quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Flor de Janeiro.

ela deveria ser rainha de bateria
dançando seminua na avenida
deixando pra trás
uma porção de estrelas e anjos caídos
espalhados pelo chão
e como seria se ela fosse minha?
nas madrugadas irresponsáveis
quando seus olhos floridos conhecessem
a violência dos meus breus
meu histórico suicida
meus problemas com a justiça
e minhas ressonâncias magnéticas
sera que ela me amaria?
com a tv desligada
sem camisinha
depois que o carnaval acabasse
nas chuvas mornas de verão
nos domingos de futebol, sexo e cerveja
quando fosse só nós dois versus o mundo inteiro
e do avesso
de ressaca e sem maquiagem
eu diria
- que menina bonita

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Claudemir Vendedor de Crack.

ela ri dos meus dentes fodidos
por causa de pó e porrada
repara no meu bigode e me chama de canalha
perde a conta contando minhas cicatrizes
andando pelada pelo quarto
enquanto eu encho a cara
de quatro da seu rabo pra eu chupa
cabelo amarrado
rabo de cavalo
ela adora cavalga
tenta entende qualquer merda que eu falo
no estilo Maria Rita
esconde dentro do peito um diabo que grita
menina sinistra
lá fora chove estrelas cadentes
aqui dentro ela fica bonita arreganhada
dizendo que eu não mudei nada
que conheceu minha ex namorada
que só penso em bola, xota, grana fácil, droga e cachaça
ela me pergunta sobre o futuro
eu respondo que o mundo ta ao contrário
e que se nada der certo eu volto pro tráfico
ela sorri
e beija minha boca como se fosse minha cúmplice

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Abel Problemático.

se for pra me ver morrer amando
por favor não enxugue meu pranto
deixe que digam isso e aquilo
que fui vadio, bêbado ou promíscuo
diga que da cachaça
aproveitei mais das farras do que das ressacas
que meus crimes foram por vaidade
amante das noites quentes
das morenas indecentes
dos rebolados hipnóticos
dos decotes enfeitados de perdição
das curvas sinuosas
dos sorrisos
dos riscos
diga que fui suicida
poeta, ruim de bola e cafajeste
drogado, mentiroso e ordinário
conte sobre meus sonhos de verão
dos meus amigos presos
sobre as viagens de ácido
os sambas antigos com cerveja
diga o quanto eu esperei
por algo que nem sequer existe
diga o quanto amei
e que nunca neguei
paixões e saideiras

domingo, 3 de dezembro de 2017

Birocas Coloridas.

eu já não reconheço mais meus amigos
quase não suporto mais minha família
mas sempre bebo demais
é o que dizem
o caminho de volta pra casa é o mais triste
minha natureza é vadia
que passa os dias vagabundeando
pra lá e pra cá
sem sair do lugar
vendo as luas passando pela minha janela
obcecado por bundas
brigas de torcida, vestidinhos curtos, sorrisos
e sentimentos
sempre que posso xingo deus
e brinco na hora do sexo
com um diabo cochichando no meu ouvido
as vezes me sinto perdido
um passarinho aleijado
que quando dorme sonha estar voando
mas escolho as mentiras mais bonitas para acreditar
é que pra amar eu preciso estar bêbado
ou desesperado

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Miquilina.

enquanto você dançava
eu mastigava meio pedaço de ecstasy
e descobria os sambas ocultos
que os antigos malandros cantavam escondidos
do outro lado da lua
tava tudo ali
no teu corpo moreno de dançarina
no teu sorriso pintado de infinito
entre uma cerveja e outra
eu chegava a imaginar tua boca na minha
essas viagens psicodélicas quando me apaixono
picuinhas sintéticas
é que toda vez que te vejo
você ta sempre mais bonita que da última vez
seus traços negros impregna em minha alma de bandido
e deixa tudo mais bonito

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

João Bolão.

prestava atenção nas coisas que não estavam ali
sendo a afta na sua língua
guardei meus sonhos onde ninguém pode encontrar
nem eu
sinto falta das calçadas
da fumaça ardendo em meus olhos castanhos
sendo filho de ninguém
me preparei pra morrer ás vésperas de um dia qualquer
mas falhei quando a corda de seu violão arrentou
como a que enrolei no pescoço
e outro desconhecido morreu
não eu
hoje bebo sendo só mais um
propenso aos amores impossíveis
odeio nada
odeio tudo
a mesma criança em cima do muro
espiando a vizinha
de calcinha
mandei uma carta pra deus
só pra dizer que ele não existe

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Ainda é Primavera.

é como se todo pano dos vestidos que vejo
me trouxesse você de volta
os tecidos macios no corpo de outras garotas
é bom saborear as manhãs quentes
esperar o mundo acabar é uma arte sinistra
mas o vento sempre me traz mulheres bonitas
e te esqueço aos poucos
em doses mínimas
há quem esconda a dor
eu escrevo
e bebo
e fumo
e trepo
e as vezes ainda te procuro
nos obituários dos jornais
nos muros pichados
nas esquinas do universo
até em outras virilhas
mas só te acho
quando me viro do avesso e te descubro sorrindo
dentro de mim

sábado, 18 de novembro de 2017

Galinha Vermelha.

nunca escutei os conselhos de meus pais
e iniciei minha revolução particular
quando chovia coquetéis molotov
no canto mais escuro da  rua
me contradisse muitas e muitas vezes
roubei livros, beijos e carros
meus amores ainda são todos absurdos
sempre foi mais fácil amar as morenas
minha mania de romances coloridos
na dança favorita das santas bêbadas e epiléticas
é que a vida cobrou caro pra me deixar viver
e o instinto é o mesmo de antes
de moleque malicioso, briguento
que pulava as janelas do mundo
em busca de liberdade
mas acabei preso
dentro de mim mesmo
quando me vesti de Judas
 e sem cerimônias me enforquei

domingo, 12 de novembro de 2017

Dalva Muambeira.

eu deveria ter inventado outro amor
mas preferi esperar o sol bater na janela pra tirar tua roupa
decifrei suas marcas escondidas
palmo á palmo
e só o que te pedia
era pra manter meu copo sempre cheio
enquanto houver vida para se gastar
e desejo pra se gozar
tenho sede
não resisto aos vícios
mas isso você já sabe
o mundo inteiro é ciente
e se você rebola na minha frente
eu digo - vem.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Bar do Fidelis.

a primavera sorridente baila nas tuas curvas
nos teus contornos exagerados de mulher
pendura em teu sorriso
enquanto eu mastigo teu umbigo
ressacas e amores não nos ensinam nada
de bruços
você é um completo absurdo
transita em frente ao espelho
decoro todos os seus pelos
fêmea sem alma e sem coração
destila seu veneno pela boceta
e distorce minha realidade
com cachaça, sexo e fumaça
testa minhas teorias e sempre goza por cima
com suas manias de menina
vai embora mais bonita do que chegou
por um momento penso
- vadia
mas depois fico com saudades

