sexta-feira, 24 de março de 2017

Pé de Manga.

prestei atenção no seu sorriso xerocado
e lembrei da geração mimeógrafo
ás 2 da manhã
eu podia sentir a madrugada lá fora
seu ventre deslizando em minha boca
toda boceta é quente
toda carne é fraca
você tem uma beleza indecente
qualquer chama criminosa queima em seus olhos
revela sua alma caótica
admirando o apocalipse sem calcinha
anunciando seu orgasmo pro universo
esparramada numa cama de motel
crente que existe um deus no céu
dispensa possíveis paixões
de brincos, colares
enfeites vulgares
meus porres são todos sem motivo
pra te fazer entender que não existe tempo perdido
guardei a fotografia dos teus peitos
precisamos aprender mais sobre o amor...

quinta-feira, 16 de março de 2017

Papagaios.

Bia chega tarde da noite
desajeitada deixa a bolsa jogada no chão
ri do meu bigode
sem constrangimento tira a roupa
devoro seus pedaços como canibal
Bia abraçada com a madrugada
expõe seus pelos pubianos sem pudor
meu coração vagabundo
prestes a te entregar meu mundo
pauso o tempo
quebro teu relógio pra você ficar mais
não esqueço cada passo
cada palavra
cada risada
preparando as horas quentes
cheirando a suor e cerveja
reparo nos traços grossos de tua boca
esse enfeite bonito de beijar
Bia estrupa minha retina
como um baque de morfina
pinta sua loucura em meu céu escuro
desde que desaprendi a voar
gosto de mulheres iguais a você
difíceis de traduzir
problemáticas e singulares

sábado, 4 de março de 2017

Horas Perdidas e Fumo Palha.

no seu beijo sujo de purpurina
no estrago que um pandeiro faz em meu coração
nas substâncias proibidas em nossas línguas
pra desconjurar todos os pelos do teu corpo
barganhei com deus só pra não morrer em fevereiro
na chuva de confetes
te descobri no carnaval
bem na hora que o md transformava meu sangue em larva
eu via as bundas bonitas das pretas fantasiadas de mistério
nas suas pupilas dilatadas
acendendo seu cigarro ao contrário
respeitei o sol beijando seu rosto
e seu sorriso estúpido desajustando minha alma
no calor festejei o fim do mundo
sem desejar o amanhã
te transformei em minha puta pagã
e adormeci
um sono colorido com o cheiro da tua carne

quinta-feira, 2 de março de 2017

Damasco.

a tarde se debruçava todinha pintada de laranja
sobre a minha cabeça entupida de ecstasy
uma dúzia de garrafas de cerveja vazias e amores não correspondidos
despertei em queda livre
e seu sorriso justo de estrela cadente
brotava em meu peito de noite quente
a navalha é cega porque a vida é breve
é fácil falar só de luz sem conhecer as trevas
os muros ainda gritam por teu nome
na palma da tua mão viro teu brinquedo
calado imagino sambas antigos
guardei seus segredos
depois que trepamos no banheiro
quando eu ainda me interessava pelo seu papo astral
suas cartas marcadas
seus blefes certeiros
nossos planos de fevereiro não servem pra eternidade
mas guardei teu cheiro em minha boca
e as cores daquele teu vestido bonito
pra lembrar que só o tempo é infinito
quando a saudade não acaba