domingo, 21 de dezembro de 2014

Madalena Travesti.

Sou o mesmo moleque vadio
dos sambas de antes
que você não conheceu
esperando a redenção dos meus pecados
no brilho dos teus olhos
desmanchando tua carne temperamental
em pequenos versos imaginários
nas nossas semanas intranquilas
tomando o porre da vida
sem sexo
desmaio até o meio dia enquanto você trabalha o dia inteiro
dispenso outros ventres pelo teu
compreendo teus beijos pálidos e cansados
admiro seu seio que salta do edredom em silêncio ateu
em noites bêbadas como essa
te transformo no meu refúgio
meu porto seguro
e esqueço a porra do tempo que corre do lado de lá da minha janela
esqueço também a Maria Rita pelo bem do seu sorriso
ansioso pra constranger seus pais
na ceia de natal
você apresentando seu namorado sequelado e marginal
deixa pra lá que um dia o mundo ainda vai lê
os poemas que faço pra você.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Caos Cintilante Brilhando na Pia do Banheiro.

O Pimenta teve motivos  pra estourar os miolos
ela diz que eu não sou bom o bastante pra ela
prefiro sexo a três com as vadias do ano passado
com a bunda sentada na porra de uma cadeira de rodas
(sou um aleijado)
tem 5 ou 6 menores querendo trepar comigo
foda-se o gordo que te comia
tirei uma foto de pau duro pra dizer que to com saudades
aproveita que ainda não voltei a cheirar
arruma um namorado viado pra te foder
eu disse que jesus tinha DST 
logo ligo pra Bia
preciso de uma orgia
de umas amigas vagabundas dela
e um pouco de maconha
eu deveria morrer com sessenta e seis facadas na barriga
eu sei, deveria ter arrumado uma corda mais forte
(sem sorte na morte)
deveria ter descarregado meu revólver na cabeça daquele são-paulino viado
alguns anos de cadeia não me fariam mal
eu não pedi pra você me amar
faz tempo que você não me chupa
frígida do caralho
mandei uma mensagem pra Mariana
aquela puta ta namorando
o coma me fodeu
e hoje eu sou a porra de um peso morto
um desgraçado sem talento nenhum
sem deus no coração
um Larry Flynt fracassado
queria engravidar uma prostituta.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Espelho de Zona.

Claudinha apareceu um dia com uma sacola de Jaboticaba
deu algumas na minha boca
Marina tinha olhos castanhos
chupava muito bem
Simone era sensível demais
sentava no meu colo
 lia meus poemas em voz alta com a mão dentro da minha cueca
Priscila era inconsequente
torcia pro são-paulo
encostava a cabeça no meu ombro depois do sexo
a Amanda sumiu depois que mordeu meu braço
foi embora praguejando pela porta da cozinha
quando a Juliana aparecia
eu salivava que nem cachorro
Roberta era gostosa mas num valia um puto
Leticia confundia as coisas e dava o cu toda vez que eu pedia
tinha uma fada no punho
a Bruna
por deus a Bruna
era uma Oxum
acordava adolescente
entardecia mulher na minha cama
gozava sem razão
Tatiane tinha pele negra
seu rabo brilhava na minha cara
Maria Rita dizia que o amor não existia
fumava tabaco com haxixe
e bagunçava meus livros
trepava comigo a tarde toda
eu gostava de observar o jeito dela
tirando a calcinha
apertando baseado, dando a boceta pra mim chupar
Camila me alongava pelada
mas só a Jhenifer faz café pra mim
me ama quando sou desprezível
fica do meu lado quando traio
quando bebo
me leva na macumba de cadeira de rodas
só a loucura da Jhenifer completa minha loucura
e isso,
é amor.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Ciganita Pomba-Gira.

Solitária no palco
de costas pro frenesi da vida
lambendo as patas feita felina de novela
pronta pro amor de daqui a pouco
ou de depois
ganhando os dias de sol
trocando pelas noites de calor
espera a morte do meu lado dentro de um táxi
ah, como eu amo essa garota
que acredita em manchete de jornal
e me tortura com ciúmes doentio
morde meu dedo
arranha meu braço
mostra a selvageria dos teus olhos
deixa a lua morrer sozinha lá fora
e reza pra que eu não volte a cheirar pó
aguarda de pernas cruzadas minha revolução
inventa desculpas pra não me deixar
minhas promessas derradeiras convivem na tua boca de mentiras ferida
porque quando ela goza
anjos sapateiam no colo de deus e clamam por mais
e eu busco um espaço vazio no seu  sorriso
que é sempre cheio
e também clama a deus por mais.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Coisas do Seu Zé.

