terça-feira, 29 de março de 2016

Mais Uma Por Favor Chefia.

seu corpo de beira de piscina
Maria Rita amadurece desbotada
sem estampas floridas
na casualidade do nosso sexo
me invade radiante de tesão
e nua
procura baganas dentro da bolsa
Maria Rita é uma sombra enorme
e radioativa
me beija viciada
me pergunta da Jheni
me pergunta da empregada
desperdiça seus chamegos
e me olha
com olhos de cigana
prestes á descobrir todas
as merdas que faço
Maria Rita parece essas tardes de sol e chuva
que ninguém entende
Maria Rita ta sempre de passagem
de propósito
pra fazer doer de saudade
juntar seus pedaços
e clamar por mais
te guardar sem nenhuma lembrancinha
na memória sorridente dum choro de cavaquinho
mil poemas com os esboços que fiz de
Maria Rita

quarta-feira, 23 de março de 2016

O Câncer da Francisca.

porra
nunca fui pacífico
minhas mandingas são atentados
terroristas
o sexo é contravenção
não peço benção pra cristo
a euforia dos tragos
antigamente era roubo de carros
vadias dissimuladas em desmanches
violentos jogos de futebol
essas fita de embala droga em motel
boquetes
boi é toalete
157
chora o sal do próprio corpo
essa merda é uma piscina rasa
flutuam policias e socos na boca do estômago
o ódio prospera naturalmente
cocaína e um bom negócio
pra quem não usa
dois tiro pra ela tirar a blusa
e o crime é assunto de bar
cultura  exclusiva de periferia
onde não se tem tevês de plasma
carro novo
empregada doméstica
o revólver embeleza a estética
i podh
peita de marca
mas a vingança é o crack
que não faz distinção entre pobre e rico
logo seus filhos aparecem no corre duns pino
e o cheiro de bosta vai invadi prédios e condomínios de luxo
nosso anzol tem a isca do vício
é fácil fala da quebrada com todos móveis na sala
e eu?
eu ainda sou o vilão
que ainda transa com várias burguesa gostosa
andando de andador ou numa cadeira de rodas
que eu posso fazer se a
corda
arrebentou

terça-feira, 22 de março de 2016

Milagre de Lata de Sardinha.

nesse eterno cine privê
vi seu rosto por aí
bem na porta do meu banheiro
pude ver
seus pelos descoloridos
de água oxigenada
se sua mesa é sempre farta
vergonha na sua cara é o que falta
de fim de semana afunda o
nariz e
me manda mensagem de madrugada
travada
disposta á me amar até numa uti
diz que só ando com puta e
bandido
drogada você é mais legal
uma overdose cairia bem com
seu novo vestido
e eu tenho bons contatos e
clientes
e parentes
não confie num Judas
"amante de putas"
que bebe cerveja e conhaque
dropa uns doce com manguaça
cada um é responsável pela ressaca conquistada

domingo, 20 de março de 2016

Lígia.

na minha cama
te mostrei a sinceridade dos meus vícios
blefei com teu seio direito
a janela pornograficamente aberta
essas coisas de suicida 
o que sobrou de mim
são só estilhaços
todo meu desejo pelo avesso
na moldura da tua boca
das brigas de bar, de rua ou de futebol
você viu 
as cicatrizes e os dentes quebrados
em noites vagabundas e seus retalhos
ilustrei minhas bebedeiras
ignorei as saideiras
pra cheirar seu rabo igual os cachorros fazem
em dias menstruados
que aprendi a te fazer gozar
e a chorar pelas esquinas
a verdade Lígia é que eu entendo sua mágoa
talvez seja melhor voltar pro seu vibrador
ou pra pica enorme do seu ex
namorado

sexta-feira, 18 de março de 2016

Beijo de Boca.

como a tempestade que vai
uma ressaca de pó
ela é
uma crônica real
um sol preso numa gaiola
que me atentou sem calcinha
e deixou fios de cabelo
espalhados pela cama
morena indomável
gritando pelos muros
deixou minha madrugada mais bonita
e eu mais bêbado pelos seus olhos de canábis
despertei na sua carne
e um trinta e oito escondido na gaveta de cuecas
garotas como ela
costumam deixar reis de quatro
escandaliza as paredes do meu quarto
explícita com a camisa levantada
meus sonhos são viagens de lança-perfume
e você
foi feita pra ser tomada quente

quinta-feira, 17 de março de 2016

Ana e o Menininho.

