Outro dia tava passando de carro em frente
uma loja no centro
da cidade rádio ligado, meu pai guiava
os dois quietos mergulhados cada um em seu
universo infinito e particular,
os dois em silêncio,
só o rádio não calava a maldita boca.
Como eu odeio as estações de rádio daqui.
Quando eu vi ela, tava mais bonita do que na primeira vez
que a vi.
A danada tava gostosa pra caralho, cabelão comprido
e solto
óculos na cara.
- Pai dá a volta e passa por aqui de novo devagar. Eu disse.
- Pra que?
- Uma nega. Respondi.
Toda vez que eu via uma morena daquela eu
agradecia a Deus
por não ter conseguido morrer,
naquela sexta,
por estar vivo apesar das sequelas
e principalmente por não ter me tornado um vegetal impotente de fralda geriátrica.
Deus é bom eu é que não presto.
Eu quis ela pra mim
como uma criança que vê um brinquedo num comercial de tevê e deseja aquele brinquedo
eu era a criança e ela o
brinquedo.
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