terça-feira, 28 de junho de 2016

Azul Mexido.

poderia te acompanhar
sua sombra 
seu sono
sua preguiça
como um moleque atrás de pipa
perdida 
lá no céu
pra te propor algum recomeço
e apanhar michiricas de baixo dos seus olhos
de cortinas sempre abertas
pra te ver chegar
com alguma bebida forte dentro da bolsa
pra não deixar seu sorriso desbotar
outra vez
mais perto
sempre bêbados 
te mostrando a lua 
escutando sambas antigos
como era antes
quando te via pintando as unhas
e sonhando com quintais de terra
gatos e filhos

sábado, 25 de junho de 2016

Prece de Liquidificador.

tantos sóis se passaram depois do teu
tantas chuvas pra poder te esquecer
muitos porres sem você por perto
em noites mal terminadas esqueci seu número
nas bocas que beijei por aqui
com mulheres que dormiram na nossa cama
e eu que te amo
porque te amar era a coisa mais provável a se fazer
e te perdi porque era necessário acontecer
quando um enorme rancor nos deixou distantes
e o inverno chegou
eu tomei conhaque com amigos
porra
onde sera que você ta?
não olhei pro céu ontem a noite
tentei lembrar teu cheiro
faz tempo que não choro
um resto de veneno que ainda tem em minhas veias
sem o seu sorriso pra iluminar
seu café pra te transformar em poesia
sem sua boca pra me mastigar
porra
onde sera que você ta?

terça-feira, 21 de junho de 2016

Azulejo Lilás.

imaginei teus lábios
num transe pagão
de fruta mordida
rente aos meus lábios devassos
ou nos da tua amiga bonita
é essa vontade que me acorda no meio da noite
toda hora pra te pedir um beijo
pouco tempo pra poder te amar
nas suas fotografias 
achei meu sorriso por acaso
nasci de noite 
a escuridão ancestral me remete ao açoite
pra te perder sem nunca ter te ganhado
não me preocupo com a eternidade
nem com ressacas sintéticas 
outro dia demora muito
te quero um pedaço ou te quero tudo
sua alma afogada numa manhã de junho
pra eu poder velar teu corpo ainda quente
e nu no meu lençol
seus olhos de manteiga
ou seus dedos no meu cu
te espero 
no colo de outras
te espero 
entupido de drogas
não te digo que te espero
te espero em silêncio

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Café&Conhaque.

seu sorriso esparramado
invadindo todos os cantos do meu quarto
entre seus dentes brancos
toda mulher quer um pouco de amor
seus rastros deixados em cima da cama
seu sexo tímido debaixo do chuveiro
dos seus desenhos escorrem tinta e esperma
seus copos misturados
nessas tardes aleijadas de café e conhaque
nos falta algo
um pedaço, um membro
um sentimento
trapaceando meus vícios, meus fetiches e minhas vontades
pagaria pra te ver transando com um travesti
minhas pupilas estão contaminadas de ácido
á margem da loucura
ninguém esta completamente são
você é quem gostaria de envenenar cristo
sou eu que te chupo enquanto te assisto
converse com seu psicologo
e deixe minha boca borrada com seu batom
de propósito
fotografa nossas trepadas
mas esconde a cara
debruçada no tempo ignorado
se esquece do relógio
e perde a hora de ir embora

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Dez Pras Quatro.

num pedaço de chão
seu riso frouxo
numa parte quente de minha mão
anunciando seus desastres pré menstruais
agora me ama
daqui á pouco já não ama mais
de blusinha e calcinha roxa
desliza sua alma inteira no meu pau mediano
eu lamento o md ruim da semana passada
e por não tocar samba nas rádios
me mostrou a hora de voltar
bem na hora de ir
eu também tava bêbado
mas auto-suficiente pra enfiar a cara no seu rabo
nas sombras quentes
sua boca é um enredo
um desmaio numa noite nova
se deus quiser eu morro cedo
caído na tentação do teu seio esquerdo
seu cheiro azedo eu reconheço
perdido noutra direção
longe
tão longe
agora me diga
quem precisa de razão pra viver?
assista sentada o apocalipse
vislumbrando um futuro brilhante
ao lado de seu noivo e de seu amante

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Bruno 155.

ninguém sentirá falta dos indigentes
pisando na própria sombra
em comunhão astral com lança-perfume
meu peito é uma janela aberta
aguardando o próximo verão
das loucuras do seu espelho
esperando permissão pra morrer
pra te engolir num único beijo
eu vejo como você ginga
seus calendários, suas orgias
uma estrela perdida na minha cama bagunçada
de olhos psicopatas
minha maneira de te cortejar
um sol pendurado na tua orelha
douradas bijuterias
passa semanas sem dar notícias
reaparece refeita
com novas drogas na bolsa
dizendo coisas sobre o choro encharcado que superou
cansada de enterrar tantos amores
apalpa os seios e culpa os homens
á vida
á falta de sorte
troca de músicas
testa novas posições
conta dos seus casos
gosto de você exatamente assim
feita de álcool e despudor
de incontáveis ressacas
crente que tudo vai passar
num relâmpago ou num sorriso
tudo passará