terça-feira, 9 de maio de 2017

Solo Sagrado.

te esqueci no cinzeiro
se apagando lentamente
te esqueci de baixo daquela mangueira
agonizando como uma manga podre
te esqueci em janeiro
em coma por um ano inteiro
te esqueci atrás da porta
suja com o pó das horas
te esqueci semana passada
dentro do copo de cerveja gelada
te esqueci na gaveta de cuecas
do lado do seu brinco perdido
te esqueci olhando o céu pela janela
totalmente ilesa
depois de me fazer tua presa
te esqueci sem pressa
em outros perfumes
outras tetas
te esqueci sem certeza
convencido do teu desprezo
sorrateira
amando á sua maneira
te esqueci sem remorso
lá fora
esquecida nas  vitrines
expostas pras calçadas
nas sobras dos fios dos teus cabelos
te esqueci na bunda grande e redonda da Amanda
esperando a ressaca dos dias seguintes
como um crente esperando Jesus
mesmo sabendo que lá no fundo de sua alma
talvez ele não volte

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