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Darci do Alho.

notei seus novos arranjos
seu sorriso continua moreno
seus seios pequenos expostos na janela
quase morri de saudades
dos teus olhos mestiços
do teu jeito infame de menina problemática
revirando as noites
é que esperei por você
morto sob o sol de domingo
e agora você reaparece com sua nova tatuagem
suas histórias malucas
me encantando novamente
fazendo de mim seu bicho de estimação
fantasiada de verão
penteando seus cabelos com os dedos
como um passarinho pronto pra voar
outra vez

domingo, 22 de outubro de 2017

Dagomar Cheirador de Loló.

a noite ainda me beija
e flerta comigo
do lado de lá da janela
sussurra no pé do meu ouvido
"vem"
insinua as velhas putarias
as drogas e os amores
pinta meus sonhos com mil cores
a noite ainda me convida
incita os melhores pecados do cardápio de deus
vestida de preto
enfeitada com estrelas
a noite ainda grita meu nome no portão
com um copo de cerveja na mão
a noite ainda é mistério
nos olhos negros das morenas feitiço
desliza o sereno pelos cabelos negros
e desenha melodias noturnas pelos corpos sinuosos
a noite ainda me faz feliz
descarada me manipula como uma atriz
berço dos malditos
dos ébrios e desregrados
reduto das putas e dos vagabundos
a noite ainda é a personagem mais charmosa dos subúrbios

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Ademir Bicheiro.

falava sobre os naipes sagrados do seu baralho
blefava com um par de ases entre as pernas
mas eu já te conhecia
e sabia quando você fingia
nas apostas e em alguns orgasmos
pelada compensava todos meus crimes do passado
seu jogo de cartas marcadas
profissional em manipular meu coração
incrivelmente instável
furtava as horas do horário de verão
e dizia que pau nenhum era melhor que seus dedos
passava dias desaparecida
e voltava refeita
mais bonita que da última vez
com dinheiro na bolsa
brilhava sozinha
eu era apenas mais um bibelo sem importância na sua penteadeira
era tudo que eu poderia ser pra você
até te imagino rindo
me chamando de objeto inútil e sem valor

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Manoel Padeiro e Adicto.

quando ela vem
todas as vezes cheirando a café e soluços
contando seus absurdos
cabelo preso
ferida aberta e pele tatuada
agarrada ao céu azul decadente
fotografando tudo
acreditando em nada
uma menina fingindo ser forte pra enganar a morte
e eu que nunca sei do teu período fértil
prometo coisas em vão
só pra te consolar
enquanto a gente espera o verão
com o desejo suspenso na janela
envenenando a alma com imagens pornográficas
e trepadas sublimes
afinal de contas
deus não é testemunha de nada
e os pecados da primavera não serão registrados no caderninho do juízo final         

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Leila Punheta.

é a vida
essa vadia que te fode
há dias que você se sente um bosta
e deseja ser mais uma vítima de Las Vegas
ou da Síria
é meu lado suicida que ainda grita
na lua nova sou mais um enforcado idiota
culpem o crime
as drogas
culpem minha mãe
ou me culpem por não ler a porra da bíblia
e só pensar em sexo e futebol
diga ás crianças que foi acidente
ou capricho meu
que sempre fui cachaceiro, mulherengo e ateu
todo mundo sabe que eu só teria futuro no tráfico
engraçado é que hoje sou meu próprio refém
carrasco de mim mesmo
sou só outro cara procurando problemas a esmo
pagando um preço alto pelas merdas feitas
enfeitando as sombras com confetes e serpentinas
pra disfarçar a solidão de domingo a tarde
tragédias acontecem todos os dias
e minhas sequelas são uma história a parte
apenas feche os olhos pra me ver

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Sal da Malásia.

eu achava teus olhos tão bonitos
mas me perdia olhando o movimento da rua
o trânsito, as pessoas, a lua
depois veio a época da cocaína
das brigas, dos assaltos, das orgias
e me sentia cada vez mais  longe dos seus olhos morenos
amorosos e brilhantes
tentei chorar agarrado a uma garrafa de aguardente
desesperado
bêbado esqueci minha honra no traseiro da Claudinha
tive que fugir da polícia
tive que pedir a deus mesmo sendo ateu
manchei meu tênis branco de sangue
e seus olhos já não me olhavam com ternura
seu olhar inquisidor
pronta pra me atirar na fogueira
e comemorou quando me enforquei
era uma sexta-feira
todo suicídio tem seu charme
um jeito clássico de morrer
uma pena que nem morri e nem me converti
e ainda bebo demais só pra te ver sorrir
gorda e infeliz

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Suingue e Chantagens.

creio que ainda não entendi o mundo
ou o mundo é que não me entendeu
dizem que resmungo demais
e que bebo muito
é que nasci do avesso
dizem que nem era pra eu estar vivo
contrariando o universo místico
cadeirante mas não paralítico
trocando o certo pelo errado
sempre mijo na frente de casa
e sonho com bundas enormes
bundas realmente muito grandes
não resisto á tentações
das químicas, dos crimes ou das paixões
estou sempre preparado pra perder
um bom campeão é feito de derrotas também
mas fique tranquilo
minha época das brigas de facas já passou
claro que as vezes me desespero
por causa do tédio
pelos sambas, pelo sexo
ou quando meu time perde
é que ninguém sai ileso de uma u.t.i
laroie exu tiriri
dizem que eu sobrevivi

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Camila Transparente.

conheço tantos caminhos tortos
dos crimes tolos
que eu praticava pra fugir das noites de tédio
conheço o seu jeito de me maltratar
sua alegria em me ver perdido nas suas tramas
fodido pelos seus dedos
conheço seus medos
quando teu peito esta na minha mão
sei que você nunca forja orgasmos
coleciono seus sorrisos numa caixa de sapatos
me divirto com nossos pactos
e na bagunça que você faz no meu coração
mas avisa pro seu deus que sou pagão
conheço tuas pernas
tuas cenas
são teus os meus melhores poemas
só não se esqueça de mim
quando eu andar sumido pelos cantos
atrás de outras morenas

sábado, 9 de setembro de 2017

Teté.

to sempre em silêncio
atento aos passeios sinistros do tempo
elaborando péssimos argumentos pra justificar meus planos sujos
tráfico de crack e coquetéis molotov na minha mente
ontem foi dia sete
havia um diabo no telhado
respirando a noite
e eu com saudade não sei de que
tentando entender coisas sobre dinossauros e vaginas
ás vezes sozinho em casa pareço uma garota que só pensa em putaria
que ignora valores familiares 
e trepa na mesa do almoço ao meio-dia
eu queria ser uma capucheta com a linha bezuntada de cerol 
voando num céu todinho azul
sob esse mesmo sol
da América do Sul
dos amores falidos 
dos bandidos bem vestidos
onde há fartura de moleques bons de bola, putas e vícios 
essa merda parece um sonho bizarro

