terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O Alvorecer do Tio Neno Sangrando pelo Cu e HIV Positivo.

Minha vida ia se desenhando
em traços únicos
como carreiras de cocaína esticadas num capô de um carro estacionado na rua
acendia os olhos na porcelana da pia casa da Mariana
onde o vento tremia meus pelos de carnaval
derretia a pele no inferno de folias
gozava estupidamente na cara da Carla
que morava longe mas fodia bem
procurava labirintos só pra poder me perder
onde eu me enfiava
deus não me enxergava
o coração batia acelerado
ininterrupto
penhorei o pingente de ouro
presente da Bia
num boteco de tentações terrenas
com três morenas num quartinho lá no fundo
perdi Jesus no meio das coxas negras
brincadeiras de infância incorporadas nas minhas orgias
num transe decadente
o castigo vem surdo
cego e mudo
a inocência foi embora muito cedo
os crimes todos ficaram impunes
a vida nunca foi justa pra ninguém
e meus pecados  são todos reincidentes.