quarta-feira, 18 de março de 2020

O Binóculo da Laurinha.

dos sambas obscuros
das madrugadas longas demais
das orgias irresponsáveis 
em quartos escuros tingidos de sombra
sim, eu me lembro de tudo
tudo
de cada feição alterada
de cada trepada mal dada
das luzes possuídas dos letreiros
e dos viciados de plantão  nas esquinas
a cidade de ponta cabeça
a loucura esquizofrênica de todo semáforo
das almas perdidas nos bares
e prostitutas banguelas 
dos deliverys de cocaína e sexo
como eu poderia me esquecer
dos assaltos
dos beijos amargos
dos carros roubados
do Renan
e do Cigano
daquela minha ex que nem o diabo pronuncia seu nome
eu me lembro do tempo 
escorrendo pelos ponteiros do relógio
do medo da solidão
de dst
e de cadeia
me lembro de toda brincadeira
na beira do abismo
e do fogo imoral do suicídio
só pra sentir a vida
pois só é vivo quem morre
ou ama
uma vez ou mais

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