quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Donato 171.

 desperto do tédio
me iludo com tudo
bocetas, crimes e muito fumo
não sigo métodos
regras
prefiro lirismo ao invés da métrica
sou membro honorário do grupo obscuro
dos suicidas que enganaram o mundo
com a corda no pescoço eu sai do escuro
mas ainda transito pelas encruzilhadas do período noturno
vestido de  bêbado
traficante ou poeta
de camiseta cavada e chinelo
mesmo sequelado com porte físico de atleta
escapei da polícia
mas ainda me divirto com os vícios
aprecio decotes e riscos 
com a mesma malícia da infância
e dos sambas de antigamente
quem me vê assim não me entende
a  mente trama
o que minha boca não fala
e se o Cigano tivesse vivo
com certeza ele diria:
- esse fi duma puta não mudou nada.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Ernesto Iluminado Pelo Sol da Manhã.

ri das tragédias jornalísticas
indiferente a paixões verídicas
duvida do relógio
do amor
e da bíblia
aprecia o beijo
o sexo
e as vezes aprecia
até outros seios
convicta me explica
suas coisas de mulher
desde a tensão pré-menstrual
até suas neuras sobrenaturais
esse lance paranormal
sobre sexto sentido e tal
as vezes eu entendo
as vezes eu só finjo
e admiro sua vaidade
sua tatuagem
e seu sorriso
seu ventre liso
seus dilemas e equívocos
e enquanto você veste a roupa
em silêncio eu tento
desvendar seus sinais
memorizo teu jeito
teu cheiro
e o nome dos teus pais
mas você é como um enigma
com os olhos borrados de anfetamina
e sua alma bem longe da paz
de cristo, de buda
ou tanto faz...

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Adejanor.

 ilustrei teu corpo maduro 
com pontos finais
baguncei teu período fértil
com paradigmas existenciais
e no beijo de despedida
fica claro que a gente não da mais
mas sua voz ainda sussurra ao pé do meu ouvido
e nós ainda somos 2 personagens
de crime e castigo
eu até imaginei um final bonito
um porre
uns tiros
a última trepada derradeira
tão boa como se fosse a primeira
sua doçura inabalável de tangerine
sua boca espumando numa overdose de cocaine
é,
as vezes o barato sai caro
e ninguém lê o manual dos drogados
é só a mesma chatice dos 12 passos
e o caralho a quatro
dessas merdas contemporâneas
de jogos online, pornografia e televisão
e eu ainda penso naquele teu vestido florido
e nos sonhos perdidos
da época das clínicas de reabilitação
dos delírios de rivotril
quando eu fumava cigarro
e esperava o mundo acabar numa convulsão