segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Eu é que não presto.

Outro dia tava passando de carro em frente
 uma loja no centro
 da cidade rádio ligado, meu pai guiava
 os dois quietos mergulhados cada um em seu
 universo infinito e particular,
os dois em silêncio,
só o rádio não calava a maldita boca.
Como eu odeio as estações de rádio daqui.
Quando eu vi ela, tava mais bonita do que na primeira vez
que a vi.
A danada tava gostosa pra caralho, cabelão comprido
e solto
óculos na cara.
- Pai dá a volta e passa por aqui de novo devagar. Eu disse.
- Pra que?
- Uma nega. Respondi.
Toda vez que eu via uma morena daquela eu
agradecia a Deus
por não ter conseguido morrer,
naquela sexta,
por estar vivo apesar das sequelas
e principalmente por não ter me tornado um vegetal impotente de fralda geriátrica.
Deus é bom eu é que não presto.
Eu quis ela pra mim
como uma criança que vê um brinquedo num comercial de tevê e deseja aquele brinquedo
eu era a criança e ela o
brinquedo.

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