segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Mulher do Pará.

meus erros são cinematográficos
minha tragédia foi verdadeira
de momentos apoteóticos nas calçadas
não busco redenção de nada
muito menos amores eternos
sou infame
degenerado
e meus sonhos estão desbotados
pelo tempo que escorre irredutível  descarga á baixo
enquanto houver boceta e cerveja
alegrias suburbanas
de quermesse ou carnaval
eu não me mato mais
carrego na boca o gosto de sangue e fumaça
e no peito uma dor que só se cura com cachaça
há um incêndio criminoso em meus olhos
repare bem
sou vitima de mim mesmo

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Ouçam o Céu das Amanda's.

dizem que sou promíscuo
que bebo muito
que nunca penso no futuro
dizem que não larguei o tráfico
que só penso em xota, droga, bola e farra
que era melhor eu ter morrido em 2 mil e 9
dizem que minhas sequelas são castigos de deus
sem saber que sou ateu
dizem que rezam por mim
dizem que só ando com puta
que só tenho amigo bandido
me chamam de problemático
diabético
cadeirante antipático
dizem que não escrevo nada
que to falido
que só falo de sexo e grana
e que me esqueço de amar
dizem que to no fim
dizem isso e aquilo
mas me procuram quando tão afim
de putaria
cocaína
ou qualquer coisa do tipo
e eu que não nego fogo
perdoo
e deixo que digam tudo de novo
é que meu ponto fraco é mulher ordinária
elas sabem
por isso dizem

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Aquário.

como uma flor de plástico no canto da sala
ela não se emociona
parece não sentir nada
na cama ela goza desesperada
mas nunca me fala
esconde seu coração no lugar mais fundo do peito
as vezes ela é criança
e se distrai com as coisas que passam dentro de sua cabeça
ela se faz protagonista de seu próprio filme
e eu de cueca sou só um coadjuvante na sua história
bêbada ela me ensina a não esperar nada além de porres e trepadas
menina mística da xana raspada
que quando me olha bagunça minha alma
e nunca me beija quando vai embora

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Miranda's Bar.

quando a noite cai
escurece finalmente dentro de mim
e as sombras fornicam pelas paredes
quando minha sede só se mata com cerveja
e as morenas se preparam pra dormir
ou pra trepar
eu comungo esse doce mistério negro
sob as estrelas
dos segredos contados de baixo da luz dos postes
do tráfico camuflado nas calçadas de paralelepípedos
cem noites em claro
minha insônia vagabunda
procurando algo que não existe
ou que já morreu
meus sonhos subversivos
de coquetéis molotov iluminando o céu
a noite mostra tudo
não esconde nada
pra quem não busca glória
e se mistura com á escória
dos bêbados
dos ladrões
das garotas de programa
dos crimes e pecados que não precisam de história

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Jú.

sua beleza é de novela e pornográfica
me xinga da boca pra fora
brinca comigo
mudo eu absorvo tudo
que você me da
eu não resisto
em teu seio encontro abrigo
e componho poemas no teu corpo nu
sorrindo você me chama
seus caprichos de mulher me convencem
suas manias de menina  me consomem
e fantasio em seus sonhos primaveris
nas marcas que o sol deixa em tua pele
no gosto da tua boceta encharcada
e no jeito que teus olhinhos pretos brilham
nasce qualquer coisa iluminada e quente dentro de mim
toda vez que te vejo
mas se apaga
esfria e morre
toda vez que te vejo indo embora

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Cherry.

esses olhos de menina suicida
um poço sem fundo em tua retina
se revela primavera
em meus braços de verão
seu ventre aberto em flor
da cabeças aos pés é só amor
insiste em me fazer andar
perseguindo teu sorriso
e seu corpo pintado em tons tropicais
eu desço pra tuas coxas
farejo o cheiro de seu sexo
e sem medo me perco
nos teus pelos pubianos
o dia passa
a gente faz fumaça e
não sai da cama

sábado, 8 de setembro de 2018

O Retorno do Incrível Mendigo Aníbal de Souza.

