quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Um Descaminho Entre Uma Puta e Um Peregrino.

repousa sobre minha cabeça incompreendida
o peso dos erros
dos traumas 
dos vícios
e de alguns boletins de ocorrência
o rosto de meus pais decepcionados
sim, eu sou a prole que deu errado
e carrego as estigmas em meu corpo
como se eu fosse um cristo sequelado
mas sem as glórias, as graças
e os milagres
sigo pagando caro pelas escolhas erradas
qualquer merda assim diria Sartre
me mantenho distante de deus
mas procuro mirar meus olhos sempre na direção do céu
e digo isso com a propriedade de quem nasceu para dar errado
o indigno
o imoral
o suicida
o promíscuo degenerado
que tem em si a sombra mística 
de quem perdeu o carisma
me comporto como uma metáfora cínica
indecifrável
sou a porra de uma mensagem sublimar
eu, inimigo de mim mesmo
sempre perdido na linha tênue entre o bem e o mal
as vezes rude
as vezes sentimental
as vezes penso que só me falta é sorte
mas aí me vem a certeza
de que ainda sou só uma criança
pilotando uma moto no globo da morte