terça-feira, 31 de maio de 2016

Manga Rosa.

escorria luz pelas frestas do teu corpo
luminoso e entardecido
morada de amor e desespero
habitual á mulheres da sua idade
descrente da flor
sorri devaneios medíocres e
se agarra ao travesseiro
na tentativa de camuflar o seio
com uma antena parabólica na xoxota
e nova tatuagem na carne
endividada pela  eternidade
busca no horóscopo desculpas pra não se suicidar
estou na beira do seu caminho
recolho seus pedaços de ressaca e te dou carinho
acostumado a te esquecer
te fazer gozar nas suas horas vagas
folgas no meio da semana
ruminando um passado com o João
querendo saber se eu não me arrependo
nesse fim de festa
nessa tarde sem sol
foi você que esqueceu seu cheiro no meu lençol

sábado, 28 de maio de 2016

Da Noite em Que eu Deixei a Débora na Mata do Zeus Porque Ela Me Atacou Com Um Pedaço de Pau.

um sábado ensolarado de presente
umas mentiras bonitas
um ebó pra te amarrar
muita aguardente pra gente ficar contente
brincadeira de carnaval fora de hora
mijar na rua
olhando pra lua
teu corpo bordado no meu
depois que até deus virar  ateu
pra festejar um amor impossível
de nós
das bebidas quentes
das armas brancas
dos meus dentes quebrados por causa de futebol
temos talentos mulher
você tem peito, bunda e coxa
te compro uns milagres baratos
desses de esquina
seu beijo estampado no espelho do meu
banheiro
só se for com você
sem camisinha
gozar em frente a tevê
assistindo cine prive
inventaram um sonho com seu nome pra mim sonhar
as alegorias no seu sorriso
e uma mancha branca no meu coração

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Véspera de Feriado.

ouvi seus lamentos dramáticos
suas queixas sobre mim
a indigestão que antecede o fim
- me joga fora que na água do balde eu vou embora.
você não achou nenhum pingo de graça
nem haxixe ajudou
eu pelejei um pouco
tentei mentir
pra te fazer sorrir
pra compensar meus vacilos
suas unhas coloridas no corpo de alguém que te mereça
que seu amor prevaleça
desculpe por transforma nossa última foda em poesia
ta tudo bem
apesar da vontade sonora de beber que me dá
quando perco garotas assim
como você
engraçado você me xingar de Judas
também tive problemas com corda Ana
um sorriso escondido na sua boca
num beijo macio de despedida

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Porque Deus Coloca Crianças Em Cadeiras de Rodas?

pra ver seus lábios dançarem em palavras e sorrisos
disfarçada de platéia 
um domingo desmanchado nos seus sonhos de menina encantada
alguns porres pra te conhecer melhor
seus olhos pendurados na minha janela
e sua alma desatinada vagando por ai
te apresentar minhas histórias tortas, sujas e indiscretas
te levaria em todos os sambas dessa cidade com meus amigos e suas namoradas
flores escandalosas no seu almoço
um jeito de enganar o fim
e sua mão alcançaria meu pau debaixo da mesa
um jardim surreal semeado no seu umbigo
rosas prostitutas
tulipas pornográficas
orquídeas amorosas
seu corpo é tudo que cheira/rosa flor de laranjeira
já dizia Manuel Bandeira
despedaçados seus suspiros
suas músicas preferidas
toda janela é espacial
o hoje nunca acaba morena
nosso tempo deixado em cima dum balcão
se o amanha ainda nem existe
vamos torrar nossas heranças em feiras hippies
viagens
livros usados
drogas, cd's e esmolas

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Xangô Agodô.

botei o ouvido no seu seio esquerdo
pra ouvir seu coração
busquei no seu sexo a redenção
desperdicei tempo com a Ana, a Bia e com a Jéssica
vacilei demais em tardes efervescentes
desfiz de um amor violento
optei por garotas psicopatas
um mês em coma me castigou um bocado
a Maria Rita tem olhos salgados
os da Julia são amanteigados
olhos calmos de feriado
uma paixão sem hora marcada
uma perdição, uma boca á ser beijada
já me envolvi em tantas brigas que medo virou ficção
na contra-mão do amor
gozei na sua boca
é sempre a mesma história
um trago e um café pra te ver indo embora
ás vezes só queria ser o marido morto da dona Flor
mas seu mundo é cor-de-rosa de mais pra me entender Bruna

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Dona Santa.

sua sombra desesperada apalpando guias
sarjetas e lágrimas juvenis
a atração pelas virilhas, vaginas e cu depilados com cera quente
no vitro do banheiro iluminados cogumelos com leite condensado
corrompendo santos em terrenos baldios
oh linda garota que bate punhetas antes de sol se pôr
garota apertada
tão úmida e vulgar
anjos hermafroditas vigiando nossas mães
desvirando chinelos
convulsionando doses de conhaque
- deus é gay mamãe.
disse a criança suja de tinta guache
mulheres histéricas fumando cigarros baratos
anti-depressivos
novelas e tomates maduros
menopausa
flutuam seus pelos pubianos pelas navalhas cegas
com as cabeças nos trilhos do trem
duvidando da lua
maldizendo o cosmos
carícias obscenas no meu quarto
línguas hábeis nos meus bagos
beijo grego
ruas apagadas
respirando a solidão
- é o ácido.
nas orgias carregadas de álcool
nos fios de cabelos esquecidos no lençol
nas pias  abastecidas de psicotrópicos
charmosas prostitutas frenéticas ás 4 da manhã
- preciso de um amor de pele morena.
sonhos fodidos de março a julho
amantes lésbicas
doces trepadas
motéis vagabundos
overdoses de pó
- moças, moças e mais moças.
profecias pornográficas sob a luz vermelha de neon
hipoglicemia
um velho malandro cantarolando sambas antigos numa esquina do meu cérebro adulterado
Ogás nos atabaques
saias de renda, olhos vermelhos e sorrisos agradáveis
agulhas e Exu's
Jeová sentado sozinho no ônibus
- sexo anal sem camisinha, cerveja e maconha.
meus amigos trancados em presídios
"o homem é o lobo do homem "
duas semanas de beijos insanos
vimos o céu desmanchado em amor e glória
tetas lascivas e indecentes esfregadas na minha cara
Maria dengosa e seu irmão mendigo perdido pelas ruas de São Paulo
sou da geração dos menores infratores
cheiradores de cola
sem abraços ou agasalhos
sou a linha da pipa com cerol no seu pescoço
seu pai alcóolatra e agressivo
o câncer na sua próstata
o oposto, o contrário
o cão que come na sua mão
a adolescente reabilitada
a calma ressuscitada em passarinhos na janela
nas suas pernas eu sou o meio
sou o sol na hora do recreio
sangue seco grudado no meu adidas branco
- lembra?