deixei minha história naufragada em mil copos de cerveja
esqueci as melhores partes de minha vida em balcões de bares
pelas calçadas sujas da cidade
nas bocas esporradas das garotas da Vila Diniz
esperneei levando porrada da policia
fui rei das esquinas
maloqueiro, poeta e traficante
nada a ver com O Inferno de Dante
anotei meus pecados na promissória
sem glamour, sem glória
bailando com o diabo
todo mundo dança
e fode
e sonha
e bebe cachaça
eu me emociono
enfeito as lembranças
mesmo preso aqui dentro
não me rendo
e me perco nas saias de renda
pelas flores
pelos amores
pelas batidas violentas de meu coração

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Quermesse.

te avisei sobre o choro
sobre o desgosto
sobre términos repentinos e prematuros
das bebedeiras não restam quase nada
nem amor
nem ressaca
do sexo sobra sua boceta molhada
me esquivo de seus olhares
das suas mensagens
subliminares
na memória fica o cheiro impregnado da tua carne
te avisei sobre o desamor
a desilusão
sou ateu e
seu deus não ouve preces de ninguém
não me julgue meu bem
não procure sentido na vida
tome um porre e transe com alguém
ou faça as unhas e se masturbe no sofá da sala
te avisei sobre os perigos de amar no escuro
não corte os pulsos
fuja descalça
pule o muro de casa
ou fale mal de mim pra outros caras
mas se lembre de nós quando olhar pela janela

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Jorgin.

você descobre meus segredos
com sua malícia de anjo prostituído
quando gente fuma e fica vendo o céu pela janela da cozinha
eu me arrisco no mundo perigoso que cê esconde entre as coxas
e tento a sorte grande como traficante
você deixa escapar sorrisos de novela
e mistura meu café com adoçante
nesse nosso romance sem futuro
eu procuro alento no seu colo macio
feito cão abandonado
esperando o verão
na contra-mão da vida
seus olhos feitos de sonhos
sua xoxota na minha boca
nessa brincadeira de tome-receba
te chamo de - minha preta.
me beija enquanto fode comigo
cheia de classe
passista de escola de samba desfilando nua no meu peito

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Lanchonete Meu Rei.

desenhada de fumaça na varanda branca
você
descobrindo outras estrelas no céu
sempre puta com alguma coisa
brinquinho dourado na orelha
com a mão em mim
varanda deformada pela fumaça mistica
seu sorriso congelado no canto da boca
meu coração bate desajeitado dentro do peito
seus olhos pousados em coisa  nenhuma
hoje a gente se ama
amanhã quem sabe querida
varanda de pequenos pecados
pecados pequenos
pela cerveja derramada na bermuda
pelo seu cheiro de fêmea no cio

- maconha dá tesão.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Bruna Obesa.

disfarço minha raiva
e ensaio sorrisos no espelho
finjo que ta tudo bem
mas bêbado fica difícil controlar as coisas que acontecem no peito
maquio meus desesperos
enquanto estendo minha alma depravada no varal
sob o sol passo despercebido
ninguém me vê
meu espírito moreno
ateu e
poluído
encharcado das cores ausentes
do arco-íris
sonhando os sonhos que ninguém sonhou
tento entender as partes do meu corpo que não funcionam bem
coadjuvante dum filme de segunda
dançando uma música que ninguém mais ouve
esperando milagres que não acontecerão
sou um voyuer do universo
e tenho dois lindos peixes navegando dentro de meus olhos

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Jair Viado.

aqui do lado de dentro é uma tremenda confusão, sabe?
Mariana não entende essas coisas
e faz charme quando tira a roupa
ela tem as unhas descascadas de esmalte
um sorriso caótico 
e carrega um monte de coisas inúteis na bolsa
Mariana parece vento
que vem
bagunça a casa e passa
Mariana sempre ta de passagem
indo ou vindo dos lugares
com um céu na palma da mão
e um peito um pouquinho maior que o outro
Mariana na sessão da tarde
com a boca de café 
me beija e diz que tem ciúme da empregada
Mariana não me entende
e me hipnotiza com sua bunda 
típica característica das mulheres dos trópicos
que desperdiçam amores
e brincam com o sol

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Mariana Em Coma.

