quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Tragédia aos 22

Minha intenção era morrer, não foi uma súbita decisão eu já andava pensando nisso a um tempo.
Foi depois que eu dei 4 tiros num são-paulino por um motivo banal, ele não morreu mas depois disso acho que perdi um certo valor do que é a vida eu enxerguei como somos indefesos contra nós mesmos, frágeis a vida é sustentada por um fio de cabelo, uma hora se ta vivo rindo, chorando, brigando, trepando e ai de repente se ta morto numa calçada, num quarto de motel vagabundo, ou pendurado numa corda dentro do seu quarto é assim como uma estrela cadente, rápido muito rápido.
Que me desculpem os cristãos mas quando eu estava no inferno eu queria é abraçar o capeta , estava intimo do tinhoso. Andava cheirando muita cocaína, sempre gostei mas tava demais e eu sabia, já conhecia todos os mendigos e já tinha comido todas as putas de uma casa de massagem que tinha perto de casa todas minhas vizinhas, amigas e alunas do London e do Cardeal.
 Roubava muito também, lojas conveniências, postos de gasolina, carros eu ganhava um dinheiro bom mas ia tudo pro pó e pra putaria desenfreada já tinha vários problemas com a polícia era questão de tempo, ou eu ia morrer na mão deles ou iria matar um ou então cadeia. Uma coisa era certa meu final seria trágico. Mas eu não estava feliz em dormir de nariz entupido nem com aquele tanto de buceta, peitos e bundas deveria estar mas eu não estava, eu me sentia cada dia mais frio e vazio, estava cavando minha própria cova, sendo meu próprio carrasco. Um mês antes um senhor que me vendia cocaína no peso me disso uma frase que me atingiu como um tiro:

 - Ó malandro que é malandro não cai, desisti.

Era uma sexta-feira de setembro 7 horas da manha. Eu me enforquei no meu quarto aos 22 anos.
Morri numa sexta-feira de manha.