Seus dentes eram brancos
pude ver seu sorriso no banho
seu corpo todo ensaboado
ela devia estar tão chapada quanto eu
dizia o tempo todo que seus pais iriam chegar só daqui dois dias
expunha o rabo como seu cartão de visitas
eu ia preparando carreiras de cocaína pelado com o prato na mão
buscando um deus que nunca iria me compreender na casa de outra desconhecida
crendo que meus motivos criminosos, obscenos
valeriam a pena
havia maracujás, mangas e um cacho de bananas na cozinha
ela aparentava vinte anos no máximo
pele morena
cabelo preto liso
me disse que estudava direito
tinha um corsa vinho
não perguntei seu nome
ela também não me disse
fui até a sala
queria ouvir música
pó combina com samba
e a geladeira tava cheia de cerveja
achei cd's do padre Marcelo, Banda Eva, Reginaldo Rossi
perguntei onde ficava o computador
aumentei no último volume o Paulinho da Viola
enquanto ela chupava meu pau.

Ditinho Profissional de Jogatina.

Não justifico minha violência
sem disfarces
não carrego a bíblia debaixo do braço
se eu pudesse tava na rua
saindo na mão com qualquer um
fodendo que nem um louco
a paranoia de ver seu carro sendo roubado
pixando janelas no centrão
contando dinheiro dentro de orelhões
correndo da polícia com a arma na mão
vendendo pedra na rodoviária
evitando o amor na sala de estar de casa de massagem
destilando sorrisos hipócritas
e orgasmos falsos
como quem perdeu a hipoteca da casa em aposta de jogo
brincando com a sombra no meio fio
cagando pras consequências
o amanha ta muito longe
demora muito
e pra alguns não existe
só agoniza quem viveu
quem sorriu, quem chorou
quem gozou, brigou e morreu.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Fernanda Rabo Preto.

Todas as tardes eu te farejava
como um cão
de segunda á sexta
das 14 as 17:30
escutava você gritar a empregada no portão
e vinha direto pro meu quarto
com o cabelo ainda molhado
cheirando a shampoo
sorrisos inesquecíveis e mentiras pros seus pais
flertava a minha realidade com a sua
sonhos impossíveis
acatando meus caprichos
coisa de pervertido
trocando pedaços inteiros pelas minhas metades
se esforçando em  gentilezas incapazes de me fazer gozar
plantando sementes em uma terra improdutiva
apenas as nossas trepadas não foram em vão
o sexo nunca é em vão
a fé as vezes compensa
seus rebolado e boquetes também
o ápice do sentimento nunca tinha
inexistente emoção
um amor que não existiu
um coração que não retribuiu
ingrato aos mimos oferecidos
e exagerados.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Cardoso Contrabandista e seus Amigos.

Morena feitiço
um convite ao risco
de amar teu corpo de passeio em tardes quentes de verão
a dádiva da beleza feminina
mostra os dentes precocemente
tira a roupa desatenta
arde nua de tesão
desperdiça cheiros e charmes pelos ares
pulseiras, brincos e colares
abaixa a aba do meu boné
espreme cravos na minha boca
transita seus  lábios lúcidos pelos meus
adia compromissos e picas maiores que a minha
pra ser minha namorada
e provar do meu amor ilícito
minhas madrugadas sem fim
a tendência criminosa, promíscua e suicida
meu sorriso desesperado
suas emoções são todas plenas
um soco no queixo quando te vejo chorar
janelas explodem
minha alma só anda armada
pronta pra desilusão
pro baque na veia
pro incêndio na cozinha
um dia a casa cai pra todo mundo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Seus Olhos Com Cheiro de Chuva.

Teu batom vermelho
violento
tua boca me assalta
enfeita ancestrais
negros revoltados
senta no meu colo de cadeira de rodas
ignora o perigo
transpira amor
perde a lucidez de ciúmes vivo
chora minha infidelidade
faz rebuliço, desmonta o guarda roupa
tira a aliança
não economiza ofensas
que bom que nunca escuto teu silêncio
desabotoa minha carne
mostra pro mundo que eu te amo
pendurado nos teus olhos
nas tuas tetas
sem certeza nenhuma
feito um ateu
desconfio das sobrancelhas
só não desconfio da violência do teu batom
vermelho.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O Alvorecer do Tio Neno Sangrando pelo Cu e HIV Positivo.

Minha vida ia se desenhando
em traços únicos
como carreiras de cocaína esticadas num capô de um carro estacionado na rua
acendia os olhos na porcelana da pia casa da Mariana
onde o vento tremia meus pelos de carnaval
derretia a pele no inferno de folias
gozava estupidamente na cara da Carla
que morava longe mas fodia bem
procurava labirintos só pra poder me perder
onde eu me enfiava
deus não me enxergava
o coração batia acelerado
ininterrupto
penhorei o pingente de ouro
presente da Bia
num boteco de tentações terrenas
com três morenas num quartinho lá no fundo
perdi Jesus no meio das coxas negras
brincadeiras de infância incorporadas nas minhas orgias
num transe decadente
o castigo vem surdo
cego e mudo
a inocência foi embora muito cedo
os crimes todos ficaram impunes
a vida nunca foi justa pra ninguém
e meus pecados  são todos reincidentes.