uma garota de programa retocava o batom
no retrovisor de um carro qualquer
eu ficava na esquina
disfarçado na neblina
com a boca cheia de pedra de crack
o vício sempre foi um bom negócio
o sexo também
era terça-feira eu acho
que não peguei a garrafa de cachaça do despacho
ofuscado pelas luzes do centro 
um casal de bêbados lá longe
eu só trepava
pouco conhecia essas coisas de amor
eu era um moleque
enquanto via aquela vadia se oferecendo
é que por vaidade conheci o inferno muito cedo
seduzido pelo crime 
com meus sonhos de traficante
ainda bem que deus não olha pros viciados
o jogo continua sujo
e as almas daqui se prostituem por tão pouco
havia um céu nublado na minha mente
assassinei o rei só pra ver o caos no castelo
troquei a última pedra por um nike de um playboy
e fui tomar cerveja com os moto-taxistas
calçando tênis novo
e com o bolso cheio de notas amassadas
pleno e sem remorso

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Escada.

as vezes quando cê aparece a tarde
eu tento te decifrar
conto teus passos
da cama até o vaso
seu corpo mistico
de mentiras tolas
suas formas estúpidas de me fazer feliz
teu sorriso tem uma curva doentia
bonita
decoro a moldura da tua xota
e brinco com a língua no  teu clitóris
me perco nas tuas dobras
curvas e imperfeições
enquanto você me devora com os olhos
morena yorúbana
úmida e temperada
depois que vai embora
deixa sua sombra florescendo pelos cantos do quarto
os vestígios da tua pele marrom
teu cheiro fica na minha boca
e na minha mão

terça-feira, 12 de junho de 2018

Canavial.

perigoso é misturar álcool com tristeza
por precaução desligue o celular e
tape os ouvidos pra não escutar seus próprios pensamentos
se necessário chore no colo de uma mulher
tome drogas pra distrair um pouco
coma uma puta ou uma amiga
não fique louco
desenhe o nome dela no ar
sofra, mas não se mate
perigoso é misturar paixão com suicidio
todas são iguais a ela
por fora estrela que brilha soberana
por dentro faz seu inferno na minha cama
Mariana
fantasiada de madrugada
desliza seu rabo pela minha cara
e me castiga com os olhos
enquanto eu admiro sua sombra viva e morna
flutuando pela parede
feminina, vulgar e encapetada

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Jesus Nu.

não me olhe assim querida
com esses olhos de fundo de poço
de bicho acuado
perdida nos meus braços
á espera dos beijos que ainda não foram dados
solta esse cabelo
você fica tão bonita assim
desfilando nua em frente ao espelho
com um baseado entre os dedos
pegue outra cerveja e me beija
mas deixe a luz acessa
pra que eu possa ver seu corpo moreno de sol balançando
flertando com a realidade
vestida só de pele e pelos
como um devaneio
não me olhe assim querida
com esses olhos de prostituta depressiva
meus sonhos são infantis e violentos
os seus são cinematográficos
minhas apostas são perdidas
e enquanto nossa carne grita com febre durante o sexo
eu procuro maneiras de blefar com a vida
e adiar o fim

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Omar.

na prece decorada em yorúba
pedi proteção em noites criminosas
traficando coca na janela
minha gaveta cheia de dinheiro
meu vício é o risco
emoldurei o decote daquela menina na imaginação
imaginei teu corpo faiscando sob a lua
com o tempo brincando em seus olhos
arquitetei planos maquiavélicos pra tirar tua roupa
vasculhei outros ventres
noutras madrugadas
em busca de não sei o que
nada achei
mascarei meus medos
e bêbado evito espelhos
refém de mim mesmo
sou uma garota down espiando o mundo pelo buraco da fechadura

domingo, 22 de abril de 2018

Matilda.

esqueci temporais passageiros nas esquinas bordadas das putas do centro
eu vi deus pendurado em letreiros luminosos
tomei porres com garotas tristes
e viados chiques
chorei no carnaval com o cu cheio de ecstasy
trepei sem camisinha
atropelei um cão
fui vadio sob o sol do meio dia
fumando erva e desbicando pipas
blefei com sonhos e seios
com doses de veneno e vendavais
me afoguei em copos de cana
entre mandingas e besteiras contemplei bundas e sambas no escuro
com suor, sangue e cicatrizes pichei meu nome nos muros
lambi xoxotas com cheiro de flor
no sofá da sala
me perdi em caminhos obscuros
dos vícios
dos crimes
mas tive que me suicidar em setembro
foi meu jeito de prolongar a vida
pra festa não acabar

