terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Pastel na Feira.

ouvi dizer que ela não mora mais no bairro
que seu cachorro morreu
fiquei sabendo que se apaixonou por ai
que escreveu num muro que eu era corno e viado
que ela agora gosta de mulheres e
de cocaína também
que andou perguntando de mim
soube que ela mudou a cor de seu cabelo
que ainda deixa marcas de beijo com batom nos espelhos
que bateu o carro na Bady
que frequenta os mesmos bares que ia comigo
que as vezes ela chora
que ainda me odeia sem querer
me disseram que ela passou um tempo sem sorrir
e que hoje seu sorriso parece um pedido de socorro
um flerte com o desespero
que ela nunca mais se entregou por inteiro
disfarçando a tristeza que te causei com ácido nas raves de domingo
eu me lembro bem das tuas minúcias
dos seus truques
da sua malícia
ainda transo bêbado com aquela amiga
e torço pra que o carnaval seja eterno


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Tubaína.

janeiro derrete suas curvas
o verão vai adestrando seu lado puta
noites intermináveis e quentes
muito quentes
seus olhos cheios de loucura
e um milhão de fetiches vulgares pra se realizar
cansada de amores eternos
descobre no sexo as delícias que há no inferno
sem pudor tira a roupa
arma sua alma e sai pra rua
intensa e cintilante feito uma viagem de ecstasy
penteia lentamente o cabelo
e codifica seus segredos
vagando solta pelos bares até vir parar aqui
e eu te acho linda no verão
subversiva com o dedo na boca
xingando
bebendo
transando
vivendo a porra da tua vida como quiser

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Alcides Pinguço.

outro dia quando eu tava muito bêbado e tal
contei suas bitucas manchadas de batom no cinzeiro
fiquei feliz porque é quase fevereiro
havia uns fios de seu cabelo espalhados pela cama
e no travesseiro seu cheiro
eu ri quando lembrei que te falei que eu era ateu
você disse com a mão no quadril
- deus da rasteira nos ateus
eu memorizava todas suas curvas
seus pelos
suas imperfeições
movimentos e afins
seus pedaços que não estão á vista
nos seus segredos escondidos numa caixa de tênis no fundo de seu guarda roupas
é que sua boca
me inspira á ideias loucas
quando ardem as madrugadas lá fora
aqui dentro a gente bebe, fode e se diverte
quando eu me acho dentro de seu abraço
no seu paraíso morno
desse eterno verão
quando você me tem na palma de sua mão

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Cachaça Maravilha.

como as estrelas
ela surge sempre de noite
com jeitinho acalma meus piores demônios
e prepara drinques desonestos com o que ela acha no armário
eu sempre bebo calado
esperando ela inventar qualquer moda
assim, toda desinibida
vestindo nada
inventando histórias pra me fazer sorrir
ela me invade
com a cabeça no meu peito
depois do sexo
ela me conta das suas coisas do dia a dia
descreve as madrugadas pra mim
como se eu fosse cego
segura minha mão
ela carrega qualquer coisa triste em seus olhos tingidos de negro
talvez seja esses traumas de mulher
ela tem seus exageros
incluindo seus seios
seus medos
suas pirraças
seus dramas
sempre justificando suas mancadas com sorrisos coloridos
e sexo anal

domingo, 14 de janeiro de 2018

Francisca e o Macumbeiro.

dela eu tenho apenas a impressão de um belo sonho
seus olhos jovens e um pedaço de seu seio
fantasias modernas
sua sensibilidade bruta
surda, cega e muda
como uma fotografia
eu não sinto nada quando
em meu quarto
ocorre verdadeiros espetáculos pornográficos
as vezes penso nela
as vezes sofro
mas bem pouco
é que eles sempre nos dão o caos
antes da calmaria
e quando ela esta do outro lado da cidade
conversando com alguém sobre signos
tragando sua erva
imaginando em coisas aleatórias e sem sentido
sera que ela pensa em mim?
perdido pelos jardins secretos da Boa Vista
em busca de diversão e putaria
na minha cabeça acontecem revoluções diárias minha pequena
não tenho medo do fim
sendo assim
não desisto da tua boca e
nem do teu corpo branco marfim
dourado pelo sol do teu  bairro

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Modesto Lobisomen.

se é pra tirar foto eu travo
se eu tiver muito bêbado eu rio
se a droga for boa eu vendo
das porradas da vida eu esquivo
se  o vestido dela for curto eu tiro
nem penso mais em suicídio
se a brincadeira for na beira do precipício eu me arrisco
os amores eu retribuo
se tiver deus eu duvido
da polícia eu fujo
e compreendo minhas sequelas
ainda prolongo os porres depois do sexo
se tiver dinheiro eu gasto
se tiver de noite eu flerto com a lua
se tiver de dia sou vadio
me perco no sorriso das morenas
se o samba for bonito eu choro de emoção ou de saudade
e quase sempre morro de paixão
mas deixo o coração exposto numa vitrine para doação