domingo, 30 de novembro de 2014

Sempre ao Lado Dela.

A conciliação só acontece depois do choro
cheiro a poesia que exala do teu cu
derramado num  copo sujo de depravação
trapaceando a vida
com golpes antigos
fazendo pouco de deus
desafiando a morte num táxi
na volta pra casa
talvez o amor seja isso
a promessa de nunca mais cheirar cocaína
a compulsão pelas coisas nocivas
auto-destrutivas
pílulas ansiolíticas da vida real
doses exageradas 
uma cega miopia pela garota sem calcinha deitada de bruços na minha cama
regado de estrelas no fundo do poço
que caga e anda pros doze passos dos narcóticos anônimos
deixa os sentidos doentes em noites vagabundas
esquecida num calendário de parede
mastigue minha orelha
prepare outro drinque
e frite  um bife pra gente
ta muito cedo pra dormir
e meu egoísmo acaba nos teus beijos.

Noites de Novela.

Te amo quando estou sozinho e a chave de casa ta na caixa do correio
amo teu sentimento vulnerável
temperado com suas negras raízes
essa ausência de paz que tem nas tuas coxas
teu perdão pros meus erros imperdoáveis
cantando o amor
sambando nos teus olhos
teus anseios domesticados
sem herança
meus dias são sempre hora do recreio
sou criança
passeio no teu seio
de pupila dilatada meço teus sonhos
de maternidade
enquanto eu apenas morro
sem pedir socorro
nos teus soluços
fazendo as coisas sempre iguais
gozando na mesma posição
desatinando emoções em calçadas de paralelepípedos
sem ver o sol raiar de terça-feira
as vezes queria chorar
o choro que te nego tanto
colecionando desafetos
enquanto nosso amor ainda é quente
e seu sorriso compensa meus cheques sem fundo.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Cristo Cabelo Branco, Velho e Impotente.

Ela uma vez me disse
que toda mulher deveria
foder com um cafajeste que nem eu
o brilho nos seus olhos vinha  a tona
quando eu pedia pra tirar a calcinha e esfregar a boceta na minha cara
a intensidade das nossas tardes se prolongava
até siriricas na web cam
eu cheirava sua libido suada
seu corpo se abria irresponsavelmente pra mim
pronta pra receber lindas dedadas
e acreditar nas minhas mentiras mais sutis
me divertia com seus hormônios femininos
te chupava menstruada  de vestidinho lilás
te imaginava fácil chupando paus em banheiros sujos
tua inocência falsificada
de tênis nike da china
não exigia amor de mim desde que eu a comesse bem
vinha direto da escola pro meu quarto
me chamava de professor
quando eu te dizia pra economizar sua dor
que só existe paz nos sonhos e
no orgasmo
ela compreendeu quando eu disse que eu seria seu câncer de mama
e se afastou.

Rádio A.M.

Naufragado no teu copo de conhaque com guaraná
transformando nossa vida em cinema
películas contemporâneas de caco de vidro
sendo o vilão no papel principal
hoje acordei de mal com deus
sem sorte pra vida
com fome de carne
sim, eu vivo minha poesia
cada ferida
antes que a luz se apague eu ainda fodo com o mundo
e honro essa tatuagem que tem na tua bunda com meu nome
essa porra é um tapa na cara da realidade
a tristeza é refletida em diazepan e
facas sem corte
todas as noites aqui são quentes
todo banheiro é uma viagem de ácido
azulejos psicodélicos
todos caras cobiçam minha garota
minha esmola é sempre pouca pra te intera um pino
não conte comigo
pra nada
nosso amor as vezes me basta
as vezes me encontro
nos teus olhos perdidos
me acostumo com seus dois meses de gestação
penso em arranjar um emprego
dormir cedo
mas tenho medo de descobrir quem eu sou
e de você me pegar tendo uma overdose na nossa cama.
e ver todo seu amor
virar rancor
não se acostume comigo
to de passagem.

sábado, 22 de novembro de 2014

O Neto Viado da Dona Santa.

Instauro polêmicas no teu ventre ainda quente
ménage não
orgia não
suruba não
desfloro teu amor de menina virgem
mije na minha cara
pra eu morrer nas sarjetas do seu corpo nu
de espetaculares maldições não cumpridas
cadela prenha
mulher grávida
suas lágrimas de retirante
sangue nordestino pulsando nas veias do teu pescoço
derramando cerveja na minha camiseta nova
desprezando os corres que eu fazia
atrás de grana, farinha e
mulher
com a mão no meu braço enquanto eu ando de andador
desafinando o coro dos crentes
reforçando a atitude dos delinquentes
da prostituta que caminha sozinha na volta pra casa
e reina soberana no espelho do banheiro
eu sei que meu histórico não te favorece em nada
o gosto amargo do passado
de chinelo e bermuda nas noites de verão
o feitiço da lua ainda me provoca
eu sei
cê sabe
que pra mim a noite nunca acaba.

O Filho Rejeitado da Bianca.

