sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Ensaio Sobre o Amor

Talvez momentos como esse
esse suposto amor
que enche o peito de euforia
as trepadas irresponsáveis
não valham nada
talvez todos os  orgasmos sejam fingidos
os beijos sejam ensaiados
todo choro seja sacanagem
as alegrias descartáveis
quem me dera se toda picuinha de mãe fosse samba
e pecar fosse privilégio das santas
se os espelhos refletissem mentiras pornográficas
mendigos alcoólatras com suas cabeças nos paralelepípedos
confrontando o perfume das putas do outro lado da rua
talvez toda essa loucura que tem cheiro de poesia
seja exatamente o amor
que você tanto procurou em outras
goze nela
abrace ela
não seja covarde
ame ela.

Diaba Doente.

Quente como brasa
jurou por fogo na minha casa
xingou minha namorada
chorou, rasgou sua roupa
fez barulho
desperdiçou seu charme
mordeu minha boca
engoliu meu pau
me pediu um filho
seu perfume ficou no meu corpo
mas não em mim
zombou do meu amor
elogiou nossas trepadas
ocupou minha tarde
degustadora de sêmen
gemendo obscenidades na quarta-feira de cinzas
morena de tetas lindas
que confessa pecados pequenos
de menina virgem
e esconde seu sofrimento no meio das coxas
não tem certeza de nada
suando e sem roupas no meu sofá
boicota paixões na cama de desconhecidos
sorri quando bate o desespero.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Sol das 23 Horas.

Os flash's de um pedaço pequeno de vida
não tenho tempo pra ter medo
nem para tristeza
me lembro do coma
perdido entre o sonho e a realidade
quando todas noites são alucinógenas
não se pode gritar
não se pode correr
á espera pela morte exige paciência
fé e sorte
nessa UTI de derrotados
ninguém sai ileso
não me peça pra ser honesto
minha poesia representa o resto
migalhas de gente
que assim como eu
foram esquecidos por deus
os vagabundos
os viciados nos semáforos
essa gente que não sabe amar
os insatisfeitos de plantão
que acordam só depois do meio dia
e gargalham das suas existências insignificantes
o amanha não vale de nada
pra quem não gozou o hoje.

Marieta Indecente.

Te amar foi a coisa mais ridícula
que eu fiz na vida
perseguir teu rabo inquieto
aturar tuas crises
teu choro
domingos derretidos
pela tua beleza amaldiçoada
dando pra  outros caras na sua calçada
mastigando minhas madrugadas
espantando outras possíveis transas
que troca o papel principal
vira coadjuvante
e corta meus pulsos com uma navalha mística
adoça minha boca com beijos pálidos
rejeita minha malícia
nega meu sexo
despreza meu reflexo
me divirto que nem criança
até a hora que esse amor acabar
e eu me distrair com outra mulher.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Maria Mulata. Mulata Maria.

Teus olhos infantis
padeciam quando minha violência florescia
e eu sucumbia
aos impulsos químicos
que o meu capeta sorridente que mora em mim
me induzia
só o sangue seco grudado na minha pele
pra me incriminar
você chorava
mas sempre voltava
pra minha falta de decência
com as tetas na minha cara
meus sambas antigos
trocar seu Sol pela minha Lua
trepar dentro de carros roubados
minhas madrugadas intermináveis
com meus amigos do tráfico
magoando seu coração de menina
amassando sua pele morena de Oxum
me amando quando eu não te amava
eu sempre disse pra me tratar como se eu fosse só mais um
desculpe meu excesso de razão
obrigado pela tentativa
mas seu esforço foi em vão.
                       Para Débora.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Outro Fevereiro.

Distante do paraíso
improviso uma oração pagã
em pleno carnaval
pela t.v acompanho a folia
do mesmo jeito do ano passado
com a mesma mulher
sem cocaína
sem as orgias rotineiras
nessa época do ano
sem camisinha
passear pelos regos
das putas na casa da Sheila
bronzeamento artificial
a Tete e sua cor impecável
amores sintéticos
de prostitutas embriagadas
o afeto promíscuo  que meus pais não me ensinaram
seu corpo atrofiado por causa do coma
meu carnaval ainda não acabou
celebro entusiasmado a festa da carne
contrariando o destino
de quem não dorme tranquilo
amando a mesma nega de fevereiro passado.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Abdômen..