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Legião de Fodidos.

compartilhei alguns erros
quando entardecia no céu de sua boca
mutilei suas bonecas
menti e fiquei vendo futebol de cueca no sofá
ventava lá fora
vieram outras ideias suicidas
outras meninas
outros esculachos da vida
logo a primavera se revela
e as cortinas ficarão abertas de novo
os bares lotados
você com as tetas de fora
com seus sonhos dissimulados
enfeitando minha cama
seu sangue vermelho pulsando nas veias de seu pescoço
olhos cintilantes
um banquete de cores, sabores e instantes
toda crua
caminhando sempre perto do abismo

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Consumação.

vá dizer que não prestei
que bebi demais
vá dizer que fui rude em junho e julho
e esqueci teu sorriso pendurado no cabide
que cheirei teu sexo como um cão
vá dizer que quis tudo o que um homem pode querer
que você me deu
que cuspi no prato que comi
vá dizer que não te mereci
que nas noites de sábado
eu dançava agarrado ao diabo
com a alma envenenada
e o corpo intoxicado
vá dizer que foi por capricho
que na lua cheia eu viro bicho
vá me xingar disso ou aquilo
que sou promiscuo
que não tenho juízo
vá dizer que fui bandido
anti-romântico
que não te fiz gozar
que só penso em farra e carnaval
maldiga meu nome
mesmo sabendo que se doeu
é porque valeu
vá dizer...

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Ciclone Silicone.

provei do sol
temperamentos radioativos
das morenas que cresceram sem pai
meus sonhos sul-americanos
de cachaça e de tambor
droga, futebol e calor
meu anjo da guarda é vadio
penduro alguns pecados
pra pagar depois
diplomado nas mandingas
há garotas bonitas nas esquinas
fantasiando amores de novela
e batendo siriricas no sofá

domingo, 13 de agosto de 2017

Cabocla.

estrelas pingavam na janela
noite quente de álcool e ácido
meu sangue ferve
clama, geme e ama ferozmente
sem á doçura dos beijos habituais
mastigo velhas canções entre os dentes
a culpa é de deus é que me deu um coração vagabundo
que só me faz chorar por mulher ou futebol
as cartas desse baralho estão marcadas
todas essas besteiras contemporâneas
dos celulares
televisores e drogas sintéticas
pra dizer que sonhei com o sorriso largo
e os olhos negros de Luana
sem te procurar no jogo de búzios
te encontrei no inconsciente
noturna, intensa e misteriosa

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Maria-Mole.

é que boicotei todos meus sonhos
violentos, passageiros e absurdos
em troca fiquei com a lentidão da cadeira de rodas
e algumas coisas vazias e mal resolvidas
dentro do peito
quando olho no espelho só vejo defeitos
mas qualquer clima é clichê
na duvida sobre o futuro
no remorso sobre o passado
não se enforque
há vidas desafinadas
pelos cantos
pelas beiradas
transpirando amor e pó
entendi os astros depois do coma
a morte
pra uns depende apenas de ter sorte
ou não
por isso esboço sorrisos disfarçados
quando há mulheres no quarto
e celebro essa porra com drinques enquanto o céu escuro beija minha janela

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Farpa no Dedo.

guardei meu tempo perdido
alucinado na barra da sua saia
rendada
foram mais que uns porres juntos
quando não tem sol na janela
e o sexo na primeira noite de lua cheia é incrível
você é a besta ferida
procurando repouso nos meus carinhos vulgares
outras madrugadas passam delicadamente
em outros lugares também
meu bem
meu bem
há magia em teus olhos fluorescentes
intoxicados de neon
no teu busto avantajado
e no teu jeito distante de cantar
e de amar

domingo, 6 de agosto de 2017

O Telepata Sincero.

das intensas paixões
quase nada me restou
alguns desenganos
perfumes
lágrimas e canções
é que a vida ainda não acabou
e os pileques são sempre bem vindos
ás vezes é necessário sofrer
por amor
por besteira ou solidão
e eu só morro se for no verão
não tento mais o suicídio
sabe?
tem hora que é foda ter que conter os exageros
sempre haverá garotas malditas
pra causar estragos
dessas que flertam com o mormaço
que te fazem ateu
se pelo menos eu acreditasse em deus
e meus erros fossem televisionados
talvez coisas doidas não aconteceriam com tanta frequência
dentro de mim

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Pomarola Gordão.

minha realidade era vulgar
e barata demais pra nobreza de seus sonhos
estive perdido pelos bares
biqueiras
becos e banheiros sujos
enquanto você guardava as sobras de sol e de desejo na bolsa
eu chorava no colo de uma puta analfabeta
adiando a morte na esperança de te reencontrar
brigando com os ponteiros do relógio
entre copos e estrelas
estive apaixonado
buscando suas sutilezas pelas sombras indelicadas de outras mulheres
procurando qualquer semelhança com seu sorriso
assumi meus riscos
e capotei o carro do meu pai
bêbado e com saudades de você

sábado, 29 de julho de 2017

Anísio.

você pintou seu personagem de bruços
feito um vulcão em erupção
destruindo minhas noites de sono
como uma psicopata armada
escondida de baixo da minha cama
eu nunca entendi esse seu lado
e compus versos te vendo dormir pelada
as vezes quero tudo
as vezes não quero nada
nunca ensaiei pra te pedir um beijo
nem estudei seus desenganos
suas fotos no espelho
esqueci seus remorsos
seus segredos
te pedi um filho na lua nova
mas você sacou minhas segundas intenções
e sorrindo me negou
depois com minha voz indecifrável
soprei algumas sacanagens no teu ouvido
pra enfeitar nossa foda
enquanto a vida passava de saia na nossa frente
e a gente ria da merda toda

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Biqueira do Fuscaldo.

inventei alguns amores
pra despistar o acaso
exagerei nas caipirinhas
forcei meu sorriso torto
pela sua silhueta bonita
um contorno esquecido na parede do motel
seu papo sobre os signos do zodíaco não me dizem nada
era terça-feira ainda
e seu corpo de mulher floria minha imaginação
na tentativa de domesticar meus problemas com álcool, crime, sexo e navalhas
sou a criança de rua que roubou o tênis de luzinhas piscantes do seu irmão
na frente da casa da sua prima
descolori seus olhos
pra te fazer enxergar melhor
nem todo caso é de amor
nem todo amor é pra valer
mas é bom sentir teu cheiro na minha mão
mesmo que não haja paixão
só pelo prazer das coisas em vão

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Populina.

