sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Sopro no Coração.

Nayara me aconteceu ano passado
uma paixão num porta-retrato
desafio o destino
pra encontrar teu peito revelado
e estudo tuas fotografias
quase te amo sem te ter
a fumaça acalma os sentidos de qualquer erro que eu faça
e meus dias passam lentos e vadios
com uma porção de garotas
que não são você
sinto ciúmes da madrugada que alisa teu cabelo preto
esperando só uma chance
pra te oferecer uma bandeja com todos meus pecados
pra te ver sapatear pelada no meu coração
e dividir as horas mais preciosas do sol
até depois do carnaval
na tua pele branca gozar de fogo um amor lilás
sempre bebo demais
e me apaixono sem querer
nos ponteiros do teu relógio
vou te espiar como um voyer
florescendo em baixo do mesmo lençol
anunciando futuras primaveras através dos teus olhos de girassol
                                                                                                  Nayara.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Canivete Suíço.

desconfio das brigas que arranjei por ai
dessa quentura que deixa teu corpo transparente
de sua calcinha de lado
do menino jesus
veadinho prodígio
de seu cabelo avoado
de você molhada de suor 
ditando suas regras 
gosto de você gostando de mulheres também
da sua preguiça de crer 
desconfio de seus olhos esfumaçados 
da baba cósmica de sua boceta
da ponta de teu dedo no meu dente quebrado
quando olho dentro do seu riso branco
é feitiço dentro de mim
pra fazer amor mais cedo
um punhado de florzinhas vermelhas e amarelas 
do jardim de casa
psicodélica e tropical 
cheirando a temporal 
de muita vaidade e pouco medo
moldada pelo sol refletida em orgasmos assanhados 
derramando seu prazer em minha língua

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Dia Branco Celeste.

coleciona bichinhos de pelúcia
fingiu mil orgasmos
pra gozar sozinha
no sofá de sua sala
de tardezinha
corpo de baralho marcado
só quem sabe blefar e roubar
tem direito de tocar
uma hora é Cleópatra
sem máscara é divina
Richthofen assassina
no espelho é estrela cadente
mestiça dissimulada
colorida t.v
uma mancha vermelha de batom
com dinheiro na bolsa e uma tarde inteira pra se divertir
uma baga da maconha do cdhu
um céu limpinho
e sua boca encarnada
com gosto de bala
em casa só fico de cueca e descalço
pra te ver brilhar de salto
doida de pó
vestida de noite vulgar

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Limão Galego.

desperdicei tua luz em manhãs quentes
quando tínhamos o verão inteiro só pra gente
agora ficou muito tarde
e nosso amor já virou bolor
deixo tudo assim
uma cartela de ácido e teu sorriso tatuado na minha alma
sua teta esquerda combina na minha boca
seu coração que não te deixa mais me amar
Larissa de pernas cruzadas na encruzilhada
me observando do avesso
constrangida com minha safadeza excessiva
sua beleza morena é subversiva
de saia de renda
bulindo com a primavera
indecente e molhada
agarrada no colo de seu carrasco
que te chupa por longas horas
vasculha seu intimo e te descabela
Larissa chiclete de menta
perfume barato
eu gosto do cheiro do seu cu
dos seus sonhos de adolescente
da sua pele marrom e do jeito que bateu a porta pra nunca mais voltar

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Julia R.

meus sonhos estão sendo velados lá
no cemitério da Ercília
das bundas que comi
bem na curva do tempo
sem amor
e cocaína em motéis xexelentos
espiei olhos vazios
sedentos de tesão
nos carnavais sombrios
até que a corda se apaixonou pelo meu pescoço
me abraçou tão forte
que quase me matou
transformei o sol numa moça morena
que entra sem pedir licença pela janela
e fornica com todo mundo
deus é uma cachorra prenha
com vontade de matar seus filhotes
as vezes o coração encolhe dentro do peito
sabe?
mas cerveja cura tudo
você botou fogo nos seus brinquedos
eu tava com o cu cheio de ácido
mas lembro de você fazendo xixi de porta aberta

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Poesia do Dente Quebrado.

ela só quer um amor sincero
um muro pra sujar de tinta
ela adoçou minha boca e a da Marina
de manhãzinha me fez carinho
todo samba bonito que escuto
toda menina linda que deita comigo
tem um pouco dela
no meu sonho tem nossa semente no seu umbigo
quantas luas derramadas na inocência dos seus seios
te falta malícia mulher
quantos desamores pra te fazer chorar
as vezes meu desejo é te amar
e porque não?
te ver pintando e
fumando
ela é feita de sonhos de látex
olhos sorridentes
um desenho silencioso
refletindo um céu colorido
uma tarde quente de domingo
e porque não?
                                   Jaqueline...

