quarta-feira, 6 de maio de 2020

Olho de Vidro. Perna de Pau.

sua sombra continua intacta e transfigurada
atrás da veneziana de madeira
sua risada ainda ecoa pelo corredor
no canto do quarto
ainda existe qualquer resto teu
um vestido velho
um brinco perdido
ou seu sorriso ateu
ainda te vejo nua
pegando cerveja na geladeira
me contando sobre sonhos estranhos
e ataques epiléticos
da virgindade no colégio
as vezes confundo lembranças
e troco o nome de outras garotas
pelo seu
e finjo que já te esqueci
porque eu sei que qualquer merda que me machuque
é o que te faz rir
as vezes eu ainda procuro
seu olhar masoquista
de passista drogada
me ensinando tudo sobre doenças terminais
corações quebrados
e ressacas...