segunda-feira, 10 de abril de 2017

Monga.

ela aparecia com sua sombra desenhada nas paredes
feito bicho arredio
pregava as unhas nas minhas costas
em silêncio eu contava suas pintas
e decifrava teus olhares
ela se derramava no lençol branco
desbotava as cores azuladas das tardes monogâmicas
deixando pelo caminho a beleza dos minutos e
o tom da tua pele morena
eu resmungava Cartola no seu ouvido
ela desdenhava das minhas segundas intenções
e sorria lindamente
como uma Cleópatra indecente
me ganhava
rabiscava seu nome em qualquer papel
e me presenteava com o céu
num pequeno embrulho na  palma da tua mão
ela sabia das merdas que eu fazia quando ficava sozinho
e resolveu me deixar
...
tomei um porre
e chorei baixinho
escondido
pra deus não ouvir