terça-feira, 16 de agosto de 2022

Tarântula e Frenesi.

e é nesse enredo epilético
que você me acontece
sambando qualquer samba obsceno
de alegorias imaginárias
ensaia suas tramas
e finge orgasmos e dramas
em posições inimagináveis
compõe destinos vulgares
deslizando o dedo sob minhas tatuagens
antecipa o verão com planos de sol
piscina e suicídio
brinca de putaria franciscana
sem sutiã  me prepara drinques sabor uísque, gelo
e ansiolítico
você me enxerga 
quando eu só te vejo
memorizo seu rosto
seu cheiro
seu beijo com gosto de menta e desespero
seu reflexo estampado no meu espelho
sua risada debochada
seu sexo de pomba-gira embriagada
a bagana fedorenta esquecida no cinzeiro
você prefere o estrago
a um romance cinematográfico
gosta das madrugadas
e toda vez que você aparece
eu viro testemunha ocular dos seus delírios
e me envolve nos seus lances
de grana, tráfico e apocalipses
sendo a atriz principal
nesse nosso filme cult esquisito
você atua plena 
sempre avessa á conversas sérias
sem tempo a perder com flores ou poemas
me faz de coadjuvante
que ri enquanto se incendeia o circo
eu também não tenho a ambição
de ser muito mais que isso
e de alguma forma ou de outra
nossas fodas mais bem dadas
sempre acabam em piadas 
e resultam sempre em nada
vezes nada
mas como é o vício
eu insisto
e aposto em você
mesmo sabendo que vou perder
e no final a gente nunca sabe 
se quem se fodeu mais foi eu 
ou se foi você.