quinta-feira, 28 de abril de 2016

Café de Consultório.

depois dos desacertos que levei do primeiro mês em coma
vaginas, andadores, ácido e cadeira de rodas
a emoção dos primeiros assaltos
vidas engatilhadas
briga de facas na escola
todo mundo sabe o quanto eu me fodi por causa de mulher e cocaína
bonecas amputadas
menstruações atrasadas
filmes nacionais com cachaça
a sobriedade falsificada
ninguém é feliz numa clínica de recuperação
desde os quatro tiros que dei naquele são-paulino
8, nove anos atrás
remorso se tornou sentimento deselegante
num golf roubado as coisas parecem ser boas
 duzentas e cinquenta gramas de pó
estrategicamente escondidas num mocó
auto de data pro crime
cortejando vadias
suicidas pensam em venenos ou revólveres
eu busquei a corda pela estética da cara roxa
igual minha vizinha da rua Tocantis

terça-feira, 26 de abril de 2016

Papel Toalha.

pra enfiar meu dedo torto em você
te ver beijar outra menina
adoçada com adoçante
se mostrando 
quando cê vem
vem sempre diferente
seus traços entoxicados
sal, limão e tequila
Carolina Herrera
ouço os relatos dos seus dias
quando menstruou
onde foi
que roupa usou
desdenha da minha barba grande
num feriado de quarta -feira
bota sua língua na minha boca
me beija
na solenidade do seu boquete
fita meus olhos
e despeja uma gota do seu veneno
- cachorro.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Bar & Lanchonete Pavão.

pouco antes da Bia voar pra Europa
eu rodei vendendo crack na rodoviária
com a mesma simpatia dum samba antigo
engoli vinte e uma pedras
e fui sorrindo dentro da viatura
posei numa cela da delegacia
depois de apanhar um pouco e assinar um 16
meu carisma envenenado
de quem completava dezoito anos naquele dia
de baixo de alguma sombra poluída e
com 210 reais em droga no meu estômago
perdido dançando forró no escuro
resolvi voltar pros assaltos depois de vomitar
conheci duas garotas de programa
e fiz um menage com a Bia e a Iara pouco antes dela ir pra Europa
um tempo depois eu tava nos fundos dum boteco
comendo churrasco, bebendo cerveja e vendo jogo de futebol
uma pretinha deu um disparo acidental que passou de raspão na minha barriga
lembrei do terreiro de Umbanda da minha tia Rai
comi um pedaço de carne e agradeci
ela engravidou de alguém e virou crente depois
de ter chupado meio mundo
inclusive eu
encontrou jesus e se regenerou
mas aposto que ela ainda sonha com pintos duros
deus não vê siriricas em baixo das cobertas
todo mundo já mijou em árvores
somos cachorros correndo atrás de carros

terça-feira, 19 de abril de 2016

Bar do Magrão.

vi uma primavera inteirinha
decaída no mel dos seus olhos
coloridos de sacanagem
mensagens subliminares
entre suas coxas de veludo
um Exu escondido na tua boceta
antes das seis da tarde
morro de overdose e saudade
como o tempo que alisa teus pelos
seu espelho que tem a sua cara
e as tardes inacabadas
com o cheiro do seu perfume
coisas celestiais e paradas cardíacas
um pouco do seu sangue no meu pulmão
um buquê de flores envenenadas na palma da sua mão
e setenta e sete beijos que saem da tua boca
o amor é uma velha encardida fumando cigarro na varanda
e nós estamos em abril
a intimidade com a dor é só pra quem já sentiu
a realidade dos seus escândalos me convencem
por essas e outras nunca te chamei pra ir ao cinema
mulheres iguais a você precisam de mais
muito mais

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Essa Julia...

olhe as pombas em cima do muro
do lado de lá da janela
a nudez desse céu 
todinho pintado de azul
é verão o ano inteiro
essa Julia diz que queria estar morta
e não me responde mais
sera que se matou?
suicídios não combinam com dias quentes 
nem com morenas bonitas como ela
o dia é fetiche da noite
tantas flores perdidas por ai
nesses descaminhos 
eu não vi a Marcela desde que ela saiu da cadeia
se a Julia morrer eu me mato também
minhas piadinhas são cretinas
eu sei 
meu bigode cheira á café
preciso cheirar a Julia antes que qualquer merda aconteça
já disse que suicídios não combinam com dias quentes
nem com morenas bonitas como ela...

