e
gozei
gosto de café e de cachaça
de mulheres
e de futebol também
de pelos descoloridos
esse é o presente que Xangô
me deu
as peles marrons
que assoviam nuas
canções improvisadas
sem planos pro amanha
simplesmente acontecem
no mormaço do bafo quente do ventilador de teto
oficina de pecados
colecionando segredos
esquecendo o passado num trago.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Cinzeiro Amanhecido.

essas avenidas sedentárias
de travestis, sinais amarelos piscando
abraços despedaçados e garotas bonitas
olha no retrovisor
não me chama de amor
seu decote cala minha boca
espero sua chama acender
e você me chamar
de pernas abertas
temperada no calor
das 2 da madruga
e amanha hora que eu acordar
depois do almoço
vou querer te dar um cheiro
talvez eu derreta com seus chamegos de mulher
nas suas tetas morenas
abrace sua dor
e mastigue seu clítoris
até você gozar escandalosamente na minha língua
pra debochar depois
quando meu pau estiver mole
e inventar motivos pra me odiar
jurar pelos seus pais
nunca mais voltar.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Giovana Obesa.

minha primavera tem o cheiro
das xoxotas das garotas
do Vetorazzo
pintam os olhos
e se raspam
nas tardes interrompidas
flertam adolescentes
enquanto o chão enfeitado
com calcinhas, blusinhas
e sutiãs
algumas descontroladas
gozam a juventude na minha boca
meninas precoces demais
maliciosas demais
experimentam o bom da vida
aqui na sala
ou no quarto
esquecem o controle remoto
buscam nos meus sambas de raiz
maneiras de se conformar com a dor
que causo
rebolam o absurdo
e eu deslizo minha cara torta
nos seus rabos abençoados
deus me fez promíscuo.

sábado, 10 de outubro de 2015

Lorenzo Hiperativo.

confunde estações do ano
não da a mínima 
pra porra do calendário chinês
não cumpre as horas marcadas
e dispersa veneno noutros caras
pesadelos bêbados
sem pé nem cabeça
lambe os beiços
no meio dia 
da vida
seus segundos demoram demais
suas cores elaboradas
abstratas sem calma
sorrindo o desamor
dando na calçada
desesperada
pra se vingar
confesso que cansei da sua sodomia
das sessões de tortura
com o dedo no meu reto
o linchamento sentimental que era estar contigo
prefiro ver outras moças engolindo
meu amor
do que deixar escorrer nas suas coxas...

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Comprimidos Sete.

não precisa saber de mim
meu jogo é o mesmo
garotas, drogas
putaria franciscana no sofá da sala
o boicote do eclipse lunar
nas varandas miseráveis
boquetes redentores
onde as bestas sorrateiras mijam nas calçadas
louvo a carne das bocetas que
chupo
fones de ouvido não me dizem nada
meu carnaval é decadente demais
nas memórias do fim
não choro sob o sol
não quero Vênus
quero as tetas macias de Oxum
quero gozar no seu relógio
derreter os ponteiros do seu cu
minhas veias já estão entupidas por excessos
escorrendo os pedaços
dum inferno de anos atrás
não pude entender a Letícia
a Amanda e nem a Priscila
deixei elas irem embora
sem me desculpar
e fiquei aqui sozinho
espiando passarinhos
na janela da cozinha.

domingo, 4 de outubro de 2015

Lurdinha Desquitada.

suas costas pra mim
meus castigos
suas histórias
de grana, vícios e sexo
minhas experiências
nas boêmias
prostitutas e cocaína no asfalto
não te pedi nada
pra fugir das tuas exigências
na tua xoxota morena
gozar meus riscos
meus perigos de ladrão
pra te ver  enrolada
nas toalhas desgraçadas
canções tristes depois das ressacas de pó
quando sua tristeza
chocava meus olhos ateus
sem socorro
te vi pagar pelos seus pecados mundanos
me fez sofrer
de ciúmes pelo seu prazer
chupadora de paus
brilhando sua carne promíscua
dormir depois do meio dia
pra inspirar outra poesia
sem nem ao menos
ter me amado.

sábado, 3 de outubro de 2015

Inês Desacontecida.

a menina que compactuava com
o capeta
não me intimidava
com sua lingerie roxa
os faróis não vão
te esperar
nas fumaças dos cigarros
no cheiro do café
meus vícios são dramas sem fim
oh, como são lindas as segundas de Candomblé
temperos fortes nos pratos pequenos
oferendas radioativas pra Xangô
pra dar continuidade
nos boquetes mal feitos
depois dos 16 anos
levam um bocado de mim
corpos sóis
chamuscados de sol
dos orgasmos transparentes
carícias
siriricas
manhas infames
meus olhos perfumados
o aborto que acontece
vestidas de crianças
fetos sorridentes
nas cortinas
mães choram
depressivas dormem
o sono profundo
sono de tarja preta
e aguardam noites quentes
fidelidade é um sonho
e eu só tenho duas cervejas pra passar uma madrugada
pela metade.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Senhora.

conta suas mentiras acomodada na
cama de casal
troca de roupa com a porta aberta
chora a decepção
que te causei
nossas sobras no espelho
do banheiro
deixadas no canto da pia
nosso prazer seco nos lençóis
bêbado demais pra saber que horas são
enquanto o gelo dissolve
meu amor de pomba-gira
no convite escandaloso que a rua me faz
estampas coloridas
bundas dançantes
surubas lésbicas
dores desacompanhadas
não resta nada das tardes líricas
apenas o cheiro de boceta na cara
esquecidas
as notícias que pingam dos jornais
disputam as mesmas chances
carnes e flores
quase amargas
transvestidas com colírios nos olhos
bronzeamento artificial
não existe o sagrado
pra quem se deita com o profano.