quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Legião de Fodidos.

compartilhei alguns erros
quando entardecia no céu de sua boca
mutilei suas bonecas
menti e fiquei vendo futebol de cueca no sofá
ventava lá fora
vieram outras ideias suicidas
outras meninas
outros esculachos da vida
logo a primavera se revela
e as cortinas ficarão abertas de novo
os bares lotados
você com as tetas de fora
com seus sonhos dissimulados
enfeitando minha cama
seu sangue vermelho pulsando nas veias de seu pescoço
olhos cintilantes
um banquete de cores, sabores e instantes
toda crua
caminhando sempre perto do abismo

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Consumação.

vá dizer que não prestei
que bebi demais
vá dizer que fui rude em junho e julho
e esqueci teu sorriso pendurado no cabide
que cheirei teu sexo como um cão
vá dizer que quis tudo o que um homem pode querer
que você me deu
que cuspi no prato que comi
vá dizer que não te mereci
que nas noites de sábado
eu dançava agarrado ao diabo
com a alma envenenada
e o corpo intoxicado
vá dizer que foi por capricho
que na lua cheia eu viro bicho
vá me xingar disso ou aquilo
que sou promiscuo
que não tenho juízo
vá dizer que fui bandido
anti-romântico
que não te fiz gozar
que só penso em farra e carnaval
maldiga meu nome
mesmo sabendo que se doeu
é porque valeu
vá dizer...

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Ciclone Silicone.

provei do sol
temperamentos radioativos
das morenas que cresceram sem pai
meus sonhos sul-americanos
de cachaça e de tambor
droga, futebol e calor
meu anjo da guarda é vadio
penduro alguns pecados
pra pagar depois
diplomado nas mandingas
há garotas bonitas nas esquinas
fantasiando amores de novela
e batendo siriricas no sofá

domingo, 13 de agosto de 2017

Cabocla.

estrelas pingavam na janela
noite quente de álcool e ácido
meu sangue ferve
clama, geme e ama ferozmente
sem á doçura dos beijos habituais
mastigo velhas canções entre os dentes
a culpa é de deus é que me deu um coração vagabundo
que só me faz chorar por mulher ou futebol
as cartas desse baralho estão marcadas
todas essas besteiras contemporâneas
dos celulares
televisores e drogas sintéticas
pra dizer que sonhei com o sorriso largo
e os olhos negros de Luana
sem te procurar no jogo de búzios
te encontrei no inconsciente
noturna, intensa e misteriosa

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Maria-Mole.

é que boicotei todos meus sonhos
violentos, passageiros e absurdos
em troca fiquei com a lentidão da cadeira de rodas
e algumas coisas vazias e mal resolvidas
dentro do peito
quando olho no espelho só vejo defeitos
mas qualquer clima é clichê
na duvida sobre o futuro
no remorso sobre o passado
não se enforque
há vidas desafinadas
pelos cantos
pelas beiradas
transpirando amor e pó
entendi os astros depois do coma
a morte
pra uns depende apenas de ter sorte
ou não
por isso esboço sorrisos disfarçados
quando há mulheres no quarto
e celebro essa porra com drinques enquanto o céu escuro beija minha janela

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Farpa no Dedo.

guardei meu tempo perdido
alucinado na barra da sua saia
rendada
foram mais que uns porres juntos
quando não tem sol na janela
e o sexo na primeira noite de lua cheia é incrível
você é a besta ferida
procurando repouso nos meus carinhos vulgares
outras madrugadas passam delicadamente
em outros lugares também
meu bem
meu bem
há magia em teus olhos fluorescentes
intoxicados de neon
no teu busto avantajado
e no teu jeito distante de cantar
e de amar

domingo, 6 de agosto de 2017

O Telepata Sincero.

das intensas paixões
quase nada me restou
alguns desenganos
perfumes
lágrimas e canções
é que a vida ainda não acabou
e os pileques são sempre bem vindos
ás vezes é necessário sofrer
por amor
por besteira ou solidão
e eu só morro se for no verão
não tento mais o suicídio
sabe?
tem hora que é foda ter que conter os exageros
sempre haverá garotas malditas
pra causar estragos
dessas que flertam com o mormaço
que te fazem ateu
se pelo menos eu acreditasse em deus
e meus erros fossem televisionados
talvez coisas doidas não aconteceriam com tanta frequência
dentro de mim

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Pomarola Gordão.

minha realidade era vulgar
e barata demais pra nobreza de seus sonhos
estive perdido pelos bares
biqueiras
becos e banheiros sujos
enquanto você guardava as sobras de sol e de desejo na bolsa
eu chorava no colo de uma puta analfabeta
adiando a morte na esperança de te reencontrar
brigando com os ponteiros do relógio
entre copos e estrelas
estive apaixonado
buscando suas sutilezas pelas sombras indelicadas de outras mulheres
procurando qualquer semelhança com seu sorriso
assumi meus riscos
e capotei o carro do meu pai
bêbado e com saudades de você