baila no inferno
na missa dos prazeres
cúmplice de pecados
a preguiça no seu sorriso cor de meio dia
no estado de graça que eu deixava seu clítoris  
somos promíscuos negona
infiéis por natureza
seu veneno despejado em outros paus
eu sei do seu talento
continuo obcecado pelos astros
pelo sol, pela lua
e pelas mulheres
somos de barro minha menina
tua cara lavada de onça pintada
suas siriricas no meio da tarde
mas a vida é um negócio de fazer
de mexer
de errar
você gosta dos vira-latas
e deve se odiar por ter tatuado meu nome
no seu rabo
me divirto só com um pedaço de céu
desenhado na janela do meu quarto
mas tudo bem
tudo que é belo é vulgar
e eu só não soube te amar
não me difame por isso

segunda-feira, 14 de março de 2016

Pique a Ceci do Noel.

amanheci com tua libido
na ponta do meu dedo
seu sorriso ao relento
no cheiro da tua nuca
espreguicei de cueca
nos beijos etílicos que cê me dava
fornica com seu próprio desespero
na intimidade dum espelho
planeja o suicídio
e vai embora sem se despedir de mim
quando a noite brinca com o dia
eu sempre bebo de mais
sou o morto que viveu
o maldito milagre de deus
nos mesmos crimes
impune e
você é uma estrela comprada
com dinheiro do tráfico de cocaína
é que fica difícil saber o que teu corpo esconde
numa madrugada quente de verão
teus vestígios ainda estão no meu lençol
sua carne chamuscada pelo sol
pra te tomar em goles amargos de destilado
nesse seu sotaque arrastado
dormir de fogo de novo
ao teu lado

sábado, 12 de março de 2016

Suja de Tinta.

Jaqueline limpa minha boca com as mãos
transita sua liberdade em muros grafitados
e me sorri com o olhar
Jaqueline gosta de garotos, de maconha
e de garotas também
de traços delicados
sua boceta é doce
seu tempo é outro
seu corpo é morno
sussurra na minha insônia
morena desabrochada
uma rosa
uma primavera misteriosa
um samba prematuro
um eclipse equivocado
uma estrela solta no céu

quinta-feira, 10 de março de 2016

Comida de Santo.

sentada no meio
fio da vida
suas lágrimas dão samba
convulsiona em frente o espelho
dispensa homens e bitucas de cigarro
tropeça na própria sombra
sua pele dourada de sol e lama
se despede antes das quatro da manhã
sem pressa
sem últimos goles
brilha cega de vaidade
é tudo sobre o absurdo do teu beijo
e a morenice dos seus olhos
afogada na janela
olhando pra lua
delirando um grande amor
sob efeito de qualquer droga
num monólogo consciente
sente prazer com os próprios dedos
e goza estrelinhas
sempre sozinha

segunda-feira, 7 de março de 2016

Entre o Muro e o Teto Tem Um Céu.

a gente carrega um inferno
dentro da gente
e deus é uma adolescente problemática
que fuma erva escondida no banheiro
da escola
a morte antes dos trinta tem um certo glamour
você bebendo vodca
vestindo minha camisa cavada
descalça
você é  uma música alta
é o dia lá fora
olhos macios
crônicas infantis
o veneno que matou todos os gatos da minha rua
o gargalo da garrafa que usei pra retalhar o rosto dum cara
na Murchid Homsi
o caos nessa sua boceta
violência na silhueta
se os outros censuram o lirismo dos seus porres
eu te prefiro bêbada
amando ao contrário
com um satélite enfiado no cu
esperneia minha boneca vodu
enfeitando minhas tardes
como os imãs coloridos na geladeira
bolo de fubá
e camisinha sabor chocolate

quinta-feira, 3 de março de 2016

Bala Chita.

fazendo graça
com o cabelo amarrado
rabo de cavalo
sorrindo
com o nome na boca do sapo
elogios indecentes
sussurros obscenos
nos seus olhos rasos d'água
de cara lavada
amar é bom
só longe de casa
te analiso de quatro
tiro o pau e
passo a língua
sua moldura escandalosa
suas curvas em declínio
a carne clama por mais
tudo é muito pouco numa tarde de verão

terça-feira, 1 de março de 2016

Jugular.

ela tem a alma enterrada
na beira dum rio
cheirosa que nem flor
do campo
desabrocha num abismo de preces
nas novenas esquecidas
parece canto de pássaro 
que a gente não sabe o nome
esses bicho que vive embrenhado no mato
que por onde passa
deixa rastro
de pelos ouriçados
não esconde a líbido
e goza na boca do inimigo
flerta com a noite
sem ser domesticada
brinca com o açoite
venta no seu cabelo preto
suas lágrimas tem cheiro de terra molhada