sábado, 30 de agosto de 2014

Uma Bailarina Obesa de Quatro Numa Cama de Solteiro.

Desdobro sorrisos depravados
em poemas sem rima
cria de mentes desajustadas
livre de valores convencionais da família cristã brasileira
dos modos educados e gentis
graças á minha infância caótica
cagando em caixas de tênis e lançando em igrejas evangélicas
lendo Bakunin
apedrejando carros de polícia e mansões
o 22 do meu avô vivia na minha cintura
espiando as colegiais no vestiário
brigas de faca
pichação
incêndios provocados
pequenos furtos
cola de sapateiro
benzina
as dedadas na Jaqueline na hora do recreio
 malícia é dom
hoje só me resta um andador
uma cadeira de rodas
o esculacho que a vida me deu
por conta de quatro tiros num são-paulino
muita cocaína
e uma corda fraca.