sexta-feira, 27 de março de 2015

Tola.

a Lua morre afogada pela sua janela
teu perfume impregnado na minha alma
suas carícias são plenas
sussurra  obscenidades no meu ouvido
teu sexo embrulhado em papel crepom pra mim
regamos a noite com cerveja e maconha
confesso que amo outra
que traio por insegurança
você me entende
fico cego pelas marcas de biquíni no teu corpo
queimado pelo Sol das praias do sul
você também me entende
e passeia com as tetas na minha cara
teu orgasmo é como ver deus bêbado
sonho sozinho em arder nos teus pelos
diz me acha bonito
todo riscado
sequelado
me farto no teu ventre liso
porque sei que amanha retorno pro meu destino de miséria
de trepadas insignificantes
fracassando em copos de Whisky barato
tentativas ridículas no amor.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Joia Sem Valor.

Havia naquela mulher
uma ânsia
um desejo
quase pornográfico
ela não precisa de nenhum amor
apenas de um pau duro
ou vários paus
como ela mesma me contou que deu pra nove pedreiros
numa construção onde ela me levou um dia
gostava de dois dedos no cu
e de engolir porra
de ser usada
currada no seu quarto
na tentativa de esquecer algum trauma
abria as pernas
morena dissimulada
entrando e saindo de carros
de homens desconhecidos
casados, advogados, traficantes, desempregados
pronta pra fazer o mundo ejacular na sua cara.

domingo, 22 de março de 2015

Exagero é Defeito dos Rocha.

assumo meus riscos
vou guardar um pouco de raiva
pra hora da morte
minha mãe não me conhece
traio minha própria carne
tem gente que acha que eu não existo mais
ou apenas deseja
sexo é desejo
amor é complicado demais
um sentimento sem paz
nostalgia das madrugadas que não acabavam
da adrenalina
sempre presente no sangue
as emoções compradas nas biqueiras
brigas
correrias intermináveis
num lugar onde não existe deus nem saudade
onde os soluços começavam nos goles
e cicatrizes eram necessárias
somos todos uns doentes
nos carros, ambulâncias
consultórios psiquiátricos
e clínicas de recuperação
os doze passos
dos narcóticos anônimos não funcionou
pra mim
talvez seja porque meus vícios
são muitos
e minha ferida ta sempre aberta
as pernas também
talvez a morte seja ilusão de ótica
talvez eu morra aos 27
e meus amigos chorem a toa
por mim
não bote fé.

Garota.

menina sem modos
malcriada
que não conversa com o pai
e transa na calçada de casa
toma porres desconexos de conhaque
espreme os olhinhos quando ama
ama poucos
diz que ama só eu
perde a razão nas crises
ou no ciúmes
menina bonita
que todo mundo quer
exige minha fidelidade
compulsiva
partiu mil corações
num só dia
sempre exagerada
garota do tudo ou nada
tatuou meu nome sujo
na bunda
meus riscos
rascunhos que faço dela
esboços paranormais
transformo ela todo dia
em poesia
menina que cheira á blues
não tem piedade
de mim
do sagrado ao profano
uma vida não cabe em um ano
fiz esse poema só pra dizer que te amo.

sábado, 21 de março de 2015

Aninha Síndrome de Down.

explode tua granada emocional
na minha cara
suja as paredes com uma raiva
rubro
 negro
encena a vida real
em atos agressivos
de deixar os dramaturgos famosos de boca aberta
distribui suas ofensas gratuitas
xinga sua única platéia
que sou eu
promove toda sua violência hormonal
pros vizinhos ouvirem
só de calcinha
com as tetas de fora
eu não sou porra nenhuma
e ela é a porra toda
a atriz
a estrela
que não tem vergonha de chorar
por mais um amor.