Seu sutiã azul jogado no chão
da sala
sendo penetrada
camisinha sabor chocolate
cabelo ruivo
minha miragem na sessão da tarde
de segunda-feira
tremendo no meu colo
recebendo exatamente o que veio buscar
não preciso de outro amor
passando a mão nos músculos do seu abdômen
sua teta esquerda na minha boca
quero ser tratado como um cão
avançar sem remorso
odeio gente sensível demais
que chora
que implora
minha cadela tatuada ta no cio
cachorros não amam
não vou deixar você voltar amanha garota
apague nossa foto
sou homem
respeite meus instintos
é necessário sentir raiva
logo é carnaval
e eu nunca mais tive notícias da Maria Rita
não importa.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Simone e a Cocaína.

Desrespeito o teu cansaço
- me serve outro drinque?
tuas respostas são sempre grosseiras
vindas dos teus lábios não gentis
tua boca que hospeda o ódio
e tapas na minha cara
teu nervosismo chega a ser estúpido
de prostituta ingrata
que despreza o único homem que a amou
e cobra o programa sem culpa nenhuma
mas não, esse não é seu caso
você é só uma menina com uma caixa de rojão guardada dentro do peito
implorando a um deus falecido
um lugar para se divertir sem pagar nada
e os teus olhinhos pequenos
que na sua inocência
 buscam grandes amores
se compadece de iras maquiavélicas
da minha violência gratuita
e doente
fica satisfeita quando te faço gozar
acorda cedo pra trabalhar
sabendo que estarei á salvo até o meio dia
tempos difíceis de compreender teu amor matinal de café da manha
enquanto espero o corre da cocaína de madrugada
só pelo prazer de te ver na minha cama pelada
me sinto bem com você
vá pro inferno
o resto do universo.

Muito Obrigado Jhenifer Trindade.

Aguardo o término do teu show desconexo
rezando pela dor mais forte
te conhecer foi falta de sorte
um soco na boca do estômago no escuro do meu quarto
de bruços pras tuas crises
te amar é meu erro
que prolonga minhas madrugadas
de porres infinitos
disfarço minhas mentiras com outras mentiras
pra não te contrariar
pra não te ver chorar
conheço minha insônia muito bem
teu cheiro também
vamos nos casar no papel
mas nós nunca iremos pro céu
descanso meu santo no teu decote
meu olho brilha que nem uma estrela
exagero sempre na dose
tenho piedade do teu sono
agora que as coisas ficaram fodas
nessas horas que te amo mais
e mais
e mais
tuas confusões envenenam meu  ego
e envenenado te amo cego
misturo minha revolta de navio negreiro
com tua alma incendiária
e tomamos juntos os goles do além com Whisky e energético
escondo a mediocridade do meu passado
o lado podre da lua
pra te fazer menos triste
ás vezes você me parece mais louca que a espanhola que pediu pra mijar na minha cara num hotel
do centro da cidade
e continuo te amando sempre
e sempre
um amor desgraçado
desesperado
e amestrado.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Guarda a Bolsa e Senta Aqui.

outras cicatrizes vão chegar
outras tatuagens pra me fazer lembrar
da tua boca risonha
teu amor amargo
outros cheiros vão surgir
outros tapas na minha cara
em noites corrosivas
fazer gozar outras carnes vivas
outros 20 anos
delirando meus desenganos
meus castigos merecidos
ventres parecidos
com o teu
outras mentiras mastigadas 
no meio de pernas escancaradas
do resto das madrugadas passadas
dividir a paixão que sobrou
outras viagens de LSD
no colo de quem nunca amou ninguém
soltando pipa na laje de casa
duvidando do teu choro
transando como forma de consolo
descobrindo que a mordida que ela deu no meu rosto
foi por medo do fim
uma vontade imensa de ser dona de mim
essa poesia não é só tua.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O Caminhão de Verdura Chegou.

"Ela vai fazer eu perder o jogo do Corinthians"
remoía esse pensamento sentado na poltrona do meu quarto
"só que ela é gostosa e transa bem"
pra mim compensava
tinha um pouco de maconha na gaveta
logo ela chegaria
sentaria no meu colo
beijaria minha boca
desarrumaria meu boné
pegaria no meu pau e diria: "deixa eu vê se ninguém roubou o que é meu"
no dia anterior enquanto ela me chupava
eu falei que deus e o amor eram uma piada de mau gosto
ela disse ajeitando a camisinha:
- e isso aqui é o  que pra você?
- você é meu parquinho de diversões.
ela riu com deboche cavalgando:
- então se diverti.
ela chegou eu ouvia o jogo pela rádio
ela não sentou no meu colo
não beijou minha boca
não desarrumou meu boné
e não pegou no meu pau
ela disse: - e ai quer brinca comigo?
eu acenei que sim com a cabeça
eu acho que de certa forma ela entendeu que nós não passaríamos do sexo
apenas sexo
seria melhor assim
quando é só a carne dói menos.