segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Aquário.

como uma flor de plástico no canto da sala
ela não se emociona
parece não sentir nada
na cama ela goza desesperada
mas nunca me fala
esconde seu coração no lugar mais fundo do peito
as vezes ela é criança
e se distrai com as coisas que passam dentro de sua cabeça
ela se faz protagonista de seu próprio filme
e eu de cueca sou só um coadjuvante na sua história
bêbada ela me ensina a não esperar nada além de porres e trepadas
menina mística da xana raspada
que quando me olha bagunça minha alma
e nunca me beija quando vai embora

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Miranda's Bar.

quando a noite cai
escurece finalmente dentro de mim
e as sombras fornicam pelas paredes
quando minha sede só se mata com cerveja
e as morenas se preparam pra dormir
ou pra trepar
eu comungo esse doce mistério negro
sob as estrelas
dos segredos contados de baixo da luz dos postes
do tráfico camuflado nas calçadas de paralelepípedos
cem noites em claro
minha insônia vagabunda
procurando algo que não existe
ou que já morreu
meus sonhos subversivos
de coquetéis molotov iluminando o céu
a noite mostra tudo
não esconde nada
pra quem não busca glória
e se mistura com á escória
dos bêbados
dos ladrões
das garotas de programa
dos crimes e pecados que não precisam de história

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Jú.

sua beleza é de novela e pornográfica
me xinga da boca pra fora
brinca comigo
mudo eu absorvo tudo
que você me da
eu não resisto
em teu seio encontro abrigo
e componho poemas no teu corpo nu
sorrindo você me chama
seus caprichos de mulher me convencem
suas manias de menina  me consomem
e fantasio em seus sonhos primaveris
nas marcas que o sol deixa em tua pele
no gosto da tua boceta encharcada
e no jeito que teus olhinhos pretos brilham
nasce qualquer coisa iluminada e quente dentro de mim
toda vez que te vejo
mas se apaga
esfria e morre
toda vez que te vejo indo embora