quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Senhora.

conta suas mentiras acomodada na
cama de casal
troca de roupa com a porta aberta
chora a decepção
que te causei
nossas sobras no espelho
do banheiro
deixadas no canto da pia
nosso prazer seco nos lençóis
bêbado demais pra saber que horas são
enquanto o gelo dissolve
meu amor de pomba-gira
no convite escandaloso que a rua me faz
estampas coloridas
bundas dançantes
surubas lésbicas
dores desacompanhadas
não resta nada das tardes líricas
apenas o cheiro de boceta na cara
esquecidas
as notícias que pingam dos jornais
disputam as mesmas chances
carnes e flores
quase amargas
transvestidas com colírios nos olhos
bronzeamento artificial
não existe o sagrado
pra quem se deita com o profano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário