quinta-feira, 28 de junho de 2018

Escada.

as vezes quando cê aparece a tarde
eu tento te decifrar
conto teus passos
da cama até o vaso
seu corpo mistico
de mentiras tolas
suas formas estúpidas de me fazer feliz
teu sorriso tem uma curva doentia
bonita
decoro a moldura da tua xota
e brinco com a língua no  teu clitóris
me perco nas tuas dobras
curvas e imperfeições
enquanto você me devora com os olhos
morena yorúbana
úmida e temperada
depois que vai embora
deixa sua sombra florescendo pelos cantos do quarto
os vestígios da tua pele marrom
teu cheiro fica na minha boca
e na minha mão

terça-feira, 12 de junho de 2018

Canavial.

perigoso é misturar álcool com tristeza
por precaução desligue o celular e
tape os ouvidos pra não escutar seus próprios pensamentos
se necessário chore no colo de uma mulher
tome drogas pra distrair um pouco
coma uma puta ou uma amiga
não fique louco
desenhe o nome dela no ar
sofra, mas não se mate
perigoso é misturar paixão com suicidio
todas são iguais a ela
por fora estrela que brilha soberana
por dentro faz seu inferno na minha cama
Mariana
fantasiada de madrugada
desliza seu rabo pela minha cara
e me castiga com os olhos
enquanto eu admiro sua sombra viva e morna
flutuando pela parede
feminina, vulgar e encapetada

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Jesus Nu.

não me olhe assim querida
com esses olhos de fundo de poço
de bicho acuado
perdida nos meus braços
á espera dos beijos que ainda não foram dados
solta esse cabelo
você fica tão bonita assim
desfilando nua em frente ao espelho
com um baseado entre os dedos
pegue outra cerveja e me beija
mas deixe a luz acessa
pra que eu possa ver seu corpo moreno de sol balançando
flertando com a realidade
vestida só de pele e pelos
como um devaneio
não me olhe assim querida
com esses olhos de prostituta depressiva
meus sonhos são infantis e violentos
os seus são cinematográficos
minhas apostas são perdidas
e enquanto nossa carne grita com febre durante o sexo
eu procuro maneiras de blefar com a vida
e adiar o fim