quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Hipoglicemia.

 ela esbanja uma típica malícia 
das garotas da Boa Vista
que flerta com canalhas
e ironiza a vida
capricha nas pitadas de putaria
brinca com seus romances
brinca com as cores do dia
não leva nada á sério
e quase sem querer
comete adultérios
carrega no rosto 
sempre aquela sorriso debochado
meio esotérico
e tira a roupa num ataque epilético
acha graça do meu lado vadio
úmida
eu desfruto do teu cio
as vezes ela finge que se importa
e critica meus excessos
diz que me ama durante o sexo
e a gente divide porres e confidências
e toda vez que eu penso muito nela
como num passe de mágica
ela aparece
repleta de coincidências
virando do avesso minha canalhice hereditária
fuçando em coisas mortas no meu coração
propondo planos, namoros e rolês
aguçando minhas vontades
enquanto eu espero o verão
ela vai matando minha sede insaciável
rindo do improvável
adoçando minha boca
com beijos e cervejas
nunca sã 
as vezes pagã
como uma deusa louca
contando uma mentira ou outra
bagunçando meu espírito cínico
e bêbado eu sou mudo
mas observo tudo
e decoro seus detalhes obscuros
enquanto você fuma pelada na minha janela
menina insalubre
com uma serpente tatuada no pé
que mesmo sem me amar
me pune
se transformando assim
no meu tipo preferido de mulher