terça-feira, 28 de julho de 2020

Beijo na Bandeira da Folia de Reis.

deságua plena
seus olhos com cheiro de mar
dos traços quentes
brilha um sol no teu umbigo
é verão no teu corpo inteiro
que me causa disritmia tua fotografia
entre o belo e o óbvio existe um abismo
algo oculto em sua silhueta
você é a menina emancipada
que viaja o mundo sem os pais
teu lado esquerdo é negro
onde se esconde os mistérios de seu signo
a delicadeza do teu sexo
o teu primeiro sorriso da manhã
a saudade que não te deixa quieta
você é a carta do amor
que não foi virada no meu tarô
o tango triste que eu nunca soube dançar
a musa do poster da revista
que eu nunca tive a chance de amar
tão linda
que me acontece tão de repente
como uma estrela cadente
que quando eu pisco
já não te vejo mais

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Summertime.

remonta capítulos da mesma novela
reprisa as tardes com os olhos perdidos na janela
num loop infinito de porres e ressacas
distante da realidade
bem perto dos sonhos cor-de-rosa
devaneios auto biográficos
a bagana haxixada
pra me salvar do tédio da madrugada
nas reflexões pós-sexo
seios expostos para o universo
e algumas perguntas sem respostas
sobre palpites e sentimentos
quase não esconde suas feridas
causadas por outros caras
quando tropeça nas estrelas
e se pergunta porque o coração
não fica no meio do peito
buquês de flores e falsas promessas
- qual é o preço de uma mentira bem contada?
eu te entendo
você me entende
e não existe nenhum pudor aparente
conversamos sobre tudo
ou sobre nada
seus pelos tropicais
descoloridos com água oxigenada
nossas iniciais pichadas nos muros
nosso amor de brincadeira eternizado
nas páginas de qualquer romance 
de Jorge Amado
e todos ditados que a gente ouve uma vez
e nunca mais esquece

terça-feira, 21 de julho de 2020

Delírios de Segunda-Feira a Noite.

pinta e  borda meus deslizes
e diz que tenho muitos mal necessários
discute comigo sobre sexo
e filosofia hermetista
e ri quando eu digo que Voltaire é massa
mas nunca me acrescentou nada
contraventora rica
me apoia quando planejo não largar o tráfico
- o crime nos seduz.
e eu faço jus quando engulo seu peito esquerdo
com a violência derradeira
e a fome que deus me deu
você anseia a lua
o sol
as estrelas
eu anseio seu seio
dinheiro
e outras orgias típicas de carnaval
nossos destinos cruzados
pelas palavras cruzadas de minha avô
você acha bonito
os olhos castanhos de Brigitte Bardot
eu não ligo para padrões
e me  perco nas rosas estampadas em seu vestido
vadia excêntrica
amiga íntima do meu cachorro
que me beija a boca com gosto de martíni
e vive a vida como se fosse a Maria
do filme
amor, sublime amor.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Um Nó de Outra Vida.

você tem suas minúcias
da tatuagem na pele escura
da vaidade excessiva de menina
que fez nascer uma flor prematura em meu coração
uma vontade quase infinita
de te conhecer por inteira
desembrulhar teu seio em papel crepom
traduzir os requintes de seu corpo marrom
talvez sonhar juntos
meia-dúzia de sonhos etílicos
pra eu compor mil versos com teu cheiro
impregnado no meu travesseiro
você tem  essa coisa
essa presença mística
carregada de axé
dos ebós nas esquinas
esse fogo que arde
que queima na alma e na retina
essa beleza que nunca cessa
devassa e controversa
de quem bebe muito e pouco reza
e antes que seja tarde eu me vejo obrigado
a dizer que te amo
e mesmo que eu passe um tempo perdido
envolvido nisso ou naquilo
sendo um bêbado sequelado
bandido ou indeciso
saiba que você foi a coisa mais bonita
que me aconteceu na Boa Vista

quinta-feira, 16 de julho de 2020

A Vizinha Nua na Janela.

sou insurgente
um cão reincidente
 que morde a mão de quem me afaga
administro porres
incêndio nas cortinas e dedadas nas calçadas
sou o caos nas encruzilhadas
beijo a boca do peixe tatuado na coxa de Tatiana
sem sutiã
que se esparrama pela cama
antes das 4 da manhã
me perco no inferno de vaidade e sedução
camuflado com cheiro de incenso e verão
que existe dentro do coração das morenas
diabas sorridentes 
com seus desejos de estrelas cadentes
admiro convicto
os decotes das empregadas domésticas
sou refém dos estragos
as vezes me desvio na cocaína
as vezes morro pelo sorriso de alguma menina
atento sempre aos detalhes
da porra lírica que escorre pelas pernas
e dos amores excêntricos
bocejam as mulheres exóticas
que flutuam nuas pelo sereno
quando cortejadas por caras normais
com seus emojis idiotas
e mensagens de bom dia
enquanto provo líbidos com a ponta da língua
e testo o sexo
como um cego que conta os passos
eu tateio seios, sonhos e paredes
pra poder me encontrar
na imensidão cósmica das xoxotas e dos espelhos

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Mabeco Cão Selvagem Africano.

quando o sol se estende até sua janela
pra te acordar da hipnose mundana
do sono florido
do coma induzido
eu te imagino se espreguiçando
tentando não roer as unhas
com o celular no mudo
cantando desafinada no chuveiro
na duvida entre o foda-se
e o tanto faz
ignora as mensagens de um certo rapaz
assiste as reprises de filmes tristes
sem finais felizes
quer outra tatuagem
mudar de país
ser atriz de cinema
um porre de vodca com coca
precisa arrumar algum vicio
ensaia mentiras enquanto escolhe um vestido
flerta com inimigos invisíveis
suposições apocalípticas imprevisíveis
e outras apostas sobre o fim do mundo
confessa pecados ao seu gato
felino confidente de sonhos doentes
que assiste calado o caos das tpm's
e quando se assanha
a líbido  Freudiana explica 
tudo sobre fornicar em cima 
da pia da cozinha