terça-feira, 4 de agosto de 2020

Darlene da Feira.

esqueço seu rosto
suas dobras
a imagem dos seus seios de fora
seus traumas de infância
seus dramas sem causa
o cheiro da sua xoxota na minha cara
sua risada ecoando na madrugada
te esqueço pelo prazer
de te esquecer
só pra te lembrar depois
e depois
pois com você eu quero tudo
e não quero nada
minhas paixões são todas no plural
eu aprecio o visual
sua juventude  é efêmera e decadente
enquanto a lua testemunha suas loucuras
a gente fuma
fode e as vezes sonha juntos
nesse nosso barato casual
você estuda as minúcias do meu mapa astral
eu desvendo teu corpo
teus gostos
com quantos caras você transou antes de agosto
garota profana
que desmarca compromissos e suicídios
pra vir me ver
e bagunça meus delírios de cine-privê
enquanto o mundo acaba
do lado de lá da janela
aqui dentro você me usa
e eu uso você