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Brincos e Pulseiras.

entre os milagres mais caros que deus possa nos vender
o céu azul e as noites escuras ainda são de graça
pra nos ensinar a amar
com o flerte das morenas
pra sentir o coração pulsar mais forte dentro do peito
um banquete de cores e sabores
pra nos machucar mais devagar
num ritmo lento
cadente
da cerveja e da paixão
dos meus sentimentos de mendigo
sou vulgar, indigno e lindo
brilhante esquecido na madrugada
a vida é doce e blefa
como uma vadia bêbada no fim da festa

terça-feira, 10 de abril de 2018

Nego, O Cachorro da Minha Irmã.

tenho pavor desses dias normais
sem escândalos, lágrimas, apocalipses
ou suicídios
essas tardes mornas me causam tédio
preciso do veneno adulterado das garrafas de cachaça
das mandingas improvisadas
do desespero do sol
domingos de baile ou de futebol
tão chato esse horário de almoço
de jornal e esporte
sem a vingança de amor ou de morte
sem a alegria das drogas modernas
do transe psicodélico
balançando nas saias das morenas
essas noites monótonas fodem meus sonhos mais bonitos
como a rotina das relações monogâmicas
o mesmo sexo de todos os dias
quero o cheiro cego do perfume das madrugadas
intensas e emocionantes
como uma garota down
sempre prestes a transbordar
em meu peito há muita sombra e pouca luz
não me satisfaço com novelas e metades
desculpe pai
mas seu filho morto ainda esta no quarto
com o coração cheio de fogos de artifício e MD
bem longe do paraíso

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Besteiras, Crianças e Partidas de Futebol.

todo dia renasço todo torto e fodido
á mercê dos teus caprichos
pra quem me vê agonizando feito um cão em praça pública
um perro
teu perro
tiro sua fantasia depois da escola
aos poucos estendo meu mundo até você
e a gente ouve Caetano
eu gozo dentro
você faz planos pra amanhã
e me embrulha pra presente
manda mensagens quando ta com insônia
eu te receito maconha e siririca
sobre os contos impossíveis que você acredita
é  tudo mentira
sou só eu brincando com tua imaginação de menina
as vezes você brilha
estrela reluzente com a bunda de fora
só peço que não doa muito quando for a hora de ir embora
nosso afeto nasceu na cama
é outono mas no meu quarto ainda resta um pouco do verão
imagino tudo que você pensa e não me diz
na tentativa de adestrar meu coração
durante umas 3 semanas
ou mais

quinta-feira, 22 de março de 2018

Alto da Boa Vista ou Vila Maria.

depois de tudo seu sexo ainda me convence
independente da música, da droga
ou do dia  da semana
você sempre volta pela porta da cozinha
sorrateira
confeccionando novos apocalipses
extorquindo tudo que tem dentro do meu peito
pregando sua fé por coisas mortas
disseminando mentiras e pecados pelas paredes de meu quarto
piranha
que odeia o verão 
goza sempre na mesma posição
e encara o espelho sem medo do que pode encontrar dentro de seus olhos
fluorescentes de ácido de festas passadas
garota bonita
que nunca me beija na despedida
mas deixa seu cheiro na vista

domingo, 18 de março de 2018

Amora.

é que ontem
pra fingir que eu não tava triste
tomei um porre de coca com uísque
e conheci outra Jhenifer
que transa como depravada
e tem um rabo gigante
pra tentar impressionar escondi meus defeitos de bêbado
e de novo me joguei num abismo
a vida se faz de dor também
de sonhos perdidos
traumas, dívidas e vícios
mas a gente vai disfarçando nossos desesperos
com sexo, drogas ou religiões
o calor infernal que engana
enquanto festejo o verão
de braços dados com um deus pagão
bebendo
fodendo
pois morrer aos poucos requer paciência
e todo domingo ou é samba
ou futebol
ou é rave

quinta-feira, 15 de março de 2018

Tambiu.