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Fulô.

não fugi dos teus olhos sonsos
prometi meia-dúzia de besteiras
antes do jogo acabar
e vi um girassol na tua bunda
o vento morno do ventilador
depois da chuveirada 
sair pingando do banheiro pra secar no meu colo
cheirando á terra molhada
em plena estiagem de minh'alma 
suas cores, seus medos e amores
seus dramas, brincos esquecidos e colares
me beija morena beija-flor
tão fértil e bonita
pronta pra me dar uma filha
na complexidade do teu signo
gozei aos 45 do segundo tempo
corrompido pela tarde quente e
pelas suas tetas na minha cara
minha violência é efêmera
minhas paixões também
das nossas inconfidências amorosas
o que nos resta é apenas o sexo com cerveja e futebol

sábado, 9 de abril de 2016

O Espelho que Beijava a Puta.

outra bituca no cinzeiro
sua fé de álbum de figurinhas
deus morreu atropelado por um caminhão
na BR 153
te enganaram moça bonita
hoje não vou sair de casa e
amanha tem jogo
vou chamar a Jaque pra vir pra cá
a vida é doce igual pinga com coca
sua paixão por um médico cubano
seu orgasmo nas preliminares
seus bicos marrons
essa coisa de ir embora mais atraente
do que quando chegou
carinhos mal-intencionados
sou um fodido
seu cabelo tem um cheiro bom
se não houver mais talvez
e meus porres cessarem
a maneira do tempo passar quando
a gente ta junto
confundo seu sorriso com a janela aberta
misturada com álcool e pouca vergonha na cara
me deixa jogado na cama antes da minha mãe chegar
desaparece junto com o sol
a noitinha em mim

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Vânia Cretina.

Ellen é o de repente
desvairada
cheirando  a sexo numa tarde quente
o jeito de se mover na cama
indisciplinada
o tesão exposto no ventre melado
Ellen é uma diaba morena
diz que as mulheres que me conhecem nunca irão me namorar
desgraçada
debocha do meu desabafo
adora uma linguada no rabo
mas não vale uma picada de fumo
não entende porra nenhuma de poesia
mas veio buscar um três oitão que tava aqui em casa
de cabelo preto
ri do meu pau mole
Ellen esbanja carnes, curvas e cores
Ellen sabe que não somos inocentes
de fato as trepadas ainda são boas
e tenta me convencer a pegar 1kg de pó pra vender
reclama do cd do Mundo Livre S/A
Ellen é filha de bandido
usa um Mizzuno colorido
deixa eu gozar em sua boca
Ellen tem olhos de criança desobediente

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Segundo Ano.

vi o sol lambendo sua pele
a sonoridade dos seus sonhos
depois que eu ejaculei no teu umbigo
você riu e perguntou; - um filho?
eu disse;  -  vamo pro Recife?
no mormaço
fica bom seu abraço
pra enfeitar meus excessos
cachaça, maconha e sexo
ponteiros nas horas
persianas dos amanhãs
faz muito tempo desde ontem que passou
quando te conheci era tarde da noite
uma cerveja, dois beijos de boca
e sua mão encontrou meu pau
as cenas desse filme quente
seu cheiro no meu travesseiro
esqueci seu nome pela manhã
estudante de psicologia
trepa direitinho
esfriou meu café
deu bom dia pra vaca da minha mãe
e picou a mula educadamente

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Das Treze e Meia ás Dezesseis Horas.

não Bruna
eu não me importo se você esqueceu de se raspar
pra vir me ver
não me importo pra quem você deu
no domingo
nem com a crise no
nosso país
sua boca anda ensolarada
não me importo se você deu um nó na
camisinha antes de jogar
fora
o cheiro do seu cu ficou na minha cara depois que você foi
embora
não me importo com a sua irmã que
não gosta de mim
você fica tão linda bronzeada
uma obra esquizofrênica do Bispo do Rosário
que se impressiona com os tons de azul no meu lençol
desde os 14 não sou mais réu primário
não me importo se a porra do mundo acabar
enquanto a gente transa ouvindo
Jorge Ben
me abraça no calor
de sexta á tarde e conta mentiras
no pé do meu ouvido
flerta com as estações do ano
ciente que te prefiro nos dias de sol
soada e quente
das treze e meia ás dezesseis horas