sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Baltazar e o Câncer de Próstata.

seus temporais lascivos
suas roupas jogadas no chão
olhos drogados
remoendo as mágoas
implorando
pra eu não beber tanto
só porque esqueci seu signo
e cantei Noel
você disse que não era hora
foi embora
eu te pedi
volta
sabe quando as coisas vão acontecendo?
na rotina dos erros
são quase três da madrugada
eu com meus pedaços que não valem nada
e você
precisa saber da Priscila
das prostitutas
da cocaína
das minhas cicatrizes escondidas
meus problemas com a polícia
da Jheni
dos peitos de silicone da Bia
orgias dividindo os dias
fetiches de saia de renda
me leva pra passear?
solta o cabelo que você fica tão bonita assim.

Olha a Sara Vira-Latas.

deixa chover
que aqui dentro eu prolongo  
meus porres
que sempre serão homéricos
mantenho meus sentimentos
sempre a margem
celebrando meus vícios
meus versos promíscuos
meus amores cínicos
e um punhado de problemas
ligados ao sexo
minha poesia
que beija a boca das mulheres
chora as madrugadas
almas maquiadas
dissimuladas
essas mulheres
cruéis
ariscas
nocivas
carregam armadilhas no ventre
de baixo das saias
feitiços
com asas de anjo
seus santos nomes
lingeries, brincos, perfumes
colares
mulheres são trovões
noites acessas
mulheres são feitas de paixões
e nada mais.

Guardada na Gaveta.

já que a cachaça combina com o céu
e ela ta na cozinha fazendo o café que eu pedi
deixo o sol  me gritando na janela
pra observar a cadência dos seus passos
passos submissos
mestiços passos de mulher
que me serve pedaços de paçoca na boca
botei Jorge Ben pra nega escutar
ela desprezou os livros na mesa do meu quarto
tão bonita com a minha cueca
rebolando a indecência das mulheres adúlteras
tenho um demônio na carne
ela não sabe
só eu sei
antes das seis ela vai embora
de volta pro marido
pra provar que a infelicidade justifica
a traição
e detalhes pequenos
a gente resolve na cama.

Adelaíde Vinda do Paraguai.

me acolha em teu peito
finja que me entende
pelo menos tente
pra mim chorar minhas bebedeiras
no seu aconchego
ainda sinto seu perfume na cama
preciso te dizer
sou um fraco
fingindo ser forte
vomitando blasfêmias
mentiras que te conto sobre amar
nas noites de chuva
molhando nossas almas de adeus
penso em você
mas desejo outras
um bocado de ilusões
que você criou sobre a gente
enquanto eu pensava na Ellen
pra gozar em você.