versos, paixões e veneno
é que meu olho não descansa nunca
fica á espreitar fechaduras, decotes
e o entra e sai de banheiros pintados de branco
desabafo cochichando meus segredos ao vento
renuncio ao tempo
como um vadio autêntico
desvio das horas
e dos ponteiros do relógio
aceito que amores são intensos por natureza
e que não há remendo que cure a dor de um desamor
mas se hoje to vivo
é porque quase morri em dois mil e nove
de tiro, faca, acidente de carro ou suicídio
nem sempre os meios justificam os fins
e foram tantas as vezes
que tirei o véu da noite
só pra ver a lua cheia
e eu que só ando perdido
sem nunca querer me encontrar
sem nunca querer me encontrar
continuo bebendo demais
pra acalmar esse animal que mora dentro de mim
pra acalmar esse animal que mora dentro de mim