não se trata de amor
esse sentimento falido
que perturba corações adolescentes
se trata dos nossos planos de incendiar igrejas
pra depois desaparecermos no reflexo de qualquer espelho
pregados de ecstasy
não te nego fogo
você não reclama da minha boca suja
e desliza seu rabo absurdo pela minha cara
não te engano
exponho meu pau mole e meu lado canalha
te peço um pedaço do céu
mais drinque e outros tragos
você me serve nua com um sorriso emoldurado no rosto
com delicadeza realiza meus últimos desejos
antes de por a corda no meu pescoço

terça-feira, 6 de março de 2018

Professora Geralda.

diversas vezes cogitei teu beijo
por instantes sou suicida
e morro de desejo sempre que te vejo
dançando de mãos dadas com o perigo
enfeitando os sonhos que não vamos mais sonhar juntos
só pra noite durar mais
envenenei o umbigo de nosso filho não nascido
e praguejei deus
por vontade, vaidade e estupidez
meu inferno fica na palma da tua mão
te acho uma vadia por isso
me castiga por capricho
sorrindo como uma puta possuída
e eu vivo minha vida da maneira mais ordinária possível
colecionando ressacas
estrelas
dores de cabeça
e fodas bem dadas
maquiando minhas feridas com ecstasy e vodca barata
enquanto te espero voltar vestida de primavera
combinando com as flores
um jeito doloroso de me matar de amores

quinta-feira, 1 de março de 2018

Cadarço.

foi no primeiro dia de março
numa tarde morna e calma
que te provei temperada
pela primeira vez descobri seu seio marrom
suas marcas imprimidas pelo sol
meu riso besta e dissimulado
rezei pra te perder
só pra depois te procurar entre os segundos frenéticos dos ponteiros
guardei suas besteiras pra te ver depois
e te chupei como se fosse manga
te senti como se fosse um fado
pesado e bem cantado
salivei como animal
me desculpei pelo mal que ainda nem te causei
admirei tua beleza primaveril
ardida e sem um pingo de razão
uma luz efêmera brincando com meu coração

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Torta Avenida.

nossos sonhos estão todos amontoados
intoxicados
em meio a esses sambas desesperados
a gente morre aos poucos
ama ao montes
e negocia a alma pra se divertir
sob os escândalos que o céu azul faz
com essas drogas todo mundo é feliz
só mantenha meu coração acelerado
menina bonita
lambendo o cartão
só não se esqueça das nossas trepadas de verão
pois eu sei que esse abismo é fundo
e uma hora você vai pedir socorro

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A Grávida e o Bêbado.

eis que ela reaparece
com um sorriso desbotado no rosto
mais bonita que antes
me olhando com o mesmo olhar de moça debruçada na janela
trouxe em seu ventre
um presente
enquanto me serve aguardente
eu me desmancho por dentro
e estudo em silêncio
seu corpo
seu cheiro
seus medos
e desejos
como se fosse pedra
se mostra forte
mas tropeça em seus próprios sentimentos
e floresce experimentando vestidos novos
descansa em meu colo
e fala sobre nosso amor antigo
meus vacilos
inconsciente me faz amar a  mesma mulher
outra vez

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Bacia das Almas.

com o sol á meu dispor
e a esperança rejuvenescida de um novo amor
a cachaça batida que já desce macia
e esse vício de andar na corda bamba
entre a paixão e a loucura
como se houvesse um imã que me puxasse pra beira de todo precipício
pras apostas perdidas
sobre tudo ou nada
quando a vida se faz de eterna folia
e se as garotas forem bonitas
tudo vale a pena

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Pastel na Feira.

ouvi dizer que ela não mora mais no bairro
que seu cachorro morreu
fiquei sabendo que se apaixonou por ai
que escreveu num muro que eu era corno e viado
que ela agora gosta de mulheres e
de cocaína também
que andou perguntando de mim
soube que ela mudou a cor de seu cabelo
que ainda deixa marcas de beijo com batom nos espelhos
que bateu o carro na Bady
que frequenta os mesmos bares que ia comigo
que as vezes ela chora
que ainda me odeia sem querer
me disseram que ela passou um tempo sem sorrir
e que hoje seu sorriso parece um pedido de socorro
um flerte com o desespero
que ela nunca mais se entregou por inteiro
disfarçando a tristeza que te causei com ácido nas raves de domingo
eu me lembro bem das tuas minúcias
dos seus truques
da sua malícia
ainda transo bêbado com aquela amiga
e torço pra que o carnaval seja eterno


