terça-feira, 2 de setembro de 2014

A Apêndice de Santa Maria.

Depois de correr umas 30 quadras
achei um orelhão
tirei a camisa toda molhada de suor
liguei pro Negão á cobrar
deixei chamar três vezes e desliguei
na mesma hora ele retornou:
- quem ta falando?
- Negão o Silvano me deixo na mão, vem me busca mano.
Ele riu como se soubesse que isso iria acontecer.
- traz uma camiseta.
- onde cê ta?
expliquei o local exato
esperei dentro do orelhão
quinze minutos depois eu tava dentro do carro:
- porra Negão camiseta verde eu não ponho, ta me tirando de palmeirense?
ele me olhou e disse:
- cade teu cano? foi saidinha de banco? cê vai da uns tiro no Silvano né?
o Negão não gostava do Silvano por causa de mulher, uma nega sem-vergonha que dava pros dois
-  o moleque assusto e me deixou na bota, foi lotérica Negão dispensei o cano e o malote num jardim.
Fiz ele parar o carro do outro lado da rua
desci
caminhei até um arbusto
meu revólver estava em cima da bolsa de couro
- me deixa na Scheila
ele me deixou em frente a casa de massagem da Scheila
enfiei a mão dentro da bolsa
enchi a mão com notas de 20, 50 e cem reais joguei no colo  dele e disse:
- compra  um presente pra Bia e pra tua patroa
ele apertou minha mão e agradeceu
eu sabia que a Tete não estaria trabalhando
 segunda-feira
17 horas da tarde
putas não trabalham de segunda
ladrões sim
toquei a campainha sem camisa
a empregada abriu
Dona Maria
sorriu quando me viu
ela me tratava bem
como se eu morasse lá
e fazia um café delicioso
dei um beijo no seu rosto e perguntei:
- a Tete ta ai?
- ela acabou de chegar com um monte de sacola, cê precisa de vê cada coisa linda que ela compro.
minha namorada prostituta fazendo compras no shopping center
e eu assaltando lotéricas
abri a porta do quarto
ela tava só de calcinha em frente ao espelho
olhando pra cama box
cheia de sacolas
- nossa meu gato eu tava pensando no cê
aquele sotaque mineiro abriu meu coração pro mundo todo
deixei a arma e a bolsa numa prateleira
joguei as sacolas no chão
deitei na cama
ela deitou em cima de mim
- cade sua camiseta?
eu respondi:
- ossos do ofício nega e você foi as compras hoje?
- fui gasta um "tiquim".
e sorriu aquele sorriso que ela sempre sorria pra mim
beijou minha boca e disse:
- ai peraí que eu vou faze um "xixizin"
eu segurei seu corpo contra o meu:
- mija em mim.
Ela tirou meu tênis e minha bermuda
se agachou sobre mim e mijou na minha cara
fomos pra banheira trepar
a noite comemos bolinho de bacalhau com cerveja
no bar do português
e conversamos sobre coisas sem importância nenhuma.