quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Tubarão Tapete.

a gente compactua os mesmos lances
adeptos do desapego emocional
feito crianças
somos avessos a romances
e temos os mesmos gostos peculiares
por farras balzaquianas 
 sexo casual
cocaína e drogas sintéticas no carnaval,
gostamos de sambas antigos
e mantemos uma média
de 3 a quatro porres por semana
no mínimo,
sua alma é morena
e você range os dentes
de raiva ou ciúmes
quando lê meus poemas,
comunga comigo
nos mesmos delírios
devaneios etílicos 
e clichês cinematográficos,
eu respeito suas feridas
seus defeitos e cicatrizes
algumas lágrimas
e uma porção de traumas
sua filosofia de vida
autodestrutiva
que te proporciona um charme
quase suicida,
e toda vez que você expõe
sem inibição
seu seio marrom
e ateu
e cochicha mentiras cor de rosa
no  meu ouvido
eu nunca sei se acredito
ou duvido
que você só tem eu,
seu corpo é lírico 
e me acalma
feito cachaça com ansiolítico
e eu acho tão bonito seu sorriso
com aquele seu ar blasé
que oculta uma calma fria e doentia
de psicopata
que envenena os gatos da vizinha,
mas você me conquista
quando finge
ser uma vadia sem alma
e sem coração
só pra me ter
na palma da tua mão...

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Hipoglicemia.

 ela esbanja uma típica malícia 
das garotas da Boa Vista
que flerta com canalhas
e ironiza a vida
capricha nas pitadas de putaria
brinca com seus romances
brinca com as cores do dia
não leva nada á sério
e quase sem querer
comete adultérios
carrega no rosto 
sempre aquela sorriso debochado
meio esotérico
e tira a roupa num ataque epilético
acha graça do meu lado vadio
úmida
eu desfruto do teu cio
as vezes ela finge que se importa
e critica meus excessos
diz que me ama durante o sexo
e a gente divide porres e confidências
e toda vez que eu penso muito nela
como num passe de mágica
ela aparece
repleta de coincidências
virando do avesso minha canalhice hereditária
fuçando em coisas mortas no meu coração
propondo planos, namoros e rolês
aguçando minhas vontades
enquanto eu espero o verão
ela vai matando minha sede insaciável
rindo do improvável
adoçando minha boca
com beijos e cervejas
nunca sã 
as vezes pagã
como uma deusa louca
contando uma mentira ou outra
bagunçando meu espírito cínico
e bêbado eu sou mudo
mas observo tudo
e decoro seus detalhes obscuros
enquanto você fuma pelada na minha janela
menina insalubre
com uma serpente tatuada no pé
que mesmo sem me amar
me pune
se transformando assim
no meu tipo preferido de mulher

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Sinônimo de Vinícius.

você entende meus vacilos
e sabe muito bem
que recaídas acontecem
e você lida muito bem com tudo isso
minimiza os estragos
e faz pequenos reparos
necessários em mim
"limpa esse nariz branco"
"fuma esse beck"
"vamos fazer um sexo"
sempre calma
com a alma serena
deduz seus próprios mistérios
e filosofa sobre seus adultérios
pra mim é sempre incerto
de onde você veio
e pra onde você vai
você sempre aparece com sua silhueta desbotada
exibi novos estigmas na sua pele adulterada
seu corte de cabelo novo
e o batom roxo
me conta dos seus casos
dos estragos
e das multas de trânsito
eu ouço tudo e absorvo 
sua beleza é efêmera como os segundos
dum relógio
ainda acho lindo seu declínio
e minto tudo o que sinto
mas não discuto com o tempo
é que toda vez que sangro
sangro em silêncio.

sábado, 1 de outubro de 2022

Terceiro Olho ou Terceiro Mamilo.

esse seu charme explícito
de menina de subúrbio
que cochicha no meu ouvido
os vexames e escândalos da sua rua 
sem vergonha
você me conta que sonha
sonhos de papel crepom
e fogos de artifício
e eu em silêncio 
bêbado e promíscuo 
admiro seu corpo liso
suas miudezas rabiscadas em caricaturas  
de Faber Castell
e de fato fica claro
que sou um homem sem princípios

