sábado, 4 de janeiro de 2014

Olhos claros. Alma escura.

Na outra ponta da mesa ela estava sentada, almoçando. Fazia um calor que era quase uma amostra grátis do inferno, era um domingo do mês de dezembro. Ela estava simplesmente bela, uma beleza discreta quase escondida, o tipo de beleza que a gente descobri aos poucos numa mulher que aparece num sorriso, num olhar ou num gesto. Tive medo dela por uns segundos, tive medo de desejar aquela boca e medo de Deus, ela devia ser virgem e eu já tava imaginando ela nua beijando meu pau. Umas espinhas em seus braços e uma um pouco acima do seu peito esquerdo indicavam hormônios sera que ela se tocava no banho? sera que ela se masturbava? sera que ela já viu um pinto? ela devia ter uns 19, 20 anos sera que ela nunca acessou um site pornográfico? nunca tomou um porre? acho que não. Essas igrejas evangélicas andam fodendo com os jovens do Brasil que é um país quente, que cheira a sexo e esses malditos pastores anulam os desejos dos jovens, negam a eles os prazeres da carne e da idade. Aquela hora eu já ardia de tesão por aquela crentinha, devia ser o calor, a comida na mesa ou a família toda reunida ultimamente eu tenho me excitado em lugares incomuns e por mulheres estranhas, outro dia mesmo eu tava lendo Augusto dos Anjos chapado de haxixe me deu um tesão tão louco que tive que tirar o pau pra fora e bate uma punheta, agora eu tava excitado pela pele limpa, sem maquiagem daquela moça de olhos e cabelos pretos sentada na outra ponta da mesa. Havia no ar o peso das falsidades do Natal, a obrigação de ser bom e cordial essas hipocrisias idiotas, valores fúteis que não me pegavam. A mãe dela conversava comigo eu me limitava a acenos com a cabeça, ás vezes um "sim" ou "não", quando a mãe dela me olhava fixamente eu também encarava a velha e pensava: " Eu quero comer sua filha", ficava só no pensamento. Ela jogava um charminho pra cima de mim, eu percebi desde o começo, uns olhares disfarçados, umas risadinhas um flerte totalmente estúpido e amador, coisa de adolescente mesmo. Acabamos de comer e nos despedimos com um beijo no rosto aproveitei pra espiar seus seios. Fui embora ansioso pelo próximo almoço.

Ela tirou meu coração com as mãos e sem anestesia.

Anahy, Anahy, Anahy,
você que na hora errada quis levar meu coração,
agora você aparece e sem anestesia tirou ele com a mão,
tanta delicadeza nos traços de uma só mulher nunca vi.

Na noite de ano-novo você toda de branco,
em seus olhos havia um pouco de dor,
te admirei de longe como quem admira um santo,
e em minha cabeça fiz mil planos de amor.

Anahy quando eu te vi tive certeza que você daria poesia,
quis te ver nua,
na minha cama pela janela olhando a Lua,
e você abriu meu peito sem anestesia.

Você me viu em coma numa UTI,
num quarto frio do quinto andar,
pensando que eu iria morrer e nunca mais poderia amar,
mas a morte não me quis e agora eu te quero Anahy