terça-feira, 28 de abril de 2015

O Suicídio De Deus.

enquanto deus fica sentado na varanda
fumando carlton e bebendo cerveja sozinho
observa mães adulteras
recebendo hóstias goelas abaixo
pedindo perdão por foder com um amigo do seu filho
achando que o inferno existe
e pecadoras como ela vão pra lá
por vergonha ou falta de coragem não vai ao confessionário
deus ri
das suas plásticas
do sexo amador na cozinha engordurada
observa adolescentes no banho
batendo siriricas no meio do dia vendo sites porno
experiências homossexuais com a amiga no vestiário
deus diz que tudo vê
pais de família trocando botijão de gás por pedras de crack
Nelson Gonçalves viciado em pó
cantando boêmia
até o raiar do dia
procurando prostitutas
que nem meu avô  contou
deus fecha a persiana e se masturba escondido
vendo um casal gay num beco
deixa o arroz no fogo
deus se torna um ébrio em período integral
perde a fé em si mesmo
esquece que é deus
deseja não existir mais
deus morre bêbado
com um tiro no ouvido
suicida
de olhos abertos
olhando fixamente o lado preferido do seu quintal.

O Homem Vira-Lata.

espere as estrelas dormirem
no capô de um carro qualquer
nessas ruazinhas vazias
onde se confunde o asfalto
com o céu preto
cante Gal
ou Simonal
fingindo ser alegre por bebedeira 
ou por ironia 
se arrisque no semáforo amarelo
engane a solidão com garotas descartáveis
mascando chicletes de menta
perdendo a virgindade de calcinha cor de rosa
aos 16 anos
viver é a maior mentira que seus pais te contaram
cicatrizes reais não combinam com suas fantasias
ressacas não ensinam nada a ninguém
beba mais um pouco
cabeças boas planejam várias tramas
narizes bons cheiram várias gramas
hoje em dia só rico morre de overdose
não espere o amor acabar pra poder sofrer
leve a serio quando ela falar em filhos
quando o menáge acontecer demonstre amor
doe seus órgãos
sempre tem gente mexendo no lixo
não tenho histórias românticas pra te contar
nenhum remédio pra me dizer que eu sou bom
qualquer coisa liga pra polícia e me denuncia
melhor deixar pra lá
enquanto bebo Whisky barato com guaraná
se acostume com meus erros constantes
e babo com seu rabo abanando pra mim
sempre estivemos longe do fim.


segunda-feira, 27 de abril de 2015

Preciso de Óculos.

não há dignidade no amor
verbo assassino 
proclamam bocas doentes
"te amo"
me disse Daiana
com o cu aberto na cama de sua mãe
não acredite nos ponteiros do relógio anunciando 4 da manhã
o tempo é fator desesperador
que confunde veneno com amor
dispenso sua sinceridade bipolar
mulher de tetas bonitas
não chore
pra quem vive na senzala
amar é apenas mais um corte
aguente tua dor
as vezes o tamanho do pau não compensa
seu lado feminino me ensinou
agradece a um deus viado
que veste a calcinha da irmã e faz poses em frente ao espelho
sensualiza vulgaridades pra si mesmo
e eu culpo ela
por me apresentar essa doença chamada de amor
e o que importa se meus crimes foram por ideais
se eu nunca votei
se usei fralda depois dos vinte e dois anos
pra mim tanto faz abortos bem feitos
ou o nascimento de crianças abortadas
te amar supri minhas necessidades de prostitutas aidéticas
é claro que gostaria de uma orgia no meu aniversário
você com outras mulheres e o meu caralho
mas renego até meu sexo
porque se um dia eu ficar cego
você me disse que pode ser meus olhos.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Romance De Despedida De Solteiro.