Claudinha Boqueteira.

tem dias que amanhece
e eu fico um tempo na cama
curtindo minha hipoglicemia
afundado na minha consciência de pomba de praça
que se alimenta de bitucas de cigarro
e lixo
pra permanecer de pé
meu direito revogado ao café
com açúcar
a verdade é meus dias começam sempre na hora do almoço
uma vida toda vagabundeando
deixaria qualquer pai orgulhoso
convivendo com garotas diferentes
e a bandidagem da antiga na porta de casa
mastigando versos violentos
anulando os sonhos de miséria
valorizando as farras
de nariz aceso
e mulheres lindíssimas
pias bejes
bocetas esfoladas
o amor é quando o coração acorda de ressaca
e nenhum jesus particular pode te salvar
o amor escorre pelas suas coxas.

quarta-feira, 18 de março de 2015

A Tia Cibeli Anda Bebendo Demais.

agonizo na luminosidade dos teus peitos
madrugadas inteiras
deus abençoe o Whisky barato
e mulheres dedicadas como você
que se entrega sem pudor
a um cachorro sem propósito algum
que acredita no sentido de fêmea
e nos búzios jogados pruma filha de Oxum
convence meu mal
de que só quer meu bem
tolera minhas bebedeiras
que retorço em poesia
todas minhas ofensas
entenda meu medo de ficar só
desejo que me queira de qualquer maneira
drogado, virado de noites sorrateiras
que me reste teu carinho
mesmo a contra-gosto
te engano pra te mostrar o que é bom
compreenda minha loucura de cego
que tateia as paredes do quarto pra te achar
e que antes de te fazer atingir o orgasmo
só pensa em te amar

terça-feira, 17 de março de 2015

A Mulher Mais Bonita do Mundo.

acho que nunca entendi nada sobre o amor
esse ato de vandalismo
que permitimos acontecer contra nós mesmos
de fato amei muito pouco
sempre soube que sexo nunca teve nada a ver com esse sentimento cancerígeno
trepei bastante
meus desejos viciados
poderia ter amado as putas da casa verde
as adolescentes problemáticas que apareciam depois da escola
as casadas ou até as pretinhas dos sambas onde eu ia
que rebolavam com o cu na minha cara
mas decidi por uma piada do destino
dar uma martelada e enfiar um prego na minha própria mão
e te amei
mesmo com todos os aneurismas que te amar me causa
todos esses efeitos colaterais
é a porra do teu amor que me basta.

segunda-feira, 16 de março de 2015

A Falsa Santa de Lingerie Vermelha.

te procurava na gaveta da minha escrivaninha
no meio dos livros
dentro do meu peito arregaçado
no cheiro da tua calcinha
nos semáforos
botequins, esquinas
no sexo de outras meninas
em vários copos que transbordavam
por tua causa
dentro das garrafas vazias
nas marcas de batom nas minhas camisas
overdoses inesperadas
minha promiscuidade carrega o peso do teu nome
na parede do meu quarto
camuflava meu sofrimento
cheirando na capa de discos
tantas vezes descia no teu bairro
com uma arma carregada
pra te procurar
só pra te achar
pra buscar teu perdão
dormindo na calçada da sua casa
aguardando minha sorte no teu deslize
no teu descuido pra te reconquistar
nós sabíamos que nenhuma clínica de recuperação
resolveria nosso caso
pra mim restou apenas a corda
e pra você?

domingo, 15 de março de 2015

Vinte e Sete.

a culpa é dessa menina
que me leva nos seus sonhos
e abre minha cortina
me faz viver o sol do meio dia
nossas intimidades coencidiram
signos iguais
no desespero do amanhecer
da minha janela
não da pra ver o cristo redentor
aprendi a te amar no sufoco
por medo de ver você de mãos dadas
com outro cara
garotas bonitas brotam toda hora
em todos os lugares
e eu com minha mania de me apaixonar por todas as mulheres do mundo
cai na raridade do teu charme
te amei sem querer
como não sobrevivo sozinho
me agarrei na tua boca
no gosto que tem teu corpo
no perfume na tua roupa
e peço a um deus recém falecido
preces minhas impossíveis de você compreender
que sejamos grandes
que o amor e o sexo nunca acabe
e que quando a morte chegar você esteja por perto
amém.

sábado, 14 de março de 2015

Clovis Adultero.