eu vi seus passos seguindo o sol
sem roupas numa espécie de ritual xamânico
eu ria de tudo aquilo
e memorizava o formato vulgar do teu mamilo
eu vi seu rosto brilhar sob a luz do poste
em transe sonhando com caralhos enormes
seus orgasmos soltos ao vento
boicotando as regras
saia sem sutiã
e a gente enchia a cara até de manhã
eu vi seus olhos fechados na hora do beijo
teu jeito de se entregar á qualquer vestígio de paixão
queria mesmo é te encontrar grudada em outro cara dançando forró
comemorando outros milagres concebidos
bêbada e feliz

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Dezesseis Horas.

quando você vem com o paraíso entre as pernas
me dando chances de te decifrar em partes
pondo fogo na estampa colorida das tardes
mastigando mentiras pra me fazer sorrir
essa tua boca adulterada
escorregando na minha lábia de canalha
que não acredita em nada
você é o gosto forte da cachaça rotineira
a tosse oculta da maconha terapêutica
á glória perdida nos descaminhos
é que sou vaidoso e orgulhoso demais pra te perder
conheço seus pelos
algumas ressacas não valem a pena
e reconheço o gosto da tua xana morena
suas ilusões varridas pelo tempo
tua aliança de noivado no fundo da tua gaveta de calcinhas
sei sobre suas cólicas menstruais
e sobre o amor que um dia sentiu por aquele rapaz

terça-feira, 18 de julho de 2017

Campari.

te quero plena
cantarolando suas músicas num banco de jardim
bebendo
fumando
vivendo teus planos de sábado á noite
te quero inteira pra mim
e pro mundo
teu nome rabiscado no muro
tua boca crua
tua pele quero nua
se insinuando pra lua
sem fantasia
esbanjando seu charme felino
possuída e delicada
sorrindo  num porta-retrato
suspirando de amores
te quero indecente
quando estiver em minha cama
seja vulgar no ato de amar
desabafando bêbada com o espelho
e saiba que eu devo meu coração pra um agiota
te quero no calor
envenenada pelo verão
debaixo do sol você deve ser tão bonita

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Fermento.

eram nas melhores horas da noite
que a gente planejava junto
dominar a porra do mundo
a gente bebia e fodia
sem camisinha
seu sexo mestiço
seu ventre anoitecido em minha boca
suas tetas pra fora
no movimento lento dos sonhos
que não eram nossos
eram seus
te via radiante
apostando todas suas fichas
no meu amor
que foi de mentira
depois de você vieram outros dramas
outras transas
outros tragos
outras danças na cadeira de rodas
não me culpe pequena
o desejo era só teu
não meu
mas ainda é bom recordar
seu sorriso invadindo meu quarto de madrugada

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Bagaço da Laranja.

sorrindo o brilho de fogos de artifício
esconde um outro universo por de trás dos seus olhinhos escuros
as vezes deixa escapar desejos proibidos
confunde sexo com amor
e me chama de bandido
um esboço profano de deus
preenche minha alma vazia e vagabunda com uísque barato
se rasga de ciúmes com meu celular na mão
bêbado eu sempre sorrio demais
e acho lindo te ver indo embora mais perdida do que quando chegou
suas linhas
seus traços serenos
sua boceta em flor milimétrica e corrompida
cheirando a sabonete íntimo
seus peitos morenos
sem entender porque eu mastigo toda bala de ecstasy
já decorei seus passos
seus orgasmos
teu corpo na ponta de minha língua
com gosto de sal

terça-feira, 4 de julho de 2017

Bar do Prezado.

há garotas inesquecíveis por ai
que amam ao contrário
que gostam do teu lado errado
dos beijos sem hora marcada
que acabam com a paz
e bagunçam seu quarto
sorriem os dias intranquilos
planejam o apocalipse do teu lado
que não se arrependem jamais
das merdas de outros caras
dão risada
da sua fala zoada
da sua alma desequilibrada
e tomam porres lindos em botecos fuleiros
há garotas inesquecíveis por ai
com seus medos
seus segredos
suas tatuagens
seus umbigos
signos
seus casos, besteiras e vacilos
suas músicas favoritas
e sonhos parecidos com os teus

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Jornal da Manhã.

seus olhos de cigana
que atravessa a rua sem olhar pros lados
peitos e lágrimas
garota emancipada pelos pais
dona do caos
leva a vida sem maquiagem
as vezes vem a noite
as vezes vem a tarde
há um sol domesticado no teu umbigo
ah se eu tivesse te conhecido no verão
quando os sentidos não precisam de razão
perde brincos, baganas e colares
falsifica orgasmos, notas e documentos
confunde as estrelas enquanto me ensina a viver
na ponta dos pés esquece seus desamores
e capricha nos drinques
pra festejar maldições e abusar das drogas sintéticas
menina que me devora com fome
me faz salivar
feito um cachorro violeta
bebendo água na sarjeta
talvez não exista destino
talvez ninguém entenda o amor
talvez toda vez que eu profano teu corpo uma santa de gesso chore lágrimas de sangue

terça-feira, 27 de junho de 2017

O Pássaro e a Menina.

presunçosa
ela chega sempre se espalhando pelos cantos
deixa uma peça de roupa jogada aqui
e outra ali
marcando as bitucas com batom
examinando minha cara de patife
seduzindo o espelho
machucando meu coração
sodomizando meu espírito ateu
valendo menos do que eu
não desce do salto e alimenta com migalhas
meus olhos de puta carente
que busca alguém que lhe dê carinho
demoníaca
pisoteia meu ego vagabundo
sem compaixão
brinca com meus segredos mais sujos
como uma pomba-gira apaixonada
me pune pelas traições
pela vida desregrada e
debocha do meu pau mole
desinibida
flerta com a vida
que a deixa cada dia mais bonita
seria elegante morrer em seus braços
com o cheiro bom da sua boceta na minha cara
você é um jazz flutuando no saxofone de um negro viciado em heroína nos anos 40
a fumaça do seu cigarro me agrada
minha princesa diaba
é melhor quando não esperamos nada
um do outro

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Tatu Peba.

incendiei seus pensamentos
depois do jogo de domingo
numa tarde superficial
eu, você e meus dois diabos de estimação
te mostrei minha coleção de cicatrizes
e meus livros favoritos
nossos caminhos sempre tortos
brindamos á nossos amigos mortos
umas cervejas
sua calcinha molhada
seus sonhos de fim de filme
- o Recife é logo ali
o mundo todo parecendo uma brincadeira de mau gosto
mas seu cabelo tava bonito
e meu eu completamente fodido
antes do dia terminar
suas vontades escorriam pelas suas pernas
menina órfã de mãe
dançando na banheira de gilletes
bebendo no mesmo copo que eu
os trópicos tingem bem sua pele

sábado, 24 de junho de 2017

Grampo de Cabelo.

