sexta-feira, 28 de março de 2014

Coração de Exu.

De repente eu estava com
a mulher da minha vida em meus
braços,
ela me beijava com aquela boca enorme eu olhei no fundo daqueles olhinhos e reconheci o
amor.
Eu não sabia que seria tão
intenso
muito menos que seria amor,
amor tem algo a ver com bocas, coxas, pescoços e
olhos,
ah que olhos a minha amada tem.
Ela apareceu assim do nada,
de
repente numa quarta-feira quando o Corinthians perdia e
eu não esperava ela
buzinando no meu portão,
as
vezes
acho
que ela  fez
mandinga, feitiço ou coisa
assim
porque desde aquela quarta-feira de derrota minha vida mudou,
se transformou,
ela me cativou e cultivou sua horta no
meu peito.
Logo eu que sempre fui malandro como um Exu, fui pego
de surpresa no dia de Xangô
por essa
eu
não esperava...
Como é bom trepar com
amor.

Esta tudo nos teus olhinhos pequenos de criança.

Sempre testo sua paciência,
as vezes finjo que me esqueço,
pra te ouvir falar tudo de novo desde o começo,
e você não se importa com a minha falta de decência.

As vezes te irrito por querer,
peço café de madrugada,
sexo quando cê tá cansada,
e morro de medo se você morrer.

Adoro te ver andando,
o jeito que você me dá banho,
me acostumei com a sua boca sempre me beijando,
viver sem você me causaria uma dor sem tamanho.

Sou louco por todas suas cicatrizes,
você é minha mulher temporal,
te provo suada sua pele de sal,
te mostro uma parte das minhas raízes.

Mordo tua coxa, teu pescoço e tuas desilusões,
faço de você mil versos,
observo e decoro teus gestos,
e me esqueço que temos apenas dois corações.

Teus braços e ombros morenos,
teu batom que mancha minha boca de vermelho,
as marcas que cê deixa em mim e eu só vejo quando olho no espelho,
eu vivo e morro nos teus detalhes pequenos.