Meu tiro á queima-roupa
o sexo na hora do almoço
cheiro de feijão na boceta
a sombra de tentações que me ronda
o pó, o crime e outras mulheres
eu resisto
nosso suicídio cancelado
pro próximo horário de verão
priorizo um amor por vez
pra queimar tua pele na água quente do meu chuveiro
e perceber que mulheres como você
nascem para serem de caras como eu
deixo o sofrimento borrar tua maquiagem
buscamos nossa fé na macumba
toda segunda-feira
suporto os dramas que tua boca grita
conheço os caminhos pro teu orgasmo jorrar
meu arrependimento é negro
de medo da solidão
da morte não
consumido pelo seu sorriso aberto
teu choro de orixá recém-nascido
recorro aos teus beijos
desde fevereiro.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Dalva.

Tem qualquer coisa de triste
nos teus olhos as vezes
que chega a doer na carne
esse teu amor que eu não compreendo
essa lua sempre só que te acompanha no teu céu escuro
o porque de você dormir pelada do lado do teu carrasco
as contas brancas da minha guia
espalhadas pela cama
junto com teus sintomas de doença mental
tua lucidez de alicate afiado
teu desamor homossexual
suas coisas pequenas
as vezes pesam demais pra mim
e não sei o que  fazer
quando teu pranto despenca em gotas salgadas
sua calcinha no vitro da minha janela
a garrafa de conhaque no guarda roupa
teu peito direito
o ódio sincero pelas minhas amantes
seus sorrisos serenos
seu jeito de sofrer calada
sua esperança no nosso amor
que beira a extinção
mas nunca acaba. 

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Vamos Foder Com o Amanha.

Tem dias que to na merda
e te chamo
as vezes de noite
ou de tarde
você sempre toma banho
antes de vir
cê pula o portão
aparece na porta da cozinha
que nem gato
traz sempre um pronto pra gente fumar
eu gosto do teu jeito
outro dia cê me disse que tinha trepado com um cara que tinha o pau gigante
e que não foi tão bom
como sempre era comigo
eu acreditei
nós não temos motivos pra mentir
um pro outro
quando você goza
põe dois dedos na boceta e coloca na minha boca
sem eu pedir
não há pureza nos teus olhos sacanas
e teus beijos não exigem o amor que não posso te dar.

    Leticia.

São João Batista Xangô.

Afronto seu amor de passarinho
em gaiola
também não estou feliz
tudo que eu te pedi foi só pra não deixa esfria
sou filho adotivo de Xangô
e você se apagou
queria ter maturidade
pra tomar decisões lúcidas
sem música nas nossas madrugadas
seu silêncio me incomoda
e eu grito até o amanhecer
nosso sexo não rende mais poemas
não suspiro mais nos teus olhos
nem gozo na tua boca
o fim
sempre prestes a entrar pela janela do quarto
suas unhas rasgando
minha pele
as vezes eu só queria lamber seu anus quando você chega do trabalho
ou que você enfiasse sua língua na minha boca
e fizesse um café
mas nunca da
você nunca ta afim.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Presente de Meio-Dia.

Sua arrogância acabava
na hora do sexo
você se tornava mais
doce
suada se ajustava pra perto de mim
mordia minha boca
com força e
ardia pelada em orgasmos
silenciosos e
descompassados
desbotava seu ego
quando esquecia teu nome
seus olhos de cerol
cortavam minha cara
nunca existiu o
nós
meus sonhos eram de sexta-feira
os seus eram de vida inteira
no sofá da sessão da tarde
eu sem cueca
você de camisola
enquanto o tempo devorava gente lá fora.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A Indigestão da Alice.

Limpa o sangue no teu tênis
tira a camisa pra desbaratina
liga pra Fran vim te busca
sai fora dai
o clima ta tenso
você que provoco
faz uma prece pro seu Zé Pilintra
cê num era assim
loco de pó
tanta violência vai te deixa só
lembra do teu tio Didi
morreu de cueca num cubículo
cheio de puta
faz tempo que você não chora
que não crê
procura um espelho pra você se vê
não usa arma pra briga
só pra rouba
o desespero da tua velha não te comove
fica longe dos polícia
não fume crack
aparece no terreiro pra se benze
toma um passe
ontem eu sonhei
com a corda no teu teto
tua cara roxa
eu vi teu coma e
uma cadeira de rodas
no meu sonho
você se fode.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

"O Disciplina".

Guardo meu sorriso
pros garçons
mendigos 
pros viciados em crack
pras mulheres
crianças
traficantes e prostitutas
não simpatizo com roupas de marca
carro importado
relógio foda
piscina, mansão
já fui ladrão
cumprimento garis
minha ternura de atabaques
admiro os ogãs 
no dia de Preto-Velho
não quero fãs 
meu sangue corre
pela margem
pelo desajustado
sujo
por quem ta de fora
meus amigos que já foram embora
no corre de droga ou de grana
quem não tem medo da morte
nunca morre
sou descendente de Zumbi
sou  descendente de Lampião
boicotei a porra do mundo
com um 38 na mão
quis morrer não consegui
hoje minha tendência criminoso escreve versos sobre as coisas que vivi
viva clandestino
morra clandestino.