segunda-feira, 16 de maio de 2016

Dona Santa.

sua sombra desesperada apalpando guias
sarjetas e lágrimas juvenis
a atração pelas virilhas, vaginas e cu depilados com cera quente
no vitro do banheiro iluminados cogumelos com leite condensado
corrompendo santos em terrenos baldios
oh linda garota que bate punhetas antes de sol se pôr
garota apertada
tão úmida e vulgar
anjos hermafroditas vigiando nossas mães
desvirando chinelos
convulsionando doses de conhaque
- deus é gay mamãe.
disse a criança suja de tinta guache
mulheres histéricas fumando cigarros baratos
anti-depressivos
novelas e tomates maduros
menopausa
flutuam seus pelos pubianos pelas navalhas cegas
com as cabeças nos trilhos do trem
duvidando da lua
maldizendo o cosmos
carícias obscenas no meu quarto
línguas hábeis nos meus bagos
beijo grego
ruas apagadas
respirando a solidão
- é o ácido.
nas orgias carregadas de álcool
nos fios de cabelos esquecidos no lençol
nas pias  abastecidas de psicotrópicos
charmosas prostitutas frenéticas ás 4 da manhã
- preciso de um amor de pele morena.
sonhos fodidos de março a julho
amantes lésbicas
doces trepadas
motéis vagabundos
overdoses de pó
- moças, moças e mais moças.
profecias pornográficas sob a luz vermelha de neon
hipoglicemia
um velho malandro cantarolando sambas antigos numa esquina do meu cérebro adulterado
Ogás nos atabaques
saias de renda, olhos vermelhos e sorrisos agradáveis
agulhas e Exu's
Jeová sentado sozinho no ônibus
- sexo anal sem camisinha, cerveja e maconha.
meus amigos trancados em presídios
"o homem é o lobo do homem "
duas semanas de beijos insanos
vimos o céu desmanchado em amor e glória
tetas lascivas e indecentes esfregadas na minha cara
Maria dengosa e seu irmão mendigo perdido pelas ruas de São Paulo
sou da geração dos menores infratores
cheiradores de cola
sem abraços ou agasalhos
sou a linha da pipa com cerol no seu pescoço
seu pai alcóolatra e agressivo
o câncer na sua próstata
o oposto, o contrário
o cão que come na sua mão
a adolescente reabilitada
a calma ressuscitada em passarinhos na janela
nas suas pernas eu sou o meio
sou o sol na hora do recreio
sangue seco grudado no meu adidas branco
- lembra?

                                        Para alguns amigos privados de liberdade, para as mulheres que ainda vou amar e para as que me odeiam, inclusive minha mãe.

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