(e quase me espanta
toda indecência contida nesse seu sorriso) 

os detalhes vermelhos no seu vestido
me fascina seu desejo prematuro
obcecada pelos absurdos do meu mundo 
enquanto ainda tem medo do escuro
e brinca de ser adulta
e eu cego, surdo e mudo
contemplo sua sombra nua
deslizando pela parede
seu jeito de falar de amor e de besteira
de celebrar as sextas-feiras com maconha
e cerveja
com seus olhos dando risada
e sua boca recheada
de palavrões
de pernas abertas
me apresenta seu prazer leviano
e deduzo teus segredos
com a lábia  e a língua dos charlatões
interpreto seu tesão provinciano
seus desejos fúteis e mundanos
de silicone, tênis Mizuno
e bronzeamento artificial
descubro quase tudo
o que você oculta
sobre sua pele de vinte e tantos anos
é que eu gosto da sua nudez descarada
e dos sinais que você me dá
que só me fazem entender nada
sobre você
sobre todas as esperanças invisíveis e vazias que eu crio
e sobre todas as vezes que te perco
sem nunca te ter.


quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Betelgeuse, A Estrela Vermelha.

ela tem aquela risada caótica 
e sua nudez é apoteótica
gargalha e fala alto como uma santa bêbada
ela é subliminar
como a porra de uma incógnita
que altera minha rotina
de putarias esplêndidas
com a proposta de um amor de primavera
colorida, sorrateira 
e indecifrável
ela fomenta meu desejo 
e tempera minha boca com cerveja
e um milhão de beijos
na cama
ela é bicho no cio
diz que me ama
e me arranha frenética
violenta
sempre úmida
ansiosa e inquieta
divaga perdida entre o quarto
e a cozinha
no diz que me diz 
expõe sua loucura
enquanto procura
a calcinha
mas acontece
que eu sou incandescente
e ela me incendeia lentamente
e nota-se entre parênteses
uma menina inconsequente
em busca de viver um amor de novela
desses amores que acontecem de repente
com tesão de adolescente
uma vontade transparente
escondida sob a maquiagem bem feita
qualquer trauma oculto
de quem só transa no escuro
e brota um delírio no seu umbigo
que forja sua paixão radioativa
sob o céu estrelado da Boa Vista,
ela se entrega sem fazer muitas exigências
como uma puta inexperiente
que se apaixona pelo cliente
e se arrisca
arisca
com minha semente
em seu ventre.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Tarântula e Frenesi.

e é nesse enredo epilético
que você me acontece
sambando qualquer samba obsceno
de alegorias imaginárias
ensaia suas tramas
e finge orgasmos e dramas
em posições inimagináveis
compõe destinos vulgares
deslizando o dedo sob minhas tatuagens
antecipa o verão com planos de sol
piscina e suicídio
brinca de putaria franciscana
sem sutiã  me prepara drinques sabor uísque, gelo
e ansiolítico
você me enxerga 
quando eu só te vejo
memorizo seu rosto
seu cheiro
seu beijo com gosto de menta e desespero
seu reflexo estampado no meu espelho
sua risada debochada
seu sexo de pomba-gira embriagada
a bagana fedorenta esquecida no cinzeiro
você prefere o estrago
a um romance cinematográfico
gosta das madrugadas
e toda vez que você aparece
eu viro testemunha ocular dos seus delírios
e me envolve nos seus lances
de grana, tráfico e apocalipses
sendo a atriz principal
nesse nosso filme cult esquisito
você atua plena 
sempre avessa á conversas sérias
sem tempo a perder com flores ou poemas
me faz de coadjuvante
que ri enquanto se incendeia o circo
eu também não tenho a ambição
de ser muito mais que isso
e de alguma forma ou de outra
nossas fodas mais bem dadas
sempre acabam em piadas 
e resultam sempre em nada
vezes nada
mas como é o vício
eu insisto
e aposto em você
mesmo sabendo que vou perder
e no final a gente nunca sabe 
se quem se fodeu mais foi eu 
ou se foi você.

domingo, 7 de agosto de 2022

Delírios no Serengeti.

me ausentei das emoções escandalosas 
da cegueira causada pelas paixões viscerais
me contive diante dos mistérios
fui causador de dois ou 3 adultérios
e só,
não me culpo
é que sempre gostei do risco
mas não invejo a calmaria dos amores tranquilos
prefiro um dia de brincadeiras
no meio fio de qualquer abismo
do que uma eternidade morna e mansa no paraíso
sou deslocado
instável
suicida maldito
no tête á tête sou esquisito
e sempre vejo um estranho
quando me olho no espelho
coleciono erros e segredos
e um milhão de histórias obscuras,
escondido dentro do meu peito 
existe um pequeno diabo risonho
atrevido
vive cochichando planos apocalípticos
no pé do meu ouvido
adulterando sonhos
transformando romances em putaria 
as vezes até me induz a alguns vícios antigos
de sexo e cocaína
sempre tramando isso e aquilo
eu fico imparcial no meio de tudo isso
mas toda vez que ele ri
eu também acabo sorrindo.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Número 33.

