terça-feira, 10 de abril de 2018

Nego, O Cachorro da Minha Irmã.

tenho pavor desses dias normais
sem escândalos, lágrimas, apocalipses
ou suicídios
essas tardes mornas me causam tédio
preciso do veneno adulterado das garrafas de cachaça
das mandingas improvisadas
do desespero do sol
domingos de baile ou de futebol
tão chato esse horário de almoço
de jornal e esporte
sem a vingança de amor ou de morte
sem a alegria das drogas modernas
do transe psicodélico
balançando nas saias das morenas
essas noites monótonas fodem meus sonhos mais bonitos
como a rotina das relações monogâmicas
o mesmo sexo de todos os dias
quero o cheiro cego do perfume das madrugadas
intensas e emocionantes
como uma garota down
sempre prestes a transbordar
em meu peito há muita sombra e pouca luz
não me satisfaço com novelas e metades
desculpe pai
mas seu filho morto ainda esta no quarto
com o coração cheio de fogos de artifício e MD
bem longe do paraíso

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