não tem nada a ver com as cenas que você viu no cinema
meu filme é verídico
dolorido
sentido na carne
na ferida aberta sem Merthiolate
pra mamãe passar
proibido para menores de 18
pequenas partículas de vida real
colocando atrizes pornô
no papel principal
de figurante só meu pau
minha poesia é viva
quente
 poesia de deficiente
mental
sangrando
até de manha
provoca apocalipses particulares
com o nariz dentro de um prato
enquanto gente normal
acomodadas e contentes com sua alegria Rivotril
você extrapola nos sonhos etílicos de canudinho
enrola a gravata no pescoço e se masturba pensando na vizinha  casada
que apanha do marido
e se suicida ás 7 horas da manha de uma sexta-feira
depois de trepar com uma desconhecida
num ponto de ônibus
do centro da cidade
não acredite em deus
não acredite nos seus pais
milagres são caros demais
duvide do mundo.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Nuvem Morena.

O calor que brotava
dos teus olhos baixos
pude perceber no meu desequilíbrio infantil
sentir o cheiro do teu cabelo
da tua pele
de bicho do mato
na  hora do beijo no rosto
fazendo teatro pra parecer animal domesticado
com as mãos na coxa do teu namorado
fingindo uma calma doentia
sentindo um bocado dessa dor transparente
que causa todo amor descontente
desculpe, mas me apaixonei
na hora e lugar errados
e bebo Whisky como se fosse água
não falo de tristeza nem mágoa
mas dou meu reino por você
pelo teu sorriso largo o pó e outros afins
só um poema pode parecer muito pouco
que seja melhor que a atenção que ele te da
que é igual bala de troco
ah se eu pudesse
correr, brigar, roubar ou apenas andar
sem a porra de um andador
seria mais fácil te conquistar
só pros teus olhos baixos me olhar.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Bicudo de Botina na Cara.

Lamberia teus olhos mestiços
pra te fazer parar de chorar
presto atenção só no presente
foda-se o futuro
eu quero gozar o agora
mecanismos anti-depressivos não me satisfazem
nem as lendas bíblicas
não assisto novelas
troco a ficção dos ansiolíticos
pela realidade dos teus pelos pubianos
nossos porres desesperados
e tuas tetas ensaboadas na hora do banho
calo minha consciência pervertida
tento transparecer o meu amor perturbado
você nunca entende
viro devoto da carne
e esqueço o sentimento
por um momento
esse teu cheiro
me da vontade de te comer crua.

domingo, 1 de março de 2015

Elisabete na Cadeira de Descanso.

todas as minhas mentiras
são ditas pra te proteger
minhas verdades são pesadas demais
pro teu sono leve
não escondo minha doença
nem disfarço minhas intenções
alivio minha dor nas drogas, bebedeiras e canções
reneguei algumas das minhas gostosas de estimação
pela beleza do teu acaso
os traços simples do teu corpo
pela controvérsia desse teu amor
enquanto minha paixão se torna infantil
a seriedade dos teus sonhos me lembra que somos adultos
e como minhas feridas não foram totalmente cicatrizadas
aguento a ressaca desse teu amor
entendo que você é meu castigo
e minha semente só vai vingar no teu umbigo
minhas cagadas familiares
causo o mal da porra do mundo
antes eram minhas frequentes brigas nos bares
hoje adolescentes cobiçam meu sexo imundo
não desejo a ninguém só um vicio
sexo é meu risco
bocetas lilás
é difícil ser fiel.

Dança de Cadeira de Rodas.

Esquece a lua sozinha lá fora
a paz de mentira em noites quentes
esquece o veneno que há no teu perfume
desliza mais uma vez a faca cega nos meus pulsos
não se acostume
conversa comigo até amanhecer
finca uma bandeira com teu nome escrito
no meu peito completamente vazio
brilhe do meu lado até ás duas da tarde
perdoe minhas traições
os porres prolongados
as recaídas são inevitáveis
garrafas pela metade e tapas na cara
minha adicção vai além da cocaína
meus vícios são tragédias anunciadas
todo amor tem a luz de uma estrela morta
nem as ciganas vão decifrar a palma da tua mão
ninguém entende nossa dança na cadeira de rodas
a transgressão de sorrisos dilatados
dos teus dramas exagerados
nem o meu amor deficiente e problemático
inconveniências amorosas
que trago pra nossa cama.