as vezes sua risada esquizofrênica impregna meu quarto
e quase ouço seus passos sorrateiros 
me trazendo outra cerveja
as vezes te vejo presa dentro do espelho
provando doses de seu próprio veneno
cantarolando indecências
as vezes te esqueço 
sua voz, seus traços
e o formato do seu seio esquerdo
viram lembranças perdidas no meu travesseiro
as vezes te encontro
perdida pelos bares da Santa Cruz 
ou da Boa Vista
tão bela quanto cínica
rebolando a bunda atrás de cocaína
e desenhando paus nas mesas de bilhar
as vezes te amo
enquanto você se faz tão difícil de amar
hermeticamente fechada
pra qualquer coisa que envolva seu coração
esse órgão morto e misterioso que bate sem jeito
dentro de seu peito
as vezes te confundo com outras
e desejo que você morra de tosse
porque eu sei que você não tem nenhum vestido
que combine com uma overdose.

domingo, 26 de junho de 2022

Salém.

parece que ela vibra
em algum tipo de frequência desconhecida
na cama
se mostra desinibida
e sincera 
estende seu pano
e me mostra um pouco de sua vida
menina mística
mesmo quando transita em transe
pelo labirinto de fumaça, programas e neblina
ela não mente
e entende que o Sol é o seu destino
e eu percorro suas miudezas com a língua
experimento no peito o desatino
quando transparece seu sexo
junto ao seu sorriso
nem sempre ela entende o que eu digo
pode ser que ela sinta o que eu sinto
mas pra mim tanto faz
é que já nasci hedonista convicto
tenho histórico e antecedentes criminais
por isso gosto tanto de casos improváveis
e mulheres surreais
e não ligo muito pra picuinhas emocionais
com ela meu apego é só aos seus detalhes
e aos momentos que contradizem a razão do tempo
(fornicação e sentimento)
sou avesso a costumes morais 
e admiro ao ver ela livre 
feito pipa perdida no céu
sem linha, nem carretel
vestida de mulher
ela aceita
e compreende que talvez
espalhar amor pela terra
seja o seu principal papel.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Um Descaminho Entre Uma Puta e Um Peregrino.

repousa sobre minha cabeça incompreendida
o peso dos erros
dos traumas 
dos vícios
e de alguns boletins de ocorrência
o rosto de meus pais decepcionados
sim, eu sou a prole que deu errado
e carrego as estigmas em meu corpo
como se eu fosse um cristo sequelado
mas sem as glórias, as graças
e os milagres
sigo pagando caro pelas escolhas erradas
qualquer merda assim diria Sartre
me mantenho distante de deus
mas procuro mirar meus olhos sempre na direção do céu
e digo isso com a propriedade de quem nasceu para dar errado
o indigno
o imoral
o suicida
o promíscuo degenerado
que tem em si a sombra mística 
de quem perdeu o carisma
me comporto como uma metáfora cínica
indecifrável
sou a porra de uma mensagem sublimar
eu, inimigo de mim mesmo
sempre perdido na linha tênue entre o bem e o mal
as vezes rude
as vezes sentimental
as vezes penso que só me falta é sorte
mas aí me vem a certeza
de que ainda sou só uma criança
pilotando uma moto no globo da morte

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Pó e Pele.

brinca com sua memória
de puta idosa
impregnada de imagens mentais
de putarias e bacanais
de outras vidas passadas
quando era amada
e colecionava casos extraconjugais
quando se comportava como uma cadela
no cio
e não negava boquetes 
sentada no meio fio
saudosa se lembra do tempo
em que seu corpo era um templo 
de desejos 
de toda foda bem dada que começava
com o beijo
mas a festa da carne acabou
porque os carnavais sempre chegam fim
e hoje se perde nos palpites esotéricos
debruçada nos mistérios de seu signo
e sofre como uma flor murcha seca, calada
e carente 
sente falta da saúde, da libido e do fogo que consumia seu ventre
por indicação de seu psiquiatra
se entope de remédios
para tratar sua suposta doença da mente
mas ainda se entrega facilmente
á qualquer um que lhe procure
e te ofereça qualquer tipo de risco
que cochiche no seu ouvido
sacanagens românticas
que instigue seu tesão
em troca de um pouco de afeto
ou somente pelo seu vicio em sexo
se deixa enganar
e sem vergonha na cara
nunca diz não