esqueci minha paz nos seus olhos morenos
me enganei com seu decote maldito
perdi o juízo no seu sorriso bonito
nua você desgraçou minha vida
rezei em segredo lambendo seu sexo
criança mística
sopra suas vontades no meu ouvido
decorei tuas sombras nas paredes do meu quarto
provei seu corpo salgado
temperado pelo diabo
nas minúsculas madrugadas
chapado de ácido
esfreguei suas coxas mentirosas
e te desejei muitas outras vezes
num impulso auto-destrutivo
meu histórico suicida
me fez querer você
me desfiz numa cadeira de rodas
com você me guiando pro precipício
e eu sorrindo enganado
cego
te agradecia
- obrigado por me foder meu amor

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Bar do Seu Chico.

as vezes as noites são longas demais
inverno é uma porra baby
no excesso de conhaque e sexo
uso meus pesadelos pra ir te perdendo
aos poucos
acordo com medo
e vejo os segundos escorrendo pelos meus dedos
procuro seus vestígios
fios de cabelo, o cheiro da tua libido
teus restos da noite passada
seu mundo de cetim
se desmanchando com os sambas que te apresento
e com os danos que causo ao seu coração
eu sei que você prefere os canalhas
seu prazer dissimulado na boca de um vira-lata
não se preocupe baby
amores são passageiros
e você esta sempre de passagem
ás vezes me sinto o mesmo moleque briguento
te esperando na porta da escola
com uma faca na mochila e um buquê de rosas imaginárias na mão

terça-feira, 20 de junho de 2017

Bandeja e Porta Retrato.

sobra medo da sua parte
medo da morte
do juízo final
eu to em outro plano astral
e vivo como um doente de câncer terminal
minhas ambições são passar os dias
ouvindo funk
trepando
bebendo cachaça e fazendo fumaça
afinal
ninguém espera nada de mim
vou te comendo e fodendo o mundo pelas beiradas
pretensão de bandido
avesso á versos líricos
se sou romântico
sou cínico
compadeço na Cohab
louco de bala
vendo a molecada jogando bola na rua
ninguém é especial quando deus é ausente
a fome aborta sonhos bonitos
ah se você soubesse as coisas que eu sei
as coisas que vi e lugares por onde eu andei...

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Plástico.

nós compactuávamos da mesma malícia
das ruas
das biqueiras
dos puteiros infames
e sorríamos um para o outro quando víamos
qualquer bunda bonita
é que nossa geração conheceu apenas a depressão da cocaína
meu amigo
assim como eu
também tinha seus problemas com a justiça
vendíamos crack nos bares do centro
no corre dos carros roubados
no sangue quente em nossas veias
das brigas de torcida
dos porres e das bocetas
sinto saudades amigo
enquanto você minguava dentro de um caixão
a corda no meu pescoço arrebentou
mas ainda bebo e transo sem parar
sempre disposto a foder com o mundo
em sua homenagem não respeitei seu luto
tomando café e planejando crimes impossíveis
é meu amigo
realmente a vida é uma grande festa
fui saber disso bem depois
é uma pena você ter ido embora tão depressa

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Resto de Sol.

longe do verão
perto dos olhos quentes de Bia
despretensiosa rainha cheirando á carnaval
zombando da pureza dos santos
dos devotos nos altares sujos
enquanto eu te observo arreganhada
desfeita
um sonho erótico que se tornou real
Bia tem vinte e quatro anos de folia
flerta com o universo
escondendo o coração no fundo do peito
pra fingir que o amor não existe
e eu apenas testo seu sexo
beijo tua alma e teu reflexo pintado no espelho
sem compromisso
somos amigos
esperando o sol desmaiar
e nada mais

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Diego Maltrapilho e Enfezado.

isso é pelas horas
que passei conhecendo suas dobras
com a cara enfiada na tua xoxota
bêbado tudo vale a pena
é que sempre estou á procura de um abismo pra me jogar
já que o amanhã sempre demora pra chegar
e seu sorriso já não me engana mais
dependendo da lua te como por trás e descubro todas as cores escondidas no teu corpo
isso não é sobre amor
sentimento nobre que passeia nos corações das moças iguais a você
é sobre seu olhar felino
devorando meus sonhos lentamente
seu prazer manchando meus lençóis
e suas tetas balançando na minha cara
entenda minha querida
eu não sei amar

terça-feira, 6 de junho de 2017

O Olho Na Caixa D'água.

tudo é questão de interpretar os teus sinais
perceber os seus chamegos desesperados
a boca pintada de vermelho sangue
nas minhas madrugadas infinitas
te vejo sempre mais bonita
quando eu bebo e fornico sem parar
seus olhos brilham de euforia
eu já não tenho tempo pra tristeza, ressaca ou saudade
me desfaço no teu colo de menina
adio as manhãs sem pensar no futuro
trago você pra perto de mim
pra revelar todas as mulheres que ainda não amei
você na esperança de florescer
me rega com cerveja e carinho
mas quem toma conta dessas coisas é o destino
eu só manipulo bem seu ventre pra você gostar de mim
e resmungo belas palavras no teu ouvido
te admiro de quatro
descabelada
fumando cigarro
como uma estrela de cinema
nua na janela
uma morena perdida
na minha rua sem saída
fugindo da realidade

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Bar do Bigode.

as horas se derretiam 
nos ponteiros frios do relógio
logo o sol apareceria 
quente e luminoso sob nossos rostos consumidos pela loucura do ácido
o tempo se contradiz o tempo todo e
a única coisa que eu conseguia reparar era
o formato das suas coxas maduras
com certeza deus capricha em algumas molduras
sim, eu não tenho sido uma boa pessoa
mas veja bem
meus pecados são raros e muito bem feitos
deveria existir lugares especiais no inferno pra caras como eu
mas meus meios nunca justificam os fins
há psicopatas decepando anjos nos semáforos
fadas velhas fumando crack nos motéis
e crianças enfeitando o céu com suas pipas coloridas e envenenadas com cerol

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Simpatia de Tia.

te pedi pra vir sem fantasia
fraca, morna e tola
te pedi pra esquecer meus deslizes
inteira nua em pelos, pele e cicatrizes
te pedi pra trazer qualquer garrafa de bebida forte
é mais fácil morrer bêbado
dos pedaços que tirei de você
do seu choro sufocado no meu travesseiro
impaciente nunca espero carnaval
minhas putarias duram o ano inteiro
todos os sambas que uso pra te pedir perdão
nas decadências de todo refrão que canto
te pedi pra vir pontual como o sol
com a alma rasgada
desmanchada de maquiagem borrada
seus vinte e poucos anos
meus erros, meus desenganos
um punhado de vícios
antecedentes criminais
te pedi pra vir decidido a não te ver nunca mais
pra constar nos calendários
nosso último encontro
nosso último sexo
pra eu não lembrar do seu reflexo
sorrindo pra mim no espelho do guarda-roupas

domingo, 28 de maio de 2017

O Signo dos Barbeiros.