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Sua Janela Torta.

foram doze drinques
não muito mais que isso
esperei seu sorriso pra depois
a noite amansava seus cabelos arredios
da carne de tua boca
aos carros estacionados
em esquinas de pecados
te pedi um filho
fiz um pacto com a lua pra ficar mais um pouco dependurada sobre nós
uma porção de elogios te ofereci
imaginei suas minúcias
suas intimidades
seu banho, seu pranto
cólicas menstruais e afins
mas tua alma despida
é tão bonita
que tive medo da ressaca de outro dia
e te amei como minhas ex namoradas
caprichadas horas que passo do teu lado
nunca é muito
e é o tempo
que passa como o vento
nos pelinhos aparados da tua  xana
nossas histórias pra contar
sobre sua janela torta

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Onça Pintada.

mas você estava á espreita
atenta aos meus deslizes
em noites enfermas
debaixo do lençol virei tua presa
sangrando
abatido sou teu bicho
agora já não sonho mais com sua sombra preta
apenas desejo
ser teu banquete bêbado de novo
suas curvas serenas
sem agasalho
de violência delicada
corre calma como a madrugada
 e volta pro teu homem
suada
com meu cheiro em você
ninfa negra da boca de papel
escorregadia
não disfarça suas mentiras
se eu fosse mulher seria igual a você
te admiro em todos os ângulos
vestida de animal manso
sorrateira
armando tocaia
 tirando a saia
pronta pra dar o bote

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Da Vez Que Roubei Um Cavalo.

é esse tempo todo deformado
essas cicatrizes em meus pulsos
meus antecedentes criminais
o sexo indecente de ontem a tarde
depois do coma Anna me disse
que meu primeiro problema era a cocaína
e o segundo eram as mulheres
gosto do estrago
do dente quebrado
por causa de futebol
no meio fio da vida
brinquei de morrer na manhã de uma sexta-feira
nunca fui um cara calmo
nem li uma única linha dum salmo
o céu ainda me comove
minha mão única é na contra-mão
eu bebo
fumo
beijo e
blefo demais
orgias dos pares
lambendo xotas
misturando realidade e anedotas
o suicídio
foi meu castigo

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Laranja.

fez um pacto com o espelho
misterioso corpo moreno
se olha maravilhada
um altar no espaço
há um tambor em sua cintura
formosa e prematura
no seus seios calmos
eu sou feliz
só por algumas horas
sempre de tarde
minuciosa no jeito de me olhar
e de trepar
desmaia o sol sobre nós
e toda vez que você vem
o coração bate diferente
sem roupas você me convence
suada
espalha seu cheiro
pelos ares
e excita minha retina
sua pele cor de terra temperada
com sal e cerveja

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Joelho de Porco.

tinha um quilo da purinha
uns troco pra receber do corre de crack no centro
duas gata estressada afim de me dar
uns polícia na maldade de me grampear
festa no desmanche do Cigano
papo de haxixe, cerveja e boceta
um cano berrado no porta-luvas do carro
de bermuda e chinelo
com os moleque do 157
amizade de pivete
uma loira mandada atrás de problema
- no pelo não
dando uns puxo
boquete dentro do passat
a lua é uma vagabunda nua
lá no céu
nenhuma madrugada é santa
desabafa na esquina
nas brigas de bar ou de torcida
na camisa suja de sangue
dando boa noite pros mendigo
o asfalto é cruel
a peça na cintura não faz parte da fantasia
sem precisar de cristo
nem dos semáforos
filho de santo
crente que o Orixá protege
a bandidagem se reconhece
rendido aos pés de uma morena celestial
descobri o amor
malandro nenhum me avisou
mas na palma de sua mão sofri mais do que na mão dos cana