demônios assoviam canções
entidades mestiças cheirando a cigarro e café
clima de romance com a t.v desligada
nessas tardes escuras
pessoas más também se apaixonam
e desejam comer suas amadas vivas
sem pelos
cabelos
preservativos
economiza goles pro Whisky não acabar rápido demais
não pede nada pra cristo
não se comove com a depressão do seu pai
pelo menos trepe bem
se acostume com a traição
todas traem
sofra pouco
quase nada
toda dor é válida
o amor não tem cor
essa porra toda vale a pena
se toda segunda-feira é dia de Exu
é também de Omolu
estende suas paixões no varal
pros vizinhos verem
e aceita que toda verdade é de mentira
desconfie
esse jogo sempre foi divertido
viva mais.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Ariela Menina Magrela Filha Do Cigano.

as vezes ela costuma chorar
xinga, arranha meu saco
as vezes ela tem mania de sangrar
perde a lucidez no ciúmes e na cachaça
no ápice da sodomia morde minha cara
me chama de cafajeste
transita nua pelo quarto
com os peitos de fora
sente na pele a dor de um parto
sobe na mesa e pede truco
apostas perdidas
e um amor de outra vida
ignora conselhos
se tiver de bem com o espelho
sorri desconfiada com meus carinhos
se veste de mulher
brinca de madrugada
disfarça mentiras com beijos na boca
escolhi te amar
porque tenho o instinto auto-destrutivo
desrespeito a quaresma
é bom te ver lavando a calcinha na pia do banheiro
sou capaz de plantar o terror no umbigo dos  outros
no seu não
esquece o lado direito do meu corpo
que é mal e podre
meu coração fica no outro lado
o esquerdo.

sábado, 18 de abril de 2015

Frank Lucas.

no pé do teu ouvido
meus cochichos
desregrados
meus agrados sempre mal-intencionados
de topless
sobe minha temperatura corporal
testo seu tesão
perfume, boceta, bijuterias
gozar no seu salto
alto
noites sem fumaça
deixei de lado alguns vícios
a antipatia
e algumas vadias
te amar é meu castigo
mantenho o nariz limpo
longe do perigo
me virou ao contrário
sou fruto das madrugadas inacabadas
acompanhado de lindas garotas drogadas
não existo mais
somente resquícios
nunca fui poeta
sou terrorista.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Dente Postiço.

deixa de lado as previsões astrológicas
do teu signo
olha bem
os passarinhos invadindo a janela da cozinha
lembre do sexo de ontem a noite
esqueça as notícias dos jornais
as vezes cai bem um pouco de paz
o sol ainda queima
ainda bronzeia a pele das morenas
o relento que te corrompia
esquece aquela manha de sexta cheirando a morte
sem perder a postura com a corda no pescoço
a vida real não permite reprises
reaja antes de cair
se apanhar
bata também
sonhos suburbanos de lingerie te seduzem todos os dias
ladrilhos alucinógenos
de quem desconhece a depressão
incorpora o cadeirante
ex ladrão
eterno marginal
que come as garotas mais lindas do bairro
e deseja morrer na sua própria sujeira
não da pra disfarçar o amor
é melhor não fugir.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Secando ao Sol.

todas noites de estampas coloridas
corpos pingando suor
mistura de sais
sobras do verão passado
a memória dispensa registros fotográficos
transas etílicas
todas madrugadas são quentes com você do lado
abençoadas suas marcas
decorei suas cicatrizes
no pulso, seio e joelhos
é difícil te amar sem te fazer sofrer
seus escândalos são todos necessários
eu sei
seu choro me machuca também
lágrimas de ateu que vê deus na hora da morte
teus beijos com gosto de caco de vidro
é a causa do meu desequilíbrio
tudo em mim é muito
não nego o excesso
quando a T.V desliga e vejo seu reflexo
faço milhões de merdas num só dia
pra pedir desculpa
te transformo em poesia
te peço um filho
um quintal
e que desligue o ventilador antes de dormir.

domingo, 12 de abril de 2015

Poesia Do Teu Seio.