no fundo todas querem exclusividade
as vezes não posso dar
outras simplesmente não quero
é que não espero
e não cobro fidelidade de ninguém
me empolgo nas putarias franciscanas
onde amor é artigo de luxo
e toda foda bem dada
te rende uma ou outra dor de cabeça
algumas querem te fazer de bibelô
pra enfeitar suas penteadeiras depois do orgasmo matinal
sem entender que o único jeito de te encontrar de manhã acordado
é se tiver virado
acho que eu li muito Nietzsche
ou tomei muita droga
e vi minha fé suspensa sobres lindos corpos
de muitas garotas sem roupa
sem me impressionar com os danos que um amor pode causar
mas a calcinha fio dental ainda mexe comigo

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Jatobá.

imaginei constelações
rasguei versículos
enquanto eu pude corri
fugi
adormeci em colos profanos
nas farras noturnas
bundas em fartura
sexo sem ternura
não me curvei por grana
nem por religião
droga, polícia
ou blá blá blá de cristão
fumei cigarro
me dediquei ao tráfico
nos assaltos vi muito dinheiro
indo pelo ralo
invernado virei madrugadas
passeando pelo inferno
o diabo de bermuda e chinelo e eu de terno
com trajes antiquados
bêbado nunca fui bom moço
camisa colorida suja de sangue
quase matei meus pais de desgosto
colecionando vícios
cicatrizes ganhei nas brigas
maluco de porta de hospício
mas assumi meus riscos
ciente que toda preta é rainha
me botei no altar como sacrifício
hoje convivo com as consequências
da tentativa de suicídio
sem arrependimentos
chapado de ácido
ta tudo bem comigo
as vezes sou bomba-relógio
contando os segundos pra explodir o mundo
as vezes só quero beijar a boca de uma puta
pra provar que meus sentimentos são nobres
ta tudo bem comigo

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Sobre As Folhas Na Calçada.

seu eu pudesse compor um novo amor
botaria teu nome
seria tão bonito quanto aquela estrela que vive pendurada na minha janela
e você existiria pra sempre
quando eu visse seu sorriso brotando na minha alma perdida
e seu cheiro pelo quarto inteiro
espreguiçando na minha cama
depois que o sol nascesse no meio dos seus cabelos cacheados
pra poder estudar caprichosamente teus jeitos
teus traços
teus passos descalços na cozinha
talvez passear pelas ruas mais floridas da Boa Vista
desenhando indecências com a boca na tua pele morena
mas como saber se te mereço
se ainda nem te conheço
pra te convidar pra tomar md
pichar muros ou fazer amor na praça
e bêbado rezo pro destino me trazer você
cantarolando qualquer canção de amor
revirando as noites
te procurando
pra te dizer
olá

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Canela.

sem me importar senti teu cheiro pelas esquinas
desesperado entreguei meu coração sem disciplina
cego, surdo e mudo desafinei teus sambas preferidos
é que meu passada ainda me assombra
recolhi todos os teus vestígios jogados no piso de tacos
esqueci da marca dos teus dentes no meu braço
nas noites de novela foram muitos porres
recusei o teu perdão
dispensei a calmaria e abracei o vendaval
você me perguntava se eu tinha medo
eu respondia que só sinto medo quando me olho no espelho
jurei coisas em vão
praguejei da boca pra fora
sempre com saudades do verão
me acabei com uma puta loira
pra esquecer seu corpo marrom
vendi uns pinos
juntei uma grana
comprei um puteiro
cometi suicídio nos teus beijos
sem saber que você não valia nada
assim como eu
amantes da boêmia
nega vadia
que fodeu com a minha vida e
desapareceu

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Sonhei Com Um Pássaro Amarelo.

foi depois de tomar um enquadro da polícia
com uma amiga
numa praça aqui perto de casa
te chamei porque precisava encher a cara
e trepar
te fazer esquecer a briga da noite passada
como se não tivesse acontecido nada
e como de costume você veio
outra vez
pra cama do teu carrasco
parecendo um animal domesticado
salivando no pau do canalha
aparece sempre sorridente
cheirosa e depilada com uma garrafa de vodca na mão
a noite tava quente
a lua era cheia
e eu?
eu sou o Judas na tua ceia
que alisa seu clitóris com a língua
te vira do avesso
que não te ama
e não faz segredo
eu sei meu bem
que você gosta dos vira-latas
mas seu ciúmes e seus carinhos não me convencem de nada
nem suas picuinhas apaixonadas
o problema é que sempre haverá
outras coxas
outros rabos
tantos sorrisos perdidos por aí
é que só você
me parece tão pouco
quando eu quero o mundo todo

terça-feira, 9 de maio de 2017

Solo Sagrado.

te esqueci no cinzeiro
se apagando lentamente
te esqueci de baixo daquela mangueira
agonizando como uma manga podre
te esqueci em janeiro
em coma por um ano inteiro
te esqueci atrás da porta
suja com o pó das horas
te esqueci semana passada
dentro do copo de cerveja gelada
te esqueci na gaveta de cuecas
do lado do seu brinco perdido
te esqueci olhando o céu pela janela
totalmente ilesa
depois de me fazer tua presa
te esqueci sem pressa
em outros perfumes
outras tetas
te esqueci sem certeza
convencido do teu desprezo
sorrateira
amando á sua maneira
te esqueci sem remorso
lá fora
esquecida nas  vitrines
expostas pras calçadas
nas sobras dos fios dos teus cabelos
te esqueci na bunda grande e redonda da Amanda
esperando a ressaca dos dias seguintes
como um crente esperando Jesus
mesmo sabendo que lá no fundo de sua alma
talvez ele não volte

domingo, 30 de abril de 2017

Bar da Val.

você reclamava porque eu passava as tardes
de cueca no sofá vendo reprises de futebol
que quando saia com meus amigos
o papo era só boceta, crime, bola e droga
mas eu não liguei quando você mentiu e transou com sua amiga
e aquele dia que a gente chapo de md
te contei da garota do meu bairro
e que as vezes escrevia poesia ouvindo funk
te botei pra chupar 
você disse que precisava de um amor
eu queria me suicidar 
andava meio maluco
iria fugir pra Pernambuco
com dois quilos de cocaína
mas sua sensibilidade 
boicotava meus desejos vulgares
egoístas e
promíscuos
você acreditava em deus
eu acreditava na carne
como matéria corrompida 
presente nas orgias por mim promovidas
você passava esmalte nas unhas
e se raspava na minha frente
espalhando seu cheiro
pelo quarto inteiro
você disse que precisava de um amor
e eu não soube amar

sábado, 22 de abril de 2017

White Fufli.

esperei a madrugada
o fim da festa
pra ver seus olhos pintados de primavera
sombras coloridas se movimentando
nem todo céu é igual
do lado de fora de toda janela há corações
palpitando
vi seu seio esquerdo pular pra fora do sutiã
quando faltava pouco pra amanhecer
seu sorriso brilhava
e confundia meu prazer
eu que não gosto de frio
tirei a camisa
e renasci com a tua voz me parindo
contei os segundos pela metade
doido de ácido
busquei tua coxa com a mão
e descobri uma borboleta cintilante
compreendi o mês que passei em coma
gozei na sua sandália
antes do sol chegar em tons de roxo
imaginei uma poesia datilografada na sua barriga
e me preparei pra ressaca do lsd
querendo todas as cores vivas e obscenas
pregadas na tua pele

quinta-feira, 20 de abril de 2017

N.A.

