sexta-feira, 24 de novembro de 2017

João Bolão.

prestava atenção nas coisas que não estavam ali
sendo a afta na sua língua
guardei meus sonhos onde ninguém pode encontrar
nem eu
sinto falta das calçadas
da fumaça ardendo em meus olhos castanhos
sendo filho de ninguém
me preparei pra morrer ás vésperas de um dia qualquer
mas falhei quando a corda de seu violão arrentou
como a que enrolei no pescoço
e outro desconhecido morreu
não eu
hoje bebo sendo só mais um
propenso aos amores impossíveis
odeio nada
odeio tudo
a mesma criança em cima do muro
espiando a vizinha
de calcinha
mandei uma carta pra deus
só pra dizer que ele não existe

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