quinta-feira, 4 de junho de 2020

Caldo de Feijão.

seus olhos cínicos
testemunham a aura dourada 
que rodeia teu corpo abstrato
se movimentando na valsa dos falsos
brilhando o crucifixo de ouro
em seu pescoço
sorrindo e reclamando de tudo
seu amor de surdo e mudo
que gesticula com as mãos
pedindo carona na contra-mão da razão
escandaliza manhãs e retinas
e namora as vitrines
apalpa manequins
na sombra mais escura do quarto
se desmancha inteira
desmonta seu peito de lego
e deseja uma viagem intensa
digna dos sintéticos de antigamente
revira a gaveta de meia
atrás de um diário em branco
só pra me provar 
que a vida precisa ser vivida
antes de ser escrita
depois me chama de querido
esboça um sorriso
fecha a cortina 
e me engole num beijo brutal
me provando
que a beleza da vida de verdade
é não ter sentido