a boca que me xinga
é a mesma que saliva de desejo
esconde atrás do espelho todos seus segredos
eu disse
- baby, sou imoral
e lambi do teu corpo
todo o sal
mas meus caminhos são tortos
pra borrar tua maquiagem
quando as estrelas dormiam no berço escuro
os bares fechavam suas portas
e nós existíamos um no outro
fiéis ao nossos vícios
ao sexo e
a dádiva dos riscos
eu disse
- baby, você vai procurar meu cheiro no corpo de outros caras
quando tudo acabar
e tudo que nos restar for um milhão de histórias
você sentirá falta do meu jeito de pecar
e das garrafas de vodca escondidas na minha dispensa

domingo, 16 de abril de 2017

João Paulo.

descobri um sol no final da tua rua
era domingo ou outro dia qualquer
e a gente esperava o dia passar de mansinho
pipas enfeitando o céu
seu cabelo tava solto
e as flores tatuadas em seu braço
anunciavam uma suposta primavera no meu coração
eu reparava seu sorriso bem feito
e pela sua blusinha colorida o formato do teu peito
o tempo passava com a gente sentado na calçada
fingindo que não existia tristeza
eram bonitos seus sonhos
dois pedaços de ácido
transformava a realidade com pinga e limão
vestidos de alegria num fim de tarde
quando todo poema de amor arde
descobri um sol no final da tua rua

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Monga.

ela aparecia com sua sombra desenhada nas paredes
feito bicho arredio
pregava as unhas nas minhas costas
em silêncio eu contava suas pintas
e decifrava teus olhares
ela se derramava no lençol branco
desbotava as cores azuladas das tardes monogâmicas
deixando pelo caminho a beleza dos minutos e
o tom da tua pele morena
eu resmungava Cartola no seu ouvido
ela desdenhava das minhas segundas intenções
e sorria lindamente
como uma Cleópatra indecente
me ganhava
rabiscava seu nome em qualquer papel
e me presenteava com o céu
num pequeno embrulho na  palma da tua mão
ela sabia das merdas que eu fazia quando ficava sozinho
e resolveu me deixar
...
tomei um porre
e chorei baixinho
escondido
pra deus não ouvir

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Danone.

minha mania de malandro
me fez trapacear demais e interrompi alguns sonhos
devemos saber que nas orgias
estamos sozinhos
pra mergulhar nesse universo proibido
tire as roupas e nade nu
pras contravenções cotidianas é necessário saber brigar
não renegue a próprio raça
a beira do precipício não é um lugar agradável de se caminhar pra alguns
minha linhagem carrega o caos envenenado e doente
nas entranhas e na navalha no dente
os enganados pelo céu
beije sarjetas
belisque as tetas das moças
beba mais um pouco
cachaça anestesia a alma dos incendiários
meu hobby preferido
sempre foi o suicídio
sem nem um pingo de medo
escolhi no cardápio meus pecados prediletos
e pichei meu nome nos muros da cidade
pra marcar minha passagem
como um cão mijando nos postes...

sexta-feira, 24 de março de 2017

Pé de Manga.

prestei atenção no seu sorriso xerocado
e lembrei da geração mimeógrafo
ás 2 da manhã
eu podia sentir a madrugada lá fora
seu ventre deslizando em minha boca
toda boceta é quente
toda carne é fraca
você tem uma beleza indecente
qualquer chama criminosa queima em seus olhos
revela sua alma caótica
admirando o apocalipse sem calcinha
anunciando seu orgasmo pro universo
esparramada numa cama de motel
crente que existe um deus no céu
dispensa possíveis paixões
de brincos, colares
enfeites vulgares
meus porres são todos sem motivo
pra te fazer entender que não existe tempo perdido
guardei a fotografia dos teus peitos
precisamos aprender mais sobre o amor...

quinta-feira, 16 de março de 2017

Papagaios.

Bia chega tarde da noite
desajeitada deixa a bolsa jogada no chão
ri do meu bigode
sem constrangimento tira a roupa
devoro seus pedaços como canibal
Bia abraçada com a madrugada
expõe seus pelos pubianos sem pudor
meu coração vagabundo
prestes a te entregar meu mundo
pauso o tempo
quebro teu relógio pra você ficar mais
não esqueço cada passo
cada palavra
cada risada
preparando as horas quentes
cheirando a suor e cerveja
reparo nos traços grossos de tua boca
esse enfeite bonito de beijar
Bia estrupa minha retina
como um baque de morfina
pinta sua loucura em meu céu escuro
desde que desaprendi a voar
gosto de mulheres iguais a você
difíceis de traduzir
problemáticas e singulares

sábado, 4 de março de 2017

Horas Perdidas e Fumo Palha.

no seu beijo sujo de purpurina
no estrago que um pandeiro faz em meu coração
nas substâncias proibidas em nossas línguas
pra desconjurar todos os pelos do teu corpo
barganhei com deus só pra não morrer em fevereiro
na chuva de confetes
te descobri no carnaval
bem na hora que o md transformava meu sangue em larva
eu via as bundas bonitas das pretas fantasiadas de mistério
nas suas pupilas dilatadas
acendendo seu cigarro ao contrário
respeitei o sol beijando seu rosto
e seu sorriso estúpido desajustando minha alma
no calor festejei o fim do mundo
sem desejar o amanhã
te transformei em minha puta pagã
e adormeci
um sono colorido com o cheiro da tua carne

quinta-feira, 2 de março de 2017

Damasco.

a tarde se debruçava todinha pintada de laranja
sobre a minha cabeça entupida de ecstasy
uma dúzia de garrafas de cerveja vazias e amores não correspondidos
despertei em queda livre
e seu sorriso justo de estrela cadente
brotava em meu peito de noite quente
a navalha é cega porque a vida é breve
é fácil falar só de luz sem conhecer as trevas
os muros ainda gritam por teu nome
na palma da tua mão viro teu brinquedo
calado imagino sambas antigos
guardei seus segredos
depois que trepamos no banheiro
quando eu ainda me interessava pelo seu papo astral
suas cartas marcadas
seus blefes certeiros
nossos planos de fevereiro não servem pra eternidade
mas guardei teu cheiro em minha boca
e as cores daquele teu vestido bonito
pra lembrar que só o tempo é infinito
quando a saudade não acaba

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O Ralo do Banheiro.