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Tubaína.

janeiro derrete suas curvas
o verão vai adestrando seu lado puta
noites intermináveis e quentes
muito quentes
seus olhos cheios de loucura
e um milhão de fetiches vulgares pra se realizar
cansada de amores eternos
descobre no sexo as delícias que há no inferno
sem pudor tira a roupa
arma sua alma e sai pra rua
intensa e cintilante feito uma viagem de ecstasy
penteia lentamente o cabelo
e codifica seus segredos
vagando solta pelos bares até vir parar aqui
e eu te acho linda no verão
subversiva com o dedo na boca
xingando
bebendo
transando
vivendo a porra da tua vida como quiser

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Alcides Pinguço.

outro dia quando eu tava muito bêbado e tal
contei suas bitucas manchadas de batom no cinzeiro
fiquei feliz porque é quase fevereiro
havia uns fios de seu cabelo espalhados pela cama
e no travesseiro seu cheiro
eu ri quando lembrei que te falei que eu era ateu
você disse com a mão no quadril
- deus da rasteira nos ateus
eu memorizava todas suas curvas
seus pelos
suas imperfeições
movimentos e afins
seus pedaços que não estão á vista
nos seus segredos escondidos numa caixa de tênis no fundo de seu guarda roupas
é que sua boca
me inspira á ideias loucas
quando ardem as madrugadas lá fora
aqui dentro a gente bebe, fode e se diverte
quando eu me acho dentro de seu abraço
no seu paraíso morno
desse eterno verão
quando você me tem na palma de sua mão

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Cachaça Maravilha.

como as estrelas
ela surge sempre de noite
com jeitinho acalma meus piores demônios
e prepara drinques desonestos com o que ela acha no armário
eu sempre bebo calado
esperando ela inventar qualquer moda
assim, toda desinibida
vestindo nada
inventando histórias pra me fazer sorrir
ela me invade
com a cabeça no meu peito
depois do sexo
ela me conta das suas coisas do dia a dia
descreve as madrugadas pra mim
como se eu fosse cego
segura minha mão
ela carrega qualquer coisa triste em seus olhos tingidos de negro
talvez seja esses traumas de mulher
ela tem seus exageros
incluindo seus seios
seus medos
suas pirraças
seus dramas
sempre justificando suas mancadas com sorrisos coloridos
e sexo anal

domingo, 14 de janeiro de 2018

Francisca e o Macumbeiro.

dela eu tenho apenas a impressão de um belo sonho
seus olhos jovens e um pedaço de seu seio
fantasias modernas
sua sensibilidade bruta
surda, cega e muda
como uma fotografia
eu não sinto nada quando
em meu quarto
ocorre verdadeiros espetáculos pornográficos
as vezes penso nela
as vezes sofro
mas bem pouco
é que eles sempre nos dão o caos
antes da calmaria
e quando ela esta do outro lado da cidade
conversando com alguém sobre signos
tragando sua erva
imaginando em coisas aleatórias e sem sentido
sera que ela pensa em mim?
perdido pelos jardins secretos da Boa Vista
em busca de diversão e putaria
na minha cabeça acontecem revoluções diárias minha pequena
não tenho medo do fim
sendo assim
não desisto da tua boca e
nem do teu corpo branco marfim
dourado pelo sol do teu  bairro

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Modesto Lobisomen.

se é pra tirar foto eu travo
se eu tiver muito bêbado eu rio
se a droga for boa eu vendo
das porradas da vida eu esquivo
se  o vestido dela for curto eu tiro
nem penso mais em suicídio
se a brincadeira for na beira do precipício eu me arrisco
os amores eu retribuo
se tiver deus eu duvido
da polícia eu fujo
e compreendo minhas sequelas
ainda prolongo os porres depois do sexo
se tiver dinheiro eu gasto
se tiver de noite eu flerto com a lua
se tiver de dia sou vadio
me perco no sorriso das morenas
se o samba for bonito eu choro de emoção ou de saudade
e quase sempre morro de paixão
mas deixo o coração exposto numa vitrine para doação