quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Flor de Janeiro.

ela deveria ser rainha de bateria
dançando seminua na avenida
deixando pra trás
uma porção de estrelas e anjos caídos
espalhados pelo chão
e como seria se ela fosse minha?
nas madrugadas irresponsáveis
quando seus olhos floridos conhecessem
a violência dos meus breus
meu histórico suicida
meus problemas com a justiça
e minhas ressonâncias magnéticas
sera que ela me amaria?
com a tv desligada
sem camisinha
depois que o carnaval acabasse
nas chuvas mornas de verão
nos domingos de futebol, sexo e cerveja
quando fosse só nós dois versus o mundo inteiro
e do avesso
de ressaca e sem maquiagem
eu diria
- que menina bonita

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Claudemir Vendedor de Crack.

ela ri dos meus dentes fodidos
por causa de pó e porrada
repara no meu bigode e me chama de canalha
perde a conta contando minhas cicatrizes
andando pelada pelo quarto
enquanto eu encho a cara
de quatro da seu rabo pra eu chupa
cabelo amarrado
rabo de cavalo
ela adora cavalga
tenta entende qualquer merda que eu falo
no estilo Maria Rita
esconde dentro do peito um diabo que grita
menina sinistra
lá fora chove estrelas cadentes
aqui dentro ela fica bonita arreganhada
dizendo que eu não mudei nada
que conheceu minha ex namorada
que só penso em bola, xota, grana fácil, droga e cachaça
ela me pergunta sobre o futuro
eu respondo que o mundo ta ao contrário
e que se nada der certo eu volto pro tráfico
ela sorri
e beija minha boca como se fosse minha cúmplice

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Abel Problemático.

se for pra me ver morrer amando
por favor não enxugue meu pranto
deixe que digam isso e aquilo
que fui vadio, bêbado ou promíscuo
diga que da cachaça
aproveitei mais das farras do que das ressacas
que meus crimes foram por vaidade
amante das noites quentes
das morenas indecentes
dos rebolados hipnóticos
dos decotes enfeitados de perdição
das curvas sinuosas
dos sorrisos
dos riscos
diga que fui suicida
poeta, ruim de bola e cafajeste
drogado, mentiroso e ordinário
conte sobre meus sonhos de verão
dos meus amigos presos
sobre as viagens de ácido
os sambas antigos com cerveja
diga o quanto eu esperei
por algo que nem sequer existe
diga o quanto amei
e que nunca neguei
paixões e saideiras

domingo, 3 de dezembro de 2017

Birocas Coloridas.

eu já não reconheço mais meus amigos
quase não suporto mais minha família
mas sempre bebo demais
é o que dizem
o caminho de volta pra casa é o mais triste
minha natureza é vadia
que passa os dias vagabundeando
pra lá e pra cá
sem sair do lugar
vendo as luas passando pela minha janela
obcecado por bundas
brigas de torcida, vestidinhos curtos, sorrisos
e sentimentos
sempre que posso xingo deus
e brinco na hora do sexo
com um diabo cochichando no meu ouvido
as vezes me sinto perdido
um passarinho aleijado
que quando dorme sonha estar voando
mas escolho as mentiras mais bonitas para acreditar
é que pra amar eu preciso estar bêbado
ou desesperado

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Miquilina.

enquanto você dançava
eu mastigava meio pedaço de ecstasy
e descobria os sambas ocultos
que os antigos malandros cantavam escondidos
do outro lado da lua
tava tudo ali
no teu corpo moreno de dançarina
no teu sorriso pintado de infinito
entre uma cerveja e outra
eu chegava a imaginar tua boca na minha
essas viagens psicodélicas quando me apaixono
picuinhas sintéticas
é que toda vez que te vejo
você ta sempre mais bonita que da última vez
seus traços negros impregna em minha alma de bandido
e deixa tudo mais bonito