se por acaso eu tivesse presenciado o momento exato de sua morte
atropelada na avenida principal pelo caminhão de gás
ou num tombo bobo do nono andar do seu prédio no centro
meu bem
eu teria escrito meus melhores poemas em tua homenagem
e bêbado choraria de saudade
mas não
perdi o tesão
sai de role com os amigos da facção
não te reconheci e
com uma bala no tambor fiz um estrago
assinei meu pacto com o diabo
e não fugi
foi naquele ano que eu me fodi
te disse - não se envolve
maldito 2009
sem disciplina
não morri de pirraça
sorrindo da própria desgraça
e depois de ressuscitar
insisti  em continuar com vadias
e planejei meu futuro no crime
ao mesmo tempo pedi benção pra mãe, vó e tia
dois anjos de cócoras na tua cama
confesso que limpei meu pau no teu pijama
aquele dia das garrafas de Balalaika
falhei em não te amar

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Transpiração.

mas sou cria dos terreiros esfumaçados
das alas psiquiátricas
das madrugadas derramadas de bar em bar
dos rumos perdidos
dos peitos perfumados de prostitutas encapetadas
virei macho nas brigas de faca ou
de torcida
fugindo da polícia
no choro triste das morenas enfeitadas de solidão
conheci o amor
e bêbado fiz brotar poesia depois duma surra
que tomei na rua
vi a noite encenar seus dramas
suas tragédias
suas peças alegres e obscenas
e esperei uma mulher sem coração
aflito
de cabelo penteado e com minha
camisa colorida
pra receber migalhas de paixão
mas o céu testemunhou meu encanto
e choveu pra disfarçar meu pranto
foi numa quarta-feira que perdi o futebol por ela

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Capucheta.

hoje sonhei com sete estrelas no céu da sua boca
logo eu que sempre perco a hora e as apostas
janeiro é chuva e sol
e minhas visitas intimas são todas de noite
me oferecem seios, bocas, coxas e drinques
no test-drive do sexo
não importa os motivos
os apelidos
só feche a porta da sala ao sair sorrateira
e deixe duas bombas nucleares de baixo da minha cama
as vezes me encanto com os enganos
perco o sono
me pego sonhando acordado olhando pra janela
quase triste de saudade
torcendo pra não esquecer o semblante daquela morena
Carolina
no dia que eu tava com outra menina
e o lsd fervia minhas ideias
num canto escuro do lado do palco
acho que me apaixonei e tomei treze latões de cerveja quando cheguei em casa
a Ana pelada na cama
como uma princesa drogada
boca desbotada
janeiro é chuva e sol Carolina

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Mariana.

solta o cabelo
maquia a chuva
se entristece por Aleppo
me prefere bêbado
e conta as badaladas do sino
tem um ex que chama Renato
e outro que chama Tiago
deixa os copos marcados de batom
e tira meus livros do lugar
admite que já fez sexo pelo telefone
quer saber a quantia exata de carros que roubei
coisas sobre o tempo que passei em coma
e sobre meus amigos do PCC
sem enfeites
põe a teta pra fora do sutiã
boto funk ela muda pra Adoniran
explica posições tântricas
enquanto procuro sua boceta com a boca
debruçada fala de tudo que viveu
dos amores
de quantos caras brocharam
das viagens
dos porres
assim com a boca nua
me mostra toda sua intimidade
como uma criança descalça no quintal
eu bebo agarrado ao verão
como um gato indecente
que se entrega a qualquer tentação

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A Filha do Baltazar.

era pra ser lindo
como uma lua morta dentro de um aquário
sob essas chuvas de verão
que disfarçam o calor dentro da sua calcinha
umas caipirinhas no quarto
sem a química derradeira
pois estou tentando ficar um tempo limpo
só pra terminar meu livro
homens bons não te atraem
vi teus olhos brilharem quando contei que sou um filho da puta
e mordi a beira da tua bunda
desmanchei sua realidade com mais caipirinha
(tenho problemas com álcool, é de família)
você se mostrou depravada demais garota
e eu gostei de te ver cantando as sacanagens
depois
bem depois
percebi teu cheiro bom em minha cama
e me peguei sonhando acordado
quase apaixonado
por você

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Carlos do Pó.

eu sempre espero um milagre neurológico
e nunca sorrio  nas fotos
quase sempre bêbado ultrapasso os limites
xingo meus amigos
faço dívidas em biqueiras
transo com mulheres erradas
e afago cães de rua
essa ânsia de querer a porra toda
sempre mais
entregue a violência de viver sem paz
roleta-russa é fugir de polícia
poesia é uma noite quente
regada a sexo, droga e aguardente
enquanto amores vem e vão
ponteiros sem perdão
é o tempo
do lado de dentro do espelho
maquinando golpes e trapaças
eu torço pra madrugada passar devagar
e te digo com a voz enrolada
que o amanhã ainda nem existe
e você se veste despreocupada com a vida
cores escorregando pelas suas pernas tatuadas
você é um desenho animado pornográfico
e eu tenho um 38 no guarda roupas
por pura vaidade

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Carteira, Camisa e Relógio.

Maria Rita se mistura com a noite
disfarça entre copos de cerveja e fumaça de cigarro
ela é um atentado ao pudor
que viola meus olhos
me falta fé
mas me sobra dinheiro do tráfico de cocaína
peco nas suas coxas mestiças
desgraça
á espreita quando a polícia passa
e só sofre de amor quem ama
Maria Rita não acredita nessas coisas
e perde a postura arreganhada no quarto
o vício corrompe os homens
o sexo também
ela é dessas que chupa o pau do padre e diz amém
relato sobre trepadas, flores e madrugadas
não me importa a política e questões sociais
quantos irmãos decapitados em Manaus
Maria Rita me causa insônia
quando ela passeia sua bunda na minha cara
mil planos de carnaval
pra eu me perder no ácido e na sua carne surreal
mas eu sei que ela não é só uma vadia bem vestida
se o inferno for mesmo aqui
aproveito o horário de verão com Maria sorrindo
rebolando
e flertando com o diabo

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

O Dia Que Meu Cachorro Comeu Cogumelos.

espero sua risada chegar
amassada e com cheiro de terra molhada
e toda vez que o seu celular vibra
eu morro calado de ciúmes
nas noites quentes de verão
reviro as minúcias da tua xota
pra prolongar as madrugadas com cerveja
te conto sobre os assaltos
sobre o coma e as coisas duras da vida
das drogas
dos preservativos furados
dos atabaques nas macumbas
do Exu na encruzilhada
porra garota
você é uma overdose de coca
uma latada numa manhã propícia pra se suicidar
mas eu gosto mesmo é de sexo, grana, funk e cachaça
e mijei na cama por acidente
o fato é que tem vida que só começa depois do expediente
simula a felicidade e enche o cu de tarja-preta
eu tentei te mostrar quando meu dedo tava na tua bunda
e o céu dançava vestido de preto lá fora
tenho alguns b.os pendentes
muitos vícios e problemas de montão
Clint Eastwood é brincadeira de criança
pra quem vive na beira do precipício
briga, chora, trafica e goza