                                        Para alguns amigos privados de liberdade, para as mulheres que ainda vou amar e para as que me odeiam, inclusive minha mãe.

sábado, 14 de maio de 2016

Pedra 90.

vontade de fazer mandinga
pra você ser minha
te levar pra Bahia
haxixe e cachaça todo dia
pra conhecer todos os cantos
do seu corpo
palmo á palmo
pelos, cabelos
o folclore do lado de trás dos seus olhos
brilhantes
olha que a noite enfeitiça morena
igual velha em novena
quero os segredos escondidos na sua penteadeira
te quero dançando, bebendo
amando
pra dividir com você o pão e os pecados
multiplicar alguns orgasmos
você sem roupas e colorida
descalça
temperada de suor
há tanto tempo você me tem
na palma da tua mão
malandragem é disfarçar intenção
pois é nega
minhas cicatrizes não são de faz-de-conta
essa é a graça de estar vivo
esperar seu sorriso batizado na minha imaginação
diz pro seu namorado que o carnaval é em fevereiro
mas quero você sem fantasia o ano inteiro

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Anú Branco.

passeava o tempo nas suas costas
sob a legitimidade dos teus prazeres ilícitos
palmeia os bolsos
á procura do que te falta
seu vicio é o espelho
menina no cio
flutua de tesão pelas amigas e
amigos
gotas de colírio nos seus olhos castanhos
chora de bruços na cama
procurei amor na tua vagina
em todos os pedaços de você
descobri que o te falta
me falta também
no banho mijei no seu  pé
seu orgulho oculto de me ver
quase dois meses sem beber
sua boca recheada de ecstasy
senti o sol, a terra
o tom da tua voz
seu beijo invadindo minha alma
mas o destino cortou nossas asas e
te colocou longe de mim
tenho seu sorriso cintilante guardado numa gaveta

terça-feira, 10 de maio de 2016

Paulinha. A Irmã Boneca.

pude ver seus sonhos atravessados
as cicatrizes rabiscadas no teu corpo oxigenado e pagão
noites escondidas nos seus dentes quentes
nesse jogo de espelhos
só vejo você
refletida em pequenas flores singulares
desenhos vivos pra seguir sua sombra
entre as paredes do teu quarto
é teu seio que pula
sua dança mística  seus ouvidos coloridos
faz preces de olhos vermelhos
e essas coisas do coração que ninguém entende
um amor e uma garrafa de aguardente
sabe como é
meus vícios são casos amorosos
no fogo das melodias ferventes
não nego nada
assumo tudo
pra te ver sorrindo novamente
numa manhã cinza
você acende o dia com um pecado digno de carnaval
estou preso numa gaiola
você é a notícia mais bonita do mundo lá fora

sábado, 7 de maio de 2016

Kátia e o Transplante de Coração.

você disse que eu tinha que domesticar meus desejos
perguntou meu signo
- touro tem esse lance de carne, de sexo mesmo
as vezes seu jeito de me enxergar
seus olhos fantasiados de festa junina
a gente viu um passarinho em cima da prateleira
te pedi um trago e
imaginei uma poesia se desenhando no seu seio
seu sorriso pregado nos ponteiros do meu relógio
é que você sempre demora pra voltar
e eu perco seu cheiro no cheiro de outras
minhas tardes são suspiros abafados com travesseiro
a obscenidade revelada no jogo de búzios que meu babalaô fez pra mim
o Orixá que me fez assim
uma queda por vestidos de renda e cangotes
pela sua pele
tua boca embrulhada pra presente
tem saudade do sábado
de coisas que não viu
pensa no resto dos seus sonhos
usando um algodão com acetona pra tirar o esmalte da
noite passada

domingo, 1 de maio de 2016

Aline Não Aceitou Jesus e Caiu Na Pinga.

persegui a fumaça do seu cigarro
amassei seu corpo dourado contra o meu
gaguejei qualquer putaria no teu ouvido
caprichei no oral
flertei tantas vezes com a morte
que a vida já virou brincadeira
você Oxum menina
devota de N. S. de Aparecida
uma joia na caixinha de música
no seu vestidinho lilás tem um rio
doces águas
de fé,, sexo  e milagres fio dental
sua boca emancipada
chega precipitado o céu
pra ver os beijos do seu lábio de mel
seios morenos
anda pra lá e pra cá
uma princesa yorúba
nua
meu quarto inteiro
é seu reino
e as horas parecem vazias
sem você por aqui