sexta-feira, 30 de junho de 2017

Jornal da Manhã.

seus olhos de cigana
que atravessa a rua sem olhar pros lados
peitos e lágrimas
garota emancipada pelos pais
dona do caos
leva a vida sem maquiagem
as vezes vem a noite
as vezes vem a tarde
há um sol domesticado no teu umbigo
ah se eu tivesse te conhecido no verão
quando os sentidos não precisam de razão
perde brincos, baganas e colares
falsifica orgasmos, notas e documentos
confunde as estrelas enquanto me ensina a viver
na ponta dos pés esquece seus desamores
e capricha nos drinques
pra festejar maldições e abusar das drogas sintéticas
menina que me devora com fome
me faz salivar
feito um cachorro violeta
bebendo água na sarjeta
talvez não exista destino
talvez ninguém entenda o amor
talvez toda vez que eu profano teu corpo uma santa de gesso chore lágrimas de sangue

terça-feira, 27 de junho de 2017

O Pássaro e a Menina.

presunçosa
ela chega sempre se espalhando pelos cantos
deixa uma peça de roupa jogada aqui
e outra ali
marcando as bitucas com batom
examinando minha cara de patife
seduzindo o espelho
machucando meu coração
sodomizando meu espírito ateu
valendo menos do que eu
não desce do salto e alimenta com migalhas
meus olhos de puta carente
que busca alguém que lhe dê carinho
demoníaca
pisoteia meu ego vagabundo
sem compaixão
brinca com meus segredos mais sujos
como uma pomba-gira apaixonada
me pune pelas traições
pela vida desregrada e
debocha do meu pau mole
desinibida
flerta com a vida
que a deixa cada dia mais bonita
seria elegante morrer em seus braços
com o cheiro bom da sua boceta na minha cara
você é um jazz flutuando no saxofone de um negro viciado em heroína nos anos 40
a fumaça do seu cigarro me agrada
minha princesa diaba
é melhor quando não esperamos nada
um do outro

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Tatu Peba.

incendiei seus pensamentos
depois do jogo de domingo
numa tarde superficial
eu, você e meus dois diabos de estimação
te mostrei minha coleção de cicatrizes
e meus livros favoritos
nossos caminhos sempre tortos
brindamos á nossos amigos mortos
umas cervejas
sua calcinha molhada
seus sonhos de fim de filme
- o Recife é logo ali
o mundo todo parecendo uma brincadeira de mau gosto
mas seu cabelo tava bonito
e meu eu completamente fodido
antes do dia terminar
suas vontades escorriam pelas suas pernas
menina órfã de mãe
dançando na banheira de gilletes
bebendo no mesmo copo que eu
os trópicos tingem bem sua pele

sábado, 24 de junho de 2017

Grampo de Cabelo.

esqueci minha paz nos seus olhos morenos
me enganei com seu decote maldito
perdi o juízo no seu sorriso bonito
nua você desgraçou minha vida
rezei em segredo lambendo seu sexo
criança mística
sopra suas vontades no meu ouvido
decorei tuas sombras nas paredes do meu quarto
provei seu corpo salgado
temperado pelo diabo
nas minúsculas madrugadas
chapado de ácido
esfreguei suas coxas mentirosas
e te desejei muitas outras vezes
num impulso auto-destrutivo
meu histórico suicida
me fez querer você
me desfiz numa cadeira de rodas
com você me guiando pro precipício
e eu sorrindo enganado
cego
te agradecia
- obrigado por me foder meu amor

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Bar do Seu Chico.

as vezes as noites são longas demais
inverno é uma porra baby
no excesso de conhaque e sexo
uso meus pesadelos pra ir te perdendo
aos poucos
acordo com medo
e vejo os segundos escorrendo pelos meus dedos
procuro seus vestígios
fios de cabelo, o cheiro da tua libido
teus restos da noite passada
seu mundo de cetim
se desmanchando com os sambas que te apresento
e com os danos que causo ao seu coração
eu sei que você prefere os canalhas
seu prazer dissimulado na boca de um vira-lata
não se preocupe baby
amores são passageiros
e você esta sempre de passagem
ás vezes me sinto o mesmo moleque briguento
te esperando na porta da escola
com uma faca na mochila e um buquê de rosas imaginárias na mão

terça-feira, 20 de junho de 2017

Bandeja e Porta Retrato.

sobra medo da sua parte
medo da morte
do juízo final
eu to em outro plano astral
e vivo como um doente de câncer terminal
minhas ambições são passar os dias
ouvindo funk
trepando
bebendo cachaça e fazendo fumaça
afinal
ninguém espera nada de mim
vou te comendo e fodendo o mundo pelas beiradas
pretensão de bandido
avesso á versos líricos
se sou romântico
sou cínico
compadeço na Cohab
louco de bala
vendo a molecada jogando bola na rua
ninguém é especial quando deus é ausente
a fome aborta sonhos bonitos
ah se você soubesse as coisas que eu sei
as coisas que vi e lugares por onde eu andei...

