segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Barra-Forte Verde.

enalteci morenas e malandros
perdoei dívidas e traições
fui fiel a antiga honra dos ladrões
passeei por entre avenidas
e antros de alucinantes perdições 
escolhi os melhores pecados
não me regenerei
costurei meu destino
com a linha preta do suicídio
quando brinquei com a corda em meu pescoço
alguns dizem que não era minha hora
outros dizem que joguei minha vida fora
eu rio
toda vez que transo, bebo ou uso droga
não opino sobre o que não vivi
sobre o amanhã
sobre todas as manhãs que eu dormi
consumido pelas madrugadas pagãs
existe um pequeno diabo gente fina aqui dentro
beberrão, malcriado e barulhento
toda vez que eu olho no espelho ele me acena
e com o dedo médio em riste me dita poemas
desenha sonhos e desejos no meu travesseiro
e me mostra como a vida vale a pena
apesar dos problemas
ainda há cerveja, mulheres e fevereiros