Escorrego na minha própria dor
na saudade dos teus olhos de meia-noite
imagino seu sorriso
o gosto e o cheiro dos teus orifícios
fracasso em tentativas ridículas de te amar
teu gênio arredio
de bicho impossível de ser domesticado
me morde
me arranha
devora minha alma
acaba com minha vida
e na manha seguinte beija minha boca e se despede
trapaceando meu amor
mutilando meu caráter delinquente
fazendo drama
distribuindo charme
fodendo com meu orgulho
sem chances pra outras
porque eu só quero você
só amo você
só como você
e só penso em você
as vezes tenho medo do fim..

sábado, 4 de abril de 2015

A Fome.

te cobiço de longe
invento desculpas pra te encontrar
pra te medir
pra te olhar
manipulo seu desejo
disfarço meu tesão
em você
gosto das morenas
nós sabemos
então joga logo o teu feitiço em mim
vira minha cabeça
que eu vou sem exigir amor nenhum
te apresento pra minha mãe
largo da namorada
pra viver um pouco do teu lado
um ano
seis meses
ou só uma tarde
juro que não te peço dinheiro emprestado
e te escrevo mil poemas num feriado
sem cocaína, sem violência
é só me dar um alô
pode me chamar de louco
mas é só você me querer um pouco.

Mulher da Boca Transcendental.

preciso dos seus olhinhos inquisidores
prontos pra me atirar na fogueira
me torturando vivo
preciso do seu temperamento nordestino
sangue retirante que explode coquetéis-molotov na minha cara
preciso das tuas mentiras mal contadas
que finjo acreditar pela paz mundial
suas cicatrizes são o mapa pra minha destruição
preciso do seu sexo
seus pedaços amontoados na cama
preciso dessa dor maldita e miserável que cê me causa sem saber
preciso do teu sorriso de garota emancipada pelos pais
das unhas dos teus pés pintadas com esmalte vermelho
preciso dos teus medos
e das suas constantes ameaças pra me prender no teu chão
entenda mulher você me prendeu até outra encarnação
preciso que você me acorde
me atropele com teu amor devastador
esse amor doente, desgraçado
cheirando a desilusão prematura
esse câncer dentro de mim que não tem cura
já desfiz outras transas por você
preciso de você pra consumir meu tempo
pra testar meu sentimento
pra jogar gasolina na minha loucura
preciso de você aqui
comigo.

Cesariana.

Separo meus segredos
dos teus
não acredito em toda merda que me dizem
"eu te amo" virou clichê que psicopatas depressivas dizem com o cu cheio de Rivotríl
não acredito no pé gangrenado atrás do maço de cigarros
não espero que deus surja da puta que pariu
pra salvar nossas almas sujas
não me arrisco a te contar minhas verdades
há muita porcaria escondida em baixo do meu tapete
a dúvida é uma dádiva universal
esse jogo de armas e drogas eu conheço bem
tire o cachorro da chuva
amar é perigoso
aposte no seu time
não importa o resultado
não acredito em toda mulher que diz que me ama
esqueço a glória num cartaz de cerveja
me acostumo com a derrota cotidiana
somos todos uns cretinos
egoístas
uma raça de aleijados
paralíticos mentais
fetos em vidros com formol
não acredito em ninguém
não somos vip's nessa festa decadente.

Meio Dia.

diz que sente tesão por mim
que goza dormindo
que se masturba lendo meus poemas
que deseja meu pinto dentro dela
diz que sonha com meu cheiro
manda fotos pelada quando fica bêbada
diz que se eu deixar ela é capaz de me amar
chora de saudade na cama de outros
que pensou em se matar com a carabina do seu falecido pai
quando me viu na cadeira de rodas depois do coma
ficou um ano sem fumar
por causa dum livro do Camus resolveu voltar
menti descaradamente
pra tentar me convencer sobre nós
eu perambulo de mulher em mulher
fascinado por corpos diferentes
meu amor é transparente
meu espelho só reflete recordações das nossas fodas matutinas
vomitava todos meus delírios no seu grilo
te  convencia que era mais bonita que a Tati
só pra te ver sorrir
nunca fui bom com sentimento
você soube disso quando eu ri te vendo chorar.