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Plástico.

nós compactuávamos da mesma malícia
das ruas
das biqueiras
dos puteiros infames
e sorríamos um para o outro quando víamos
qualquer bunda bonita
é que nossa geração conheceu apenas a depressão da cocaína
meu amigo
assim como eu
também tinha seus problemas com a justiça
vendíamos crack nos bares do centro
no corre dos carros roubados
no sangue quente em nossas veias
das brigas de torcida
dos porres e das bocetas
sinto saudades amigo
enquanto você minguava dentro de um caixão
a corda no meu pescoço arrebentou
mas ainda bebo e transo sem parar
sempre disposto a foder com o mundo
em sua homenagem não respeitei seu luto
tomando café e planejando crimes impossíveis
é meu amigo
realmente a vida é uma grande festa
fui saber disso bem depois
é uma pena você ter ido embora tão depressa

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Resto de Sol.

longe do verão
perto dos olhos quentes de Bia
despretensiosa rainha cheirando á carnaval
zombando da pureza dos santos
dos devotos nos altares sujos
enquanto eu te observo arreganhada
desfeita
um sonho erótico que se tornou real
Bia tem vinte e quatro anos de folia
flerta com o universo
escondendo o coração no fundo do peito
pra fingir que o amor não existe
e eu apenas testo seu sexo
beijo tua alma e teu reflexo pintado no espelho
sem compromisso
somos amigos
esperando o sol desmaiar
e nada mais

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Diego Maltrapilho e Enfezado.

isso é pelas horas
que passei conhecendo suas dobras
com a cara enfiada na tua xoxota
bêbado tudo vale a pena
é que sempre estou á procura de um abismo pra me jogar
já que o amanhã sempre demora pra chegar
e seu sorriso já não me engana mais
dependendo da lua te como por trás e descubro todas as cores escondidas no teu corpo
isso não é sobre amor
sentimento nobre que passeia nos corações das moças iguais a você
é sobre seu olhar felino
devorando meus sonhos lentamente
seu prazer manchando meus lençóis
e suas tetas balançando na minha cara
entenda minha querida
eu não sei amar

terça-feira, 6 de junho de 2017

O Olho Na Caixa D'água.

tudo é questão de interpretar os teus sinais
perceber os seus chamegos desesperados
a boca pintada de vermelho sangue
nas minhas madrugadas infinitas
te vejo sempre mais bonita
quando eu bebo e fornico sem parar
seus olhos brilham de euforia
eu já não tenho tempo pra tristeza, ressaca ou saudade
me desfaço no teu colo de menina
adio as manhãs sem pensar no futuro
trago você pra perto de mim
pra revelar todas as mulheres que ainda não amei
você na esperança de florescer
me rega com cerveja e carinho
mas quem toma conta dessas coisas é o destino
eu só manipulo bem seu ventre pra você gostar de mim
e resmungo belas palavras no teu ouvido
te admiro de quatro
descabelada
fumando cigarro
como uma estrela de cinema
nua na janela
uma morena perdida
na minha rua sem saída
fugindo da realidade

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Bar do Bigode.

as horas se derretiam 
nos ponteiros frios do relógio
logo o sol apareceria 
quente e luminoso sob nossos rostos consumidos pela loucura do ácido
o tempo se contradiz o tempo todo e
a única coisa que eu conseguia reparar era
o formato das suas coxas maduras
com certeza deus capricha em algumas molduras
sim, eu não tenho sido uma boa pessoa
mas veja bem
meus pecados são raros e muito bem feitos
deveria existir lugares especiais no inferno pra caras como eu
mas meus meios nunca justificam os fins
há psicopatas decepando anjos nos semáforos
fadas velhas fumando crack nos motéis
e crianças enfeitando o céu com suas